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O Exótico Hotel Marigold
O Exótico Hotel Marigold
"Tudo vai dar certo no final. Então, se não estiver tudo certo, é porque ainda não é o final". Acreditando piamente nesse ditado, o jovem Sonny Kapoor, vivido por Dev Patel (Quem quer ser um milionário), toca o seu "Exótico" