Príncipe da Pérsia
Adaptar é uma arte ingrata, por um lado cobra-se fidelidade, por outro adequação ao meio. Transformar uma história de um videogame em cinema tem um desafio ainda maior, porque na maioria dos jogos, a história é uma questão secundária. O importante é passar as fases e descobrir todos os detalhes para chegar ao fim da missão. Por isso, vemos longas tão equivocados vindos dessas plataformas como já foi citado aqui. Felizmente, uma luz parece estar surgindo no fim do túnel. O Príncipe da Pérsia, dirigido por Mike Newell e lançado pelos estúdios Disney, pode não ser uma obra-prima do cinema ou da mesma qualidade de Piratas do Caribe, mas é um bom filme de ação que cumpre o seu propósito principal: entreter.
Príncipe da Pérsia é um jogo antigo, sua primeira versão foi lançada em 1989 ainda com aqueles recursos primários de plataforma. O protagonista, cujo nome era simplesmente Prince ou Príncipe, já pulava e procurava desafios diversos. Com a evolução dos jogos, novas versões foram surgindo e em 2003 foi lançado Prince of Persia: The Sands of Time para PlayStation 2, e é nessa versão que o filme se baseia. Nele, Prince, acusado de matar o próprio pai, tem que provar sua inocência e proteger uma adaga mágica, que em mãos erradas pode destruir o mundo, com a ajuda da princesa Farah, a filha do marajá da Índia. Dastan e Tamina foram os nomes utilizados apenas no filme.
O roteiro de Doug Miro e Carlo Bernard é coerente com a ação, apesar de vários furos comuns ao gênero. O principal problema encontra-se no desfecho que consegue ser confuso, clichê e extremamente forçado. Na verdade, todos os acontecimentos são óbvios, não há surpresas. É muito claro o próximo passo a ser dado e a única solução para tudo aquilo. Mesmo assim, o conjunto nos prende e entretem como deve ser um filme de ação. Sempre digo que não podemos esperar mais do que um filme pode oferecer. Logo, o que espera-se de Príncipe da Pérsia está lá.
O filme é repleto de ação, e os movimentos do protagonista Dastan são bem fiéis ao jogo. Lembrando as técnicas do parkour, Dastan salta e anda por telhados, muros e demais cenários do longa evitando armadilhas e atacando seus oponentes. Os efeitos especiais também são muito bem feitos com nuvens de areia, voltas no tempo e mortes cinematográficas. A fotografia é bem composta, com cenários grandiosos e direção de arte cuidadosa. Destaque também para as avestruzes em uma cena surreal de corrida das aves.
As interpretações convencem, apesar de não ter grandes destaques. Com exceção para Alfred Molina como o Sheik Amar que tem uma trabalho de caracterização muito bem feito. O protagonista Jake Gyllenhaal faz um Dastan condizente, apesar de soar frágil em alguns momentos. Gemma Arterton, como a princesa Tamina, parece mais forte e determinada que ele, por vezes. Já Ben Kingsley faz um Nizam caricato demais, mas talvez a construção do personagem não ajude.
No geral, o filme convence, diverte e deve deixar os fãs satisfeitos. Mas, acredito que ainda é possível ir além, compreendendo a essência do mundo criado por um determinado jogo e recriando sua história para o cinema poderemos ter em breve um grande clássico ao estilo das adaptações cinematográficas de histórias em quadrinhos como Homem Aranha e Batman - O Cavaleiro das Trevas.
Quem quiser se divertir com a primeira versão do game, ele está disponível em alguns sites.
Príncipe da Pérsia é um jogo antigo, sua primeira versão foi lançada em 1989 ainda com aqueles recursos primários de plataforma. O protagonista, cujo nome era simplesmente Prince ou Príncipe, já pulava e procurava desafios diversos. Com a evolução dos jogos, novas versões foram surgindo e em 2003 foi lançado Prince of Persia: The Sands of Time para PlayStation 2, e é nessa versão que o filme se baseia. Nele, Prince, acusado de matar o próprio pai, tem que provar sua inocência e proteger uma adaga mágica, que em mãos erradas pode destruir o mundo, com a ajuda da princesa Farah, a filha do marajá da Índia. Dastan e Tamina foram os nomes utilizados apenas no filme.
O roteiro de Doug Miro e Carlo Bernard é coerente com a ação, apesar de vários furos comuns ao gênero. O principal problema encontra-se no desfecho que consegue ser confuso, clichê e extremamente forçado. Na verdade, todos os acontecimentos são óbvios, não há surpresas. É muito claro o próximo passo a ser dado e a única solução para tudo aquilo. Mesmo assim, o conjunto nos prende e entretem como deve ser um filme de ação. Sempre digo que não podemos esperar mais do que um filme pode oferecer. Logo, o que espera-se de Príncipe da Pérsia está lá.
O filme é repleto de ação, e os movimentos do protagonista Dastan são bem fiéis ao jogo. Lembrando as técnicas do parkour, Dastan salta e anda por telhados, muros e demais cenários do longa evitando armadilhas e atacando seus oponentes. Os efeitos especiais também são muito bem feitos com nuvens de areia, voltas no tempo e mortes cinematográficas. A fotografia é bem composta, com cenários grandiosos e direção de arte cuidadosa. Destaque também para as avestruzes em uma cena surreal de corrida das aves.
As interpretações convencem, apesar de não ter grandes destaques. Com exceção para Alfred Molina como o Sheik Amar que tem uma trabalho de caracterização muito bem feito. O protagonista Jake Gyllenhaal faz um Dastan condizente, apesar de soar frágil em alguns momentos. Gemma Arterton, como a princesa Tamina, parece mais forte e determinada que ele, por vezes. Já Ben Kingsley faz um Nizam caricato demais, mas talvez a construção do personagem não ajude.
No geral, o filme convence, diverte e deve deixar os fãs satisfeitos. Mas, acredito que ainda é possível ir além, compreendendo a essência do mundo criado por um determinado jogo e recriando sua história para o cinema poderemos ter em breve um grande clássico ao estilo das adaptações cinematográficas de histórias em quadrinhos como Homem Aranha e Batman - O Cavaleiro das Trevas.
Quem quiser se divertir com a primeira versão do game, ele está disponível em alguns sites.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Príncipe da Pérsia
2010-06-04T14:38:00-03:00
Amanda Aouad
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