Burlesque
Eu sou daquelas pessoas que adora musical. Todos os estilos, tipos, formatos. Acho, por exemplo, que sou a única que gostou de Nine. Da mesma forma, admiro Cher como atriz e cantora. Cresci vendo Minha mãe é uma sereia na Sessão da Tarde. Mas, tudo tem limite. Não digo que Burlesque é o pior filme que vi nos últimos tempos, mas sem dúvidas é o mais bobo. A história é ingênua ao extremo, com personagens mal resolvidos que abusam do clichê. E Christina Aguilera como atriz é uma excelente cantora. Os momentos em que está em cima do palco são ótimos. A voz da moça impressiona, sua presença de palco também e as músicas são ótimas. Interessante ressaltar, no entanto, que a melhor música, na verdade, é cantada por Cher e não por ela. Não por acaso, “You haven’t seen the last of me” levou o Globo de Ouro. Quanto a Burlesque, se fosse um show, seria ótimo, já como filme, deixa a desejar e muito.
Ali, que é diminutivo de Alice, foge de sua cidade natal para Los Angeles com o sonho de ser uma estrela da música. Na chegada ela se depara com a boate Burlesque, administrada por Tess, interpretada por Cher, onde diversas belas bailarinas se apresentam todas as noites. Uma espécie de Moulin Rouge, ou diversas casas de shows que tínhamos nas décadas de 40 e 50. Favor não confundir com show de striptease. Ali não consegue uma chance como bailarina e dá um jeito de virar garçonete local, mas ela não vai desistir de seu sonho.
Pelo resumo acima já dá para perceber a coleção de clichês que tem na história. Uma menina que sai de uma cidade pequena querendo ser artista e vai para Los Angeles. Uma boate que parece ser o local perfeito para esse sonho, mas que lhe é negado a princípio. A menina não desiste e encontra formas de ficar por perto. Na primeira oportunidade ela se apresenta e é a sensação do local, a revelação, a grande estrela. Para completar, o local passa por problemas financeiros. Só não é explicado como uma boate que vive cheia conseguiu ficar com tantas promissórias. Tem a moça que vai rivalizar com a heroína criando intrigas, mas vai acabar perdendo seu lugar para ela. Tem também o rapaz compositor que é barman e não tem coragem de mostrar seu talento. Não precisa dizer que ele vai se aproximar da menina e quem sabe se apaixonar, né? Tem ainda o "vilão", homem de negócios, inescrupuloso que quer comprar a boate a todo custo.
Aliás, apesar de não ser uma casa de striptease, Cher faz a típica cafetina mãezona, cuidando de suas meninas. E Stanley Tucci é, de novo, o amigo gay que está ali para qualquer coisa. Acho que com Meryl Streep ele fazia um par melhor, mas apesar do clichê e repetição de estereótipos, a dupla Cher / Tucci funciona. Eric Dane também repete seu estereótipo cristalizado na série Grey´s Anatomy. O garanhão sedutor e sem escrúpulos. Tudo bem que, na série, ele acaba ficando mais humano, mas o empresário Marcus não chega a ser um monstro, apenas oportunista. Kristen Bell, outra saída dos seriados, é a rival de Aguilera, primeira estrela do grupo que por inveja tenta destruir a nova moça, mas nunca consegue.
Tirando o roteiro do próprio diretor, o filme de Steven Antin não chega a ser um fracasso exatamente por causa dos números musicais. Seja Cher, Aguilera ou as meninas no palco, a música nos envolve. Tudo é bem realizado. As composições são boas, as coreografias, as meninas escolhidas, além do jogo de câmeras e montagem para mostrar o que acontece no palco. A cena em que Cher canta “You haven’t seen the last of me” pode não ter o menor sentido na forma que é conduzida pelo roteiro, mas é lindíssima. Um desabafo bem construído em letra, melodia e interpretação. Falo que não tem sentido no roteiro porque o técnico de som diz: "Tess, quer testar aquela música agora?" Ela diz que tem muita coisa pra fazer, mas depois volta atrás: "vamos acabar logo com isso". E canta uma música falando de seus problemas financeiros? Ela ia ensaiar isso para apresentar onde?
Já Christina Aguilera empolga em suas apresentações, desde que solta a voz pela primeira vez em uma cena de virada. Não há como não dizer que ela nasceu para aquele palco. É totalmente crível. O que torna ainda mais destoante de sua personalidade fora dele. Parecem duas mulheres, até o timbre de voz é diferente. Para quem gosta de musical, Christina Aguilera ou Cher, o filme não chega a ser sofrível, pode ficar até interessante se nos atentarmos para esses detalhes.
