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Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
Quatro anos após o término da trilogia, os fãs já tinha perdido as esperanças de ver Jack Sparrow novamente nas telas. Mas, eis que ele surge, com os mesmos trejeitos, personalidade forte e planos mirabolantes. Um adorável trapaceiro. Johnny Depp não decepciona e resgata com a mesma força o personagem que imortalizou. Apenas algo estranho em sua voz, mais embolada. Continua, no entanto, com todos os atributos que encantaram o público e agora acompanhado. Angélica, vivida por Penelope Cruz, constrói uma ótima química com Depp. O problema é que faltou história para justificar a união dos dois e todo o resto.
Apesar da mudança de diretor, a franquia continuou com o roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio, este fato torna ainda mais esquisito a construção do filme ter se modificado tanto. Tirando o casal William Turner e Elizabeth Swann a história ficou centrada em Jack Sparrow, para alegria dos fãs. Mas, isto acaba tirando um pouco do ritmo da saga que sempre misturava histórias paralelas, principalmente nas cenas de ação. Estamos mais colados no protagonista mesmo tendo novos e antigos personagens com suas próprias trajetórias a serem resolvidas. O fato é que o roteiro de Piratas do Caribe 4 se resume a: Jack Sparrow, Angelica, Capitão Barbossa, Barba Negra, um missionário, ingleses e espanhóis, cada um por seu motivo, em busca da lendária Fonte da Juventude. Com duas horas e meia, esse argumento se arrasta em várias artimanhas para gerar pontos de virada, onde poucas cenas se destacam.
Rob Marshall, que substitui o antigo diretor Gore Verbinski, imprime sua marca. O diretor de fotografia é o mesmo e a trilha continua assinada por Hans Zimmer, o que nos faz supor que todas as mudanças no tom da imagem, nas escolhas de alguns enquadramentos e forma mais pomposa de introduzir e utilizar a música partam do diretor de Chicago e Memórias de uma Gueixa. A falta de histórias paralelas tenta ser suprida por Marshall com planos muito mais curtos, gerando uma dinâmica na montagem do filme que lhe dão a aparência de mais rápido. Mas, que não surte o mesmo efeito. Apesar de um bom início, o filme perde o fôlego e se torna cansativo em muitos momentos. Falta aquela sensação que tudo acontecendo ao mesmo tempo. A urgência de que o mundo pode acabar a qualquer momento, mas Jack Sparrow sempre vai tirar um coelho da cartola.
As cenas de ação, principal preocupação dos fãs, não são muitas, nem antológicas como algumas dos primeiros filmes, mas até cumprem um papel de envolver e entreter. O problema é saber onde parar. A cena das sereias, mesmo, causa algum entusiasmo. É bem construída, com bons efeitos especiais e uma organização de cena interessante. Porém, é longa demais. A sensação é de que tudo vai sendo arrastado na intenção de ganhar alguns minutos e preencher o filme que poderia ser resumido em bem menos tempo. Essa falta de dimensão permeia todo o filme, fazendo com que roteiro e direção pareçam não ter chegado a um acordo do que deveria acontecer na tela. Há também um grande hiato entre o terceiro e quarto filme. Deixamos os personagens em alto mar, Barbossa com a tripulação do Pérola Negra descobrindo que foi roubado por Sparrow. E este, em um barquinho com ar de que vai desvendar o mistério daquele lugar. O salto não é estimado, mas é grande, talvez os dez anos da cena pós créditos do terceiro, apesar de não ter relação com o resto da história. O fato é que Barbossa perdeu a perna, o navio e faz parte da guarda inglesa. Enquanto Sparrow tem que salvar Gibbs da forca e enfrentar novos inimigos.
Ainda assim, o início é bem construído. É impagável ver Jack Sparrow fingindo ser um juiz ou fugindo da guarda inglesa pelo teto, sem perder a rosquinha doce que estava de olho. A forma como Penélope Cruz entra em cena também é interessante e, apesar de soar como uma intrusão na história um personagem do passado de que nunca tínhamos ouvido falar, não deixa de funcionar. Reforça um pouco a personalidade de Sparrow e gera cenas engraçadas. Era preciso um ar feminino em um mundo tão masculino como o dos Piratas. Mas, em alto mar a coisa perde o rumo. Quando embarcamos no navio do lendário Barba Negra, que também não tinha sido citado em outros filmes, falta sentido e falta ritmo. É mais do mesmo, nada que construa uma relação ação / comédia característica da série. Nem a presença de um missionário amarrado no mastro ajuda a nos manter interessados pela trama em alto mar.
