

De volta ao filme, é interessante o que uma expectativa causa. Fui ao cinema achando que veria algo aquém da crítica e me diverti. É um filme com uma linguagem bem infantil, com clichês imensos daquelas Sessões da Tarde mais rasteiras da década de oitenta, mas é engraçado ao transportar aquele drama adolescente de aceitação, discriminação e guetos para os cachorros. Desculpe os spoilers das próximas linhas, mas é tão óbvio que nem chega a tirar a graça. Ainda assim, se preferir, pule para o próximo parágrafo. Marmaduke é o cara que vem de fora e quer ser aceito. Se apaixona pela garota do manda-chuva local que, pra variar é um bad boy. Se junta aos excluídos da turma, usa de artimanhas para ser aceito, esquece os amigos, é descoberto e tem que provar que pode ser um herói de verdade.

Surpreendentemente, apesar dos clichês e alguns desfechos absurdos, Marmaduke toca em alguns pontos-chaves dos relacionamentos e sentimentos de amizade. Está bem, eu adoro cachorro e sempre acho divertido vê-los por aí armando das suas, ainda mais com dois beagles simpáticos, apesar de caracterizados como nerds bocós. Isso pode influenciar meu julgamento, mas em uma cena eu me envolvi com a história ao ponto de me emocionar. Pena que logo depois, o roteiro fez questão de me lembrar que estava em um filme sem grandes pretensões emocionais e não em um clássico como Benji.

Marmaduke pode não ser um primor de roteiro, nem ter um foco duplo, preocupando-se em agradar as crianças e os pais, como a maioria das animações atuais. É um filme infantil, sem grandes pretensões. Mas, os pequenos que estavam na minha sessão deram risada e se divertiram. E eu também, confesso.