Uma Manhã Gloriosa
Contando um pouco dos bastidores do telejornalismo norte-americano, Uma Manhã Gloriosa tem dois pontos positivos desde o cartaz para mim, a presença de Diane Keaton, atriz que admiro, e o retorno de Harrison Ford em um papel cômico, coisa que ele sabe fazer muito bem. Essa despretensiosa comédia é um clichê ambulante com personagens repetitivos, mas, às vezes, nada melhor do que um bom clichê bem feito. O filme me fez rir, isso é o que importa nesse caso, mesmo com a obviedade do roteiro e a repetição de papéis já vistos em outras tramas da roteirista Aline Brosh McKenna, como O Diabo Veste Prada. A direção Roger Michell é ágil e condizente com a história, pecando apenas em um certo excesso de clipes musicais nas passagens de cenas.
Tudo começa quando a dedicada workaholic Becky Fuller é demitida de seu programa de notícias e consegue a difícil tarefa de ser produtora executiva do Daybreak, o jornal matinal com pior audiência na televisão. Em uma tentativa de alavancar o prestígio do programa, ela traz o renomado jornalista Mike Pomeroy como novo âncora junto a já estabelecida Colleen Peck. O problema é que o repórter se recusa a falar de matérias que considera menores, criando um clima horrível dentro da redação. Enquanto tenta salvar seu emprego, Becky Fuller lida com dificuldades na vida pessoal, não encontrando espaço para uma recente relação com o belo Adam Bennett.
Rachel McAdams está bem como a atrapalhada produtora que se dedica quase exclusivamente ao trabalho. Sua garra, determinação e ingenuidade em relação à profissão é bastante ressaltada no texto, sendo, por vezes, exagerada. Ainda assim, ela consegue nos cativar. Embarcamos em sua história de superação, sabendo que estamos vendo um típico filme americano, onde tudo deve acabar bem no final. Mas, a graça do filme não está aí e sim na sua relação com os dois âncoras de seu programa matinal. Diane Keaton e Harrison Ford conseguem fazer uma dobradinha inteligente, entre farpas, ironias e má vontade em colaborar um com o outro. A primeira discussão dos dois âncoras no ar é uma das melhores cenas do filme. As mudanças no programa, a forma como eles vão desenvolvendo a disputa e antipatia mútua e as maneiras de Becky em lidar com isso fazem a graça do filme.
Há ainda a eterna construção dos bastidores da televisão, assunto já explorado em diversos filmes, mas que aqui trazem dois elementos extras como a desvalorização do currículo de um jornalista renomado e as peripécias em busca de audiência, com várias apelações para o popularesco. Lembrei de Pedro Bial, homem que já cobriu a queda do muro de Berlim, apresentando o Big Brother. E fiquei imaginando como seria William Bonner fazendo uma receita de ovo no programa da Ana Maria Braga. Mas, o filme explora isso muito bem, principalmente utilizando recursos atuais como o Youtube com uma cena de montanha russa para ajudar na repercussão do programa. Fora que dá para identificar várias situações parecidas que passamos em nosso dia a dia. Como disse, o humor nos conquista nesse filme.
Uma Manhã Gloriosa pode não ser o melhor filme do ano, nem tem pretensões disso. Não traz inovações, originalidade, valores que acrescentem na discussão cinematográfica. Mas, cumpre o que se propõe: diverte. Puro entretenimento com pequenas doses de críticas ao mercado de trabalho. Às vezes, precisamos apenas disso.
Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory: 2010 / EUA)
Direção: Roger Michell
Roteiro: Aline Brosh McKenna
Com: Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Patrick Wilson.
Duração: 102 min
Tudo começa quando a dedicada workaholic Becky Fuller é demitida de seu programa de notícias e consegue a difícil tarefa de ser produtora executiva do Daybreak, o jornal matinal com pior audiência na televisão. Em uma tentativa de alavancar o prestígio do programa, ela traz o renomado jornalista Mike Pomeroy como novo âncora junto a já estabelecida Colleen Peck. O problema é que o repórter se recusa a falar de matérias que considera menores, criando um clima horrível dentro da redação. Enquanto tenta salvar seu emprego, Becky Fuller lida com dificuldades na vida pessoal, não encontrando espaço para uma recente relação com o belo Adam Bennett.
Rachel McAdams está bem como a atrapalhada produtora que se dedica quase exclusivamente ao trabalho. Sua garra, determinação e ingenuidade em relação à profissão é bastante ressaltada no texto, sendo, por vezes, exagerada. Ainda assim, ela consegue nos cativar. Embarcamos em sua história de superação, sabendo que estamos vendo um típico filme americano, onde tudo deve acabar bem no final. Mas, a graça do filme não está aí e sim na sua relação com os dois âncoras de seu programa matinal. Diane Keaton e Harrison Ford conseguem fazer uma dobradinha inteligente, entre farpas, ironias e má vontade em colaborar um com o outro. A primeira discussão dos dois âncoras no ar é uma das melhores cenas do filme. As mudanças no programa, a forma como eles vão desenvolvendo a disputa e antipatia mútua e as maneiras de Becky em lidar com isso fazem a graça do filme.
Há ainda a eterna construção dos bastidores da televisão, assunto já explorado em diversos filmes, mas que aqui trazem dois elementos extras como a desvalorização do currículo de um jornalista renomado e as peripécias em busca de audiência, com várias apelações para o popularesco. Lembrei de Pedro Bial, homem que já cobriu a queda do muro de Berlim, apresentando o Big Brother. E fiquei imaginando como seria William Bonner fazendo uma receita de ovo no programa da Ana Maria Braga. Mas, o filme explora isso muito bem, principalmente utilizando recursos atuais como o Youtube com uma cena de montanha russa para ajudar na repercussão do programa. Fora que dá para identificar várias situações parecidas que passamos em nosso dia a dia. Como disse, o humor nos conquista nesse filme.
Uma Manhã Gloriosa pode não ser o melhor filme do ano, nem tem pretensões disso. Não traz inovações, originalidade, valores que acrescentem na discussão cinematográfica. Mas, cumpre o que se propõe: diverte. Puro entretenimento com pequenas doses de críticas ao mercado de trabalho. Às vezes, precisamos apenas disso.
Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory: 2010 / EUA)
Direção: Roger Michell
Roteiro: Aline Brosh McKenna
Com: Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Patrick Wilson.
Duração: 102 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Uma Manhã Gloriosa
2011-04-03T09:32:00-03:00
Amanda Aouad
comedia|critica|Diane Keaton|Harrison Ford|Rachel McAdams|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Lobisomens (2024), ou Loups-Garous no título original, é uma viagem cativante ao imaginário fantástico francês que está no catálogo da Netf...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Meu Pé Esquerdo é um daqueles filmes que não apenas narram uma história, mas a vivem de forma tão visceral que você sente cada emoção, cad...
-
Em Busca da Terra do Nunca é um daqueles filmes que, ao ser revisitado, ainda consegue evocar um misto de nostalgia e reflexão, caracterís...
-
Assistir a Cidade Baixa (2005) é como se lançar em uma jornada visceral pelo submundo de Salvador, onde os contrastes sociais e as relações...
-
Uma ausência presente. Essa é a situação que a família Paiva tem que enfrentar quando seu patriarca é levado um dia para um depoimento e nã...