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O Homem do Futuro
O Homem do Futuro
Quem nunca quis voltar no tempo e mudar algo que não gostou em sua vida? Com essa premissa Cláudio Torres constrói o seu novo filme O Homem do Futuro, estrelado por Wagner Moura. E o que, a princípio, poderia parecer uma grande confusão se torna uma trama inteligente, divertida e com certa lição de moral. Só precisava afinar melhor o roteiro.
Wagner Moura interpreta João, também conhecido como Zero, um cientista genial atormentado por um momento em sua juventude. Pendurado em uma corda, lambuzado de mel e penas de galinha, João foi humilhado diante de toda a sua faculdade pela mulher que amava. Quando resolve testar seu mais novo invento, um acelerador de partículas, acaba voltando no tempo, mais precisamente no dia exato em que sua vida se transformou para sempre. Agora, ele tem a chance de mudar tudo, porém, mexer com o que aconteceu é sempre uma aventura arriscada.
O roteiro, escrito pelo próprio Cláudio Torres, tem um ponto muito positivo. Ele consegue amarrar a sua história sem contradições temporais. O ciclo se fecha, o que já é muita coisa. Torres também se vale do princípio utilizado em De Volta para o Futuro, em que não importa o que seja alterado no espaço-tempo, a consciência de Zero, assim como a de Marty McFly, segue com ele. Só assim para o personagem poder comparar o que ele foi com o que ele poderia ter sido. A construção de Zero e todas as nuanças e consequências de sua personalidade nas realidades paralelas são bem pensadas e bem desenvolvidas. Tudo é bastante crível a partir do momento em que você compra a idéia de que viajar no tempo é possível.
Nesse ponto, o filme ganha força principalmente pela interpretação de Wagner Moura que consegue nos passar três Zeros completamente diferentes contracenando ao mesmo tempo. No trailer já dá para sentir a diferença de personalidades, no filme essa mudança é ainda melhor percebida com um olhar, pequenos gestos e construções corporais. E a construção é ainda mais sutil se pensarmos que não são três pessoas diferentes, mas sim o mesmo personagem em momentos de vida diferentes, onde a personalidade vai se transformando diante da experiência vivida. E a gente compreende e acredita perfeitamente nisso pela interpretação do ator.
Mas, nem tudo são flores em O Homem do Futuro. Cláudio Torres que aqui começa a se misturar entre roteirista e diretor, acaba pecando em alguns momentos-chaves de sua história. Após uma apresentação de personagem muito bem feita, Torres escorrega no didatismo de flash backs esfumaçados para ilustrar a fala de Zero enquanto trabalha. Quando fala do amor de sua vida que foi perdido, aparece Alinne Moraes sorrindo. Quando fala do momento em que se tornou um perdedor, aparece ele pendurado no teto do estádio voando. E assim por diante. Por sorte esse é um pequeno momento que logo pode ser esquecido. O mesmo não pode ser dito do futuro alternativo que tem um ar falso, incrível, uma realidade em que não acreditamos. Talvez aqui Torres quisesse causar no espectador o mesmo estranhamento que Zero estava sentindo com aquela realidade alternativa, mas ele exagerou um pouco, fazendo com que muitos se distanciassem naquele momento da trama.
Na verdade, o melhor do filme de Cláudio Torres acontece em 1991, as contextualizações distintas de 2011 perdem força diante dos acontecimentos no estádio da faculdade. Ali tudo funciona. O cenário é bem ambientado, os figurantes passam emoção, a música de Renato Russo repetida duas vezes arrepia, os personagens interagem em três tempos de maneira harmônica e a montagem é feliz ao não deixar o espectador se perder diante das possibilidades que vão se desenvolvendo com o decorrer do roteiro. A preparação para o encontro dos três Zeros, por exemplo, é muito bem feita. Há ritmo e entrosamento ali, tudo funciona.
Os efeitos especiais também não deixam a desejar. Tanto a viagem no tempo, quanto o efeito das moléculas para o desaparecimento são convincentes. Isso sem falar da interação dos diversos Wagner Mouras em cena. O trabalho de direção de arte também deve ser elogiado, não apenas pela contextualização do início dos anos 90 em roupas e acessórios, como na criatividade das fantasias dos alunos na festa. E a trilha sonora de Luca Raele e Maurício Tagliari que foge do exagero de canções comuns em filmes nacionais, utilizando-as de uma forma bem contextualizada na festa. Só de começar o filme com Tempo Perdido já arrepia.
O Homem do Futuro deve ser celebrado como mais um avanço do cinema nacional. É divertido, com ótimos momentos e um tema bem desenvolvido que foge do lugar comum. Tem problemas, sim, mas nada que torne a experiência ruim. Uma comédia romântica em bom estilo.
O Homem do Futuro (O Homem do Futuro: 2011 /Brasil)
Direção: Cláudio Torres
Roteiro: Cláudio Torres
Com: Wagner Moura, Alinne Moraes, Fernando Ceylão, Maria Luísa Mendonça, Gabriel Braga Nunes.
