
O filme conta a história de Annie, uma mulher que está prestes a se casar quando ouve um depoimento de um viúvo e seu filho em uma rádio e se apaixona apesar de estar a milhas de distância. Toda a construção do filme é inteligente ao contrastar a fantasia de Annie e Jonah com o pragmatismo de Sam. Annie, uma mulher madura, com a vida resolvida, mas que assiste ao filme romântico, já tendo decorado todas as falas. Jonah, um garoto que quer uma nova mãe que seja uma mulher legal para o seu pai. E Sam, o insone de Seattle, um homem normal que ainda não superou a perda de sua esposa e não encontrou a mulher ideal. A beleza da construção narrativa está nos detalhes, nas pequenas cenas. Podemos definir Sintonia de Amor da mesma forma que Sam define o que sua esposa tinha de especial: "são várias pequenas coisas que juntas me davam a certeza de que deveríamos estar juntos".

As melhores cenas de Sintonia de Amor são justamente os cruzamentos com referências a obra de Leo McCarey. Annie e sua amiga assistindo ao filme chorando e repetindo cada fala, a irmã de Sam contando a história e sofrendo, a constatação de Annie que só conseguiu dizer "olá" a Sam, da mesma forma que Débora Kerr. E, claro, o encontro marcado no topo do Empire State.
É um filme despretensioso e muito gostoso de assistir. Assim como o clássico que o inspirou. Aos fãs de Warren Beatty, é interessante ver a refilmagem também, apesar de eu achar que não tem o mesmo charme do primeiro. Uma coisa comum aos três é a bela música An Affair to Remember (título original do filme de 1959).