Na ilha, a busca se torna ainda mais cansativa. Ainda mais com a presença da sereia prisioneira e o interesse, nem tão cristão, do missionário por ela. Penélope Cruz é outra que se torna peso morto, perdendo totalmente a graça inicial da imitação de Sparrow. Vamos acompanhando a caravana rezando para que a fonte apareça logo, pois cada cena parece se arrastar ao clímax. Ainda assim, há um clima de curiosidade e apreço pelo personagem de Johnny Depp que não nos deixa perder o interesse pelo filme. Por mais contraditório que seja. É um blockbuster que se sustenta pelo carisma de seu protagonista. Estamos lá para vê-lo. E mesmo que não esteja tão inspirado, vemos pulando em cachoeira, saltando de coqueiros, subindo literalmente nas paredes, ziguezagueando em carroças e realizando façanhas inimagináveis. Não podemos exigir muito mais dele.O 3D também não tem nada demais, uma certa profundidade e duas espadas quase em nossa frente. Ajuda mesmo é a deixar a fotografia ainda mais escura.
Não podemos exigir perfeição de todos os filmes que assistimos, nem cobrar o que ele não pode nos dar. Piratas do Caribe 4 é um filme desnecessário, é verdade. A história se fechou muito bem no terceiro longametragem. Aliás, já tinha se bastado no primeiro. Toda tentativa de revivê-lo vai sempre soar apenas como a Disney querendo tirar mais uma lasquinha de sua salvadora franquia. É confuso, pouco inspirado e por vezes, entediante. Mas, ainda assim, vai ao encontro dos anseios dos fãs que querem ver sempre Jack Sparrow nas telas. E quem sou eu para lhes negar isso?
P.S. Não esqueçam que tem uma cena pós-créditos, seguindo a tradição da franquia.
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides: 2011 / EUA)
Direção: Rob Marshall
Roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio
Com: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane
Duração: 141 min.
Apesar da mudança de diretor, a franquia continuou com o roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio, este fato torna ainda mais esquisito a construção do filme ter se modificado tanto. Tirando o casal William Turner e Elizabeth Swann a história ficou centrada em Jack Sparrow, para alegria dos fãs. Mas, isto acaba tirando um pouco do ritmo da saga que sempre misturava histórias paralelas, principalmente nas cenas de ação. Estamos mais colados no protagonista mesmo tendo novos e antigos personagens com suas próprias trajetórias a serem resolvidas. O fato é que o roteiro de Piratas do Caribe 4 se resume a: Jack Sparrow, Angelica, Capitão Barbossa, Barba Negra, um missionário, ingleses e espanhóis, cada um por seu motivo, em busca da lendária Fonte da Juventude. Com duas horas e meia, esse argumento se arrasta em várias artimanhas para gerar pontos de virada, onde poucas cenas se destacam.
Rob Marshall, que substitui o antigo diretor Gore Verbinski, imprime sua marca. O diretor de fotografia é o mesmo e a trilha continua assinada por Hans Zimmer, o que nos faz supor que todas as mudanças no tom da imagem, nas escolhas de alguns enquadramentos e forma mais pomposa de introduzir e utilizar a música partam do diretor de Chicago e Memórias de uma Gueixa. A falta de histórias paralelas tenta ser suprida por Marshall com planos muito mais curtos, gerando uma dinâmica na montagem do filme que lhe dão a aparência de mais rápido. Mas, que não surte o mesmo efeito. Apesar de um bom início, o filme perde o fôlego e se torna cansativo em muitos momentos. Falta aquela sensação que tudo acontecendo ao mesmo tempo. A urgência de que o mundo pode acabar a qualquer momento, mas Jack Sparrow sempre vai tirar um coelho da cartola.