Duração: 106 min
Wagner Moura interpreta João, também conhecido como Zero, um cientista genial atormentado por um momento em sua juventude. Pendurado em uma corda, lambuzado de mel e penas de galinha, João foi humilhado diante de toda a sua faculdade pela mulher que amava. Quando resolve testar seu mais novo invento, um acelerador de partículas, acaba voltando no tempo, mais precisamente no dia exato em que sua vida se transformou para sempre. Agora, ele tem a chance de mudar tudo, porém, mexer com o que aconteceu é sempre uma aventura arriscada.
O roteiro, escrito pelo próprio Cláudio Torres, tem um ponto muito positivo. Ele consegue amarrar a sua história sem contradições temporais. O ciclo se fecha, o que já é muita coisa. Torres também se vale do princípio utilizado em De Volta para o Futuro, em que não importa o que seja alterado no espaço-tempo, a consciência de Zero, assim como a de Marty McFly, segue com ele. Só assim para o personagem poder comparar o que ele foi com o que ele poderia ter sido. A construção de Zero e todas as nuanças e consequências de sua personalidade nas realidades paralelas são bem pensadas e bem desenvolvidas. Tudo é bastante crível a partir do momento em que você compra a idéia de que viajar no tempo é possível.
Nesse ponto, o filme ganha força principalmente pela interpretação de Wagner Moura que consegue nos passar três Zeros completamente diferentes contracenando ao mesmo tempo. No trailer já dá para sentir a diferença de personalidades, no filme essa mudança é ainda melhor percebida com um olhar, pequenos gestos e construções corporais. E a construção é ainda mais sutil se pensarmos que não são três pessoas diferentes, mas sim o mesmo personagem em momentos de vida diferentes, onde a personalidade vai se transformando diante da experiência vivida. E a gente compreende e acredita perfeitamente nisso pela interpretação do ator.
Mas, nem tudo são flores em O Homem do Futuro. Cláudio Torres que aqui começa a se misturar entre roteirista e diretor, acaba pecando em alguns momentos-chaves de sua história. Após uma apresentação de personagem muito bem feita, Torres escorrega no didatismo de flash backs esfumaçados para ilustrar a fala de Zero enquanto trabalha. Quando fala do amor de sua vida que foi perdido, aparece Alinne Moraes sorrindo. Quando fala do momento em que se tornou um perdedor, aparece ele pendurado no teto do estádio voando. E assim por diante. Por sorte esse é um pequeno momento que logo pode ser esquecido. O mesmo não pode ser dito do futuro alternativo que tem um ar falso, incrível, uma realidade em que não acreditamos. Talvez aqui Torres quisesse causar no espectador o mesmo estranhamento que Zero estava sentindo com aquela realidade alternativa, mas ele exagerou um pouco, fazendo com que muitos se distanciassem naquele momento da trama.
Na verdade, o melhor do filme de Cláudio Torres acontece em 1991, as contextualizações distintas de 2011 perdem força diante dos acontecimentos no estádio da faculdade. Ali tudo funciona. O cenário é bem ambientado, os figurantes passam emoção, a música de Renato Russo repetida duas vezes arrepia, os personagens interagem em três tempos de maneira harmônica e a montagem é feliz ao não deixar o espectador se perder diante das possibilidades que vão se desenvolvendo com o decorrer do roteiro. A preparação para o encontro dos três Zeros, por exemplo, é muito bem feita. Há ritmo e entrosamento ali, tudo funciona.
Os efeitos especiais também não deixam a desejar. Tanto a viagem no tempo, quanto o efeito das moléculas para o desaparecimento são convincentes. Isso sem falar da interação dos diversos Wagner Mouras em cena. O trabalho de direção de arte também deve ser elogiado, não apenas pela contextualização do início dos anos 90 em roupas e acessórios, como na criatividade das fantasias dos alunos na festa. E a trilha sonora de Luca Raele e Maurício Tagliari que foge do exagero de canções comuns em filmes nacionais, utilizando-as de uma forma bem contextualizada na festa. Só de começar o filme com Tempo Perdido já arrepia.
O Homem do Futuro deve ser celebrado como mais um avanço do cinema nacional. É divertido, com ótimos momentos e um tema bem desenvolvido que foge do lugar comum. Tem problemas, sim, mas nada que torne a experiência ruim. Uma comédia romântica em bom estilo.
O Homem do Futuro (O Homem do Futuro: 2011 /Brasil)
Direção: Cláudio Torres
Roteiro: Cláudio Torres
Com: Wagner Moura, Alinne Moraes, Fernando Ceylão, Maria Luísa Mendonça, Gabriel Braga Nunes.
Duração: 106 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Homem do Futuro
2011-09-01T08:35:00-03:00
Amanda Aouad
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