Burlesque: (Burlesque / 2010: EUA)
Direção:Steven Antin
Roteiro: Steven Antin, Susannah Grant e Keith Merryman
Com:Christina Aguilera, Cher, Cam Gigandet, Stanley Tucci.
Duração: 119 min
Ali, que é diminutivo de Alice, foge de sua cidade natal para Los Angeles com o sonho de ser uma estrela da música. Na chegada ela se depara com a boate Burlesque, administrada por Tess, interpretada por Cher, onde diversas belas bailarinas se apresentam todas as noites. Uma espécie de Moulin Rouge, ou diversas casas de shows que tínhamos nas décadas de 40 e 50. Favor não confundir com show de striptease. Ali não consegue uma chance como bailarina e dá um jeito de virar garçonete local, mas ela não vai desistir de seu sonho.
Pelo resumo acima já dá para perceber a coleção de clichês que tem na história. Uma menina que sai de uma cidade pequena querendo ser artista e vai para Los Angeles. Uma boate que parece ser o local perfeito para esse sonho, mas que lhe é negado a princípio. A menina não desiste e encontra formas de ficar por perto. Na primeira oportunidade ela se apresenta e é a sensação do local, a revelação, a grande estrela. Para completar, o local passa por problemas financeiros. Só não é explicado como uma boate que vive cheia conseguiu ficar com tantas promissórias. Tem a moça que vai rivalizar com a heroína criando intrigas, mas vai acabar perdendo seu lugar para ela. Tem também o rapaz compositor que é barman e não tem coragem de mostrar seu talento. Não precisa dizer que ele vai se aproximar da menina e quem sabe se apaixonar, né? Tem ainda o "vilão", homem de negócios, inescrupuloso que quer comprar a boate a todo custo.
Aliás, apesar de não ser uma casa de striptease, Cher faz a típica cafetina mãezona, cuidando de suas meninas. E Stanley Tucci é, de novo, o amigo gay que está ali para qualquer coisa. Acho que com Meryl Streep ele fazia um par melhor, mas apesar do clichê e repetição de estereótipos, a dupla Cher / Tucci funciona. Eric Dane também repete seu estereótipo cristalizado na série Grey´s Anatomy. O garanhão sedutor e sem escrúpulos. Tudo bem que, na série, ele acaba ficando mais humano, mas o empresário Marcus não chega a ser um monstro, apenas oportunista. Kristen Bell, outra saída dos seriados, é a rival de Aguilera, primeira estrela do grupo que por inveja tenta destruir a nova moça, mas nunca consegue.
Tirando o roteiro do próprio diretor, o filme de Steven Antin não chega a ser um fracasso exatamente por causa dos números musicais. Seja Cher, Aguilera ou as meninas no palco, a música nos envolve. Tudo é bem realizado. As composições são boas, as coreografias, as meninas escolhidas, além do jogo de câmeras e montagem para mostrar o que acontece no palco. A cena em que Cher canta “You haven’t seen the last of me” pode não ter o menor sentido na forma que é conduzida pelo roteiro, mas é lindíssima. Um desabafo bem construído em letra, melodia e interpretação. Falo que não tem sentido no roteiro porque o técnico de som diz: "Tess, quer testar aquela música agora?" Ela diz que tem muita coisa pra fazer, mas depois volta atrás: "vamos acabar logo com isso". E canta uma música falando de seus problemas financeiros? Ela ia ensaiar isso para apresentar onde?
Já Christina Aguilera empolga em suas apresentações, desde que solta a voz pela primeira vez em uma cena de virada. Não há como não dizer que ela nasceu para aquele palco. É totalmente crível. O que torna ainda mais destoante de sua personalidade fora dele. Parecem duas mulheres, até o timbre de voz é diferente. Para quem gosta de musical, Christina Aguilera ou Cher, o filme não chega a ser sofrível, pode ficar até interessante se nos atentarmos para esses detalhes.
Burlesque: (Burlesque / 2010: EUA)
Direção:Steven Antin
Roteiro: Steven Antin, Susannah Grant e Keith Merryman
Com:Christina Aguilera, Cher, Cam Gigandet, Stanley Tucci.
Duração: 119 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Burlesque
2011-02-12T10:45:00-03:00
Amanda Aouad
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