As cenas de ação, principal preocupação dos fãs, não são muitas, nem antológicas como algumas dos primeiros filmes, mas até cumprem um papel de envolver e entreter. O problema é saber onde parar. A cena das sereias, mesmo, causa algum entusiasmo. É bem construída, com bons efeitos especiais e uma organização de cena interessante. Porém, é longa demais. A sensação é de que tudo vai sendo arrastado na intenção de ganhar alguns minutos e preencher o filme que poderia ser resumido em bem menos tempo. Essa falta de dimensão permeia todo o filme, fazendo com que roteiro e direção pareçam não ter chegado a um acordo do que deveria acontecer na tela. Há também um grande hiato entre o terceiro e quarto filme. Deixamos os personagens em alto mar, Barbossa com a tripulação do Pérola Negra descobrindo que foi roubado por Sparrow. E este, em um barquinho com ar de que vai desvendar o mistério daquele lugar. O salto não é estimado, mas é grande, talvez os dez anos da cena pós créditos do terceiro, apesar de não ter relação com o resto da história. O fato é que Barbossa perdeu a perna, o navio e faz parte da guarda inglesa. Enquanto Sparrow tem que salvar Gibbs da forca e enfrentar novos inimigos.
Ainda assim, o início é bem construído. É impagável ver Jack Sparrow fingindo ser um juiz ou fugindo da guarda inglesa pelo teto, sem perder a rosquinha doce que estava de olho. A forma como Penélope Cruz entra em cena também é interessante e, apesar de soar como uma intrusão na história um personagem do passado de que nunca tínhamos ouvido falar, não deixa de funcionar. Reforça um pouco a personalidade de Sparrow e gera cenas engraçadas. Era preciso um ar feminino em um mundo tão masculino como o dos Piratas. Mas, em alto mar a coisa perde o rumo. Quando embarcamos no navio do lendário Barba Negra, que também não tinha sido citado em outros filmes, falta sentido e falta ritmo. É mais do mesmo, nada que construa uma relação ação / comédia característica da série. Nem a presença de um missionário amarrado no mastro ajuda a nos manter interessados pela trama em alto mar.
Na ilha, a busca se torna ainda mais cansativa. Ainda mais com a presença da sereia prisioneira e o interesse, nem tão cristão, do missionário por ela. Penélope Cruz é outra que se torna peso morto, perdendo totalmente a graça inicial da imitação de Sparrow. Vamos acompanhando a caravana rezando para que a fonte apareça logo, pois cada cena parece se arrastar ao clímax. Ainda assim, há um clima de curiosidade e apreço pelo personagem de Johnny Depp que não nos deixa perder o interesse pelo filme. Por mais contraditório que seja. É um blockbuster que se sustenta pelo carisma de seu protagonista. Estamos lá para vê-lo. E mesmo que não esteja tão inspirado, vemos pulando em cachoeira, saltando de coqueiros, subindo literalmente nas paredes, ziguezagueando em carroças e realizando façanhas inimagináveis. Não podemos exigir muito mais dele.O 3D também não tem nada demais, uma certa profundidade e duas espadas quase em nossa frente. Ajuda mesmo é a deixar a fotografia ainda mais escura.
Não podemos exigir perfeição de todos os filmes que assistimos, nem cobrar o que ele não pode nos dar. Piratas do Caribe 4 é um filme desnecessário, é verdade. A história se fechou muito bem no terceiro longametragem. Aliás, já tinha se bastado no primeiro. Toda tentativa de revivê-lo vai sempre soar apenas como a Disney querendo tirar mais uma lasquinha de sua salvadora franquia. É confuso, pouco inspirado e por vezes, entediante. Mas, ainda assim, vai ao encontro dos anseios dos fãs que querem ver sempre Jack Sparrow nas telas. E quem sou eu para lhes negar isso?
P.S. Não esqueçam que tem uma cena pós-créditos, seguindo a tradição da franquia.
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides: 2011 / EUA)
Direção: Rob Marshall
Roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio
Com: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane
Duração: 141 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
2011-05-19T18:43:00-03:00
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