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Lope
Lope
Co-Produção Brasil / Espanha dirigido pelo brasileiro Andrucha Waddington, Lope é uma surpresa agradável em termos de cine-biografia, contando um pequeno trecho da vida do famoso poeta e dramaturgo espanhol Félix Lope de Vega y Carpio que deixou mais de 1.800 obras, entre peças, textos e poemas. Todo filmado na Espanha e em Marrocos, o filme tem um ar romântico sobre o personagem título, principalmente em relação a sua dedicação às mulheres e sua luta contra a moral vigente. Ainda assim, ou talvez por isso, nos conquiste. Lope é daqueles filmes que é gostoso de acompanhar em seus detalhes, com uma bela reconstituição de época, atores com desenvoltura e um roteiro que encadeia bem a ascenção do dramaturgo em paralelo a sua vida amorosa.
Estamos no século XVI, Lope acaba de voltar da Guerra dos Açores, sua mãe muito doente o deixa orfão e ele não pretende mais lutar pelo país. Quer se dedicar ao sonho de escrever. O dramaturgo acredita que pode modificar o teatro espanhol unindo comédia e tragédia, aproximando as histórias da vida real. Seu dom de sedução através das palavras é o forte demonstrado em tela, mas demora a convencer o empresário teatral, Jeronimo Velázquez. Sua filha, Elena, no entanto, é logo seduzida pelo talento do moço e começa um romance proibido, já que além de ser casada, é usada pelo pai em troca de favores com homens ricos. Em outro extremo, está Isabel, uma jovem de família recatada, amiga de infância de Lope que vira alvo de desejo do Marquês de Navas. O nobre contrata Lope para escrever versos que conquistem a moça, mas ela logo descobre o verdadeiro autor dos mesmos.
A relação do triângulo amoroso Lope, Elena e Isabel é bastante interessante. Em nenhum momento, parece que Lope engane uma das duas. Fugiria com ambas, ou preferiria vê-las felizes com as escolhas que fizessem. É curioso perceber as personalidades opostas das duas damas que acabam se revelando realmente contrárias, já que Elena é o estereótipo da mulher moderna, livre, mas na hora certa se demonstra a mais cativa e presa a convenções. Enquanto a doce Isabel, aparentemente frágil e prisioneira, demonstra coragem e liberdade de expressão no momento chave. Tanto Leonor Watling quanto Pilar López de Ayala estão bem em seus papéis, o mesmo deve ser dito do argentino Alberto Ammann que nos apresenta um Lope repleto de valores românticos e encantadores. Destaque ainda para a participação de Selton Melo como o marquês, com um típico humor que lhe é peculiar, o ator brasileiro só escorrega no sotaque, denunciando sua origem. A participação de Sônia Braga, quase não é percebida no início do filme como a mãe de Lope.
A direção de Andrucha Waddington é bem cuidada, porém clássica, sem muitas novidades que possam chamar a atenção. Seu olhar estrangeiro diante de um autor tão fortemente hispânico acaba sendo influenciado pela lenda, nos deixando a par de qualquer defeito ou fraco do homem Lope. Ainda que seja um curto período de sua vida, o filme retrata um momento chave, a sua formação de personalidade artística e posicionamento diante daquela sociedade. Ficamos convencidos de estar diante de um gênio encantador. O foco na questão dramatúrgica e a revolução que Lope começa a fazer com suas idéias inovadoras também está bem retratada e contextualizada, nos dando uma dimensão do público e companhias de teatro na época.
Lope é daqueles filmes bem feitos, envolventes e gostosos de acompanhar. Sem pretensões de ser uma cine-biografia completa sobre o autor, consegue lhe retirar a essência e passar aos leigos com bastante entusiasmo. Não por acaso fez tanto sucesso na Espanha onde foi indicado a sete Goyas, vencendo dois, Melhor Canção Original (Que el soneto nos tome por sorpresa) e Melhor Figurino.
Lope (Lope: 2010 /Brasil, Espanha)
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Jordi Gasull e Ignacio del Moral
Com: Alberto Ammann, Leonor Watling, Sonia Braga, Selton Mello.
Duração: 106 min
Estamos no século XVI, Lope acaba de voltar da Guerra dos Açores, sua mãe muito doente o deixa orfão e ele não pretende mais lutar pelo país. Quer se dedicar ao sonho de escrever. O dramaturgo acredita que pode modificar o teatro espanhol unindo comédia e tragédia, aproximando as histórias da vida real. Seu dom de sedução através das palavras é o forte demonstrado em tela, mas demora a convencer o empresário teatral, Jeronimo Velázquez. Sua filha, Elena, no entanto, é logo seduzida pelo talento do moço e começa um romance proibido, já que além de ser casada, é usada pelo pai em troca de favores com homens ricos. Em outro extremo, está Isabel, uma jovem de família recatada, amiga de infância de Lope que vira alvo de desejo do Marquês de Navas. O nobre contrata Lope para escrever versos que conquistem a moça, mas ela logo descobre o verdadeiro autor dos mesmos.
A relação do triângulo amoroso Lope, Elena e Isabel é bastante interessante. Em nenhum momento, parece que Lope engane uma das duas. Fugiria com ambas, ou preferiria vê-las felizes com as escolhas que fizessem. É curioso perceber as personalidades opostas das duas damas que acabam se revelando realmente contrárias, já que Elena é o estereótipo da mulher moderna, livre, mas na hora certa se demonstra a mais cativa e presa a convenções. Enquanto a doce Isabel, aparentemente frágil e prisioneira, demonstra coragem e liberdade de expressão no momento chave. Tanto Leonor Watling quanto Pilar López de Ayala estão bem em seus papéis, o mesmo deve ser dito do argentino Alberto Ammann que nos apresenta um Lope repleto de valores românticos e encantadores. Destaque ainda para a participação de Selton Melo como o marquês, com um típico humor que lhe é peculiar, o ator brasileiro só escorrega no sotaque, denunciando sua origem. A participação de Sônia Braga, quase não é percebida no início do filme como a mãe de Lope.
A direção de Andrucha Waddington é bem cuidada, porém clássica, sem muitas novidades que possam chamar a atenção. Seu olhar estrangeiro diante de um autor tão fortemente hispânico acaba sendo influenciado pela lenda, nos deixando a par de qualquer defeito ou fraco do homem Lope. Ainda que seja um curto período de sua vida, o filme retrata um momento chave, a sua formação de personalidade artística e posicionamento diante daquela sociedade. Ficamos convencidos de estar diante de um gênio encantador. O foco na questão dramatúrgica e a revolução que Lope começa a fazer com suas idéias inovadoras também está bem retratada e contextualizada, nos dando uma dimensão do público e companhias de teatro na época.
Lope é daqueles filmes bem feitos, envolventes e gostosos de acompanhar. Sem pretensões de ser uma cine-biografia completa sobre o autor, consegue lhe retirar a essência e passar aos leigos com bastante entusiasmo. Não por acaso fez tanto sucesso na Espanha onde foi indicado a sete Goyas, vencendo dois, Melhor Canção Original (Que el soneto nos tome por sorpresa) e Melhor Figurino.
Lope (Lope: 2010 /Brasil, Espanha)
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Jordi Gasull e Ignacio del Moral
Com: Alberto Ammann, Leonor Watling, Sonia Braga, Selton Mello.
Duração: 106 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Lope
2011-04-02T09:44:00-03:00
Amanda Aouad
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