Distrito 9
Poucas vezes vi um início de filme tão impactante. O corte rápido de imagens, a simulação de uma reportagem televisiva, a construção de um programa documentário tomam de salto o espectador que quase acredita naquele mundo paralelo criado por Neill Blomkamp. O argumento é muito interessante, aliens sendo segregados racialmente tal qual os negros no antigo sistema de Apartheid da África do Sul. O formato escolhido, simulando um documentário também foi bastante feliz, pena que não se sustenta o filme inteiro.
Em determinado momento, o roteiro parece ficar sem alternativa e mescla as cenas da câmera flagrante com outras em que seria impossível uma testemunha ocular. Isso quebra o ritmo do filme e o torna confuso. Não por ser difícil de comprender as cenas, mas por ser complicado entender onde o diretor quer chegar com aquilo. Ainda assim, a idéia é válida.
Distrito 9 é construído como uma grande crítica social. Através do exemplo fictício dos Aliens, ele mostra como foram formadas as favelas, o crime organizado, o tráfico de drogas e a marginalização na sociedade mundial. Só por essa idéia já é muito bom. Nos conduzindo a pensar como eles, Neill Blomkamp apresenta um protagonista humano babaca, egoísta e extremamente preconceituoso e o contrasta com o alien sensível, pai zeloso, cientista e ético. Porém, este é uma exceção em uma nuvem de Aliens que mais se assemelham a bichos irracionais, pulando em busca de comida de gato ou brigando para sobreviver diante da invação da MNU.
Por tudo isso, a primeira virada no filme estraga um pouco essa idéia realista e metafórica que o longa quer transmitir. Além de ficar sem sentido, já que não serve para modificar o espírito do protagonista humano. A construção fica vazia, sem nenhum embasamento científico para acontecer e não traz nenhum ensinamento para Wikus. A sinopse fala que seria um vírus, mas que espécie de vírus é esse que modifica um DNA humano e ao mesmo tempo serve como único combustível para uma nave espacial?
A perseguição a Wikus torna-se mais importante que as discussões sobre a situação dos Aliens, esvaziando o argumento inicial e construindo cenas de ação confusas, já que o diretor se perde um pouco. Distrito 9 torna-se um campo de batalha sanguinário, que cria tensão e entretem, mas acaba fazendo a crítica social, ponto forte do filme, cair no vazio, junto com os "camarões" e humanos soldados. Ainda assim, traz um fôlego novo à ficção científica, inovando na construção de alienígenas não-maniqueístas (nem bons, nem maus) e alertando para o preconceito inerente à raça humana.
Em determinado momento, o roteiro parece ficar sem alternativa e mescla as cenas da câmera flagrante com outras em que seria impossível uma testemunha ocular. Isso quebra o ritmo do filme e o torna confuso. Não por ser difícil de comprender as cenas, mas por ser complicado entender onde o diretor quer chegar com aquilo. Ainda assim, a idéia é válida.
Distrito 9 é construído como uma grande crítica social. Através do exemplo fictício dos Aliens, ele mostra como foram formadas as favelas, o crime organizado, o tráfico de drogas e a marginalização na sociedade mundial. Só por essa idéia já é muito bom. Nos conduzindo a pensar como eles, Neill Blomkamp apresenta um protagonista humano babaca, egoísta e extremamente preconceituoso e o contrasta com o alien sensível, pai zeloso, cientista e ético. Porém, este é uma exceção em uma nuvem de Aliens que mais se assemelham a bichos irracionais, pulando em busca de comida de gato ou brigando para sobreviver diante da invação da MNU.
Por tudo isso, a primeira virada no filme estraga um pouco essa idéia realista e metafórica que o longa quer transmitir. Além de ficar sem sentido, já que não serve para modificar o espírito do protagonista humano. A construção fica vazia, sem nenhum embasamento científico para acontecer e não traz nenhum ensinamento para Wikus. A sinopse fala que seria um vírus, mas que espécie de vírus é esse que modifica um DNA humano e ao mesmo tempo serve como único combustível para uma nave espacial?
A perseguição a Wikus torna-se mais importante que as discussões sobre a situação dos Aliens, esvaziando o argumento inicial e construindo cenas de ação confusas, já que o diretor se perde um pouco. Distrito 9 torna-se um campo de batalha sanguinário, que cria tensão e entretem, mas acaba fazendo a crítica social, ponto forte do filme, cair no vazio, junto com os "camarões" e humanos soldados. Ainda assim, traz um fôlego novo à ficção científica, inovando na construção de alienígenas não-maniqueístas (nem bons, nem maus) e alertando para o preconceito inerente à raça humana.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Distrito 9
2009-11-11T08:37:00-03:00
Amanda Aouad
acao|aventura|critica|ficcao cientifica|Oscar 2010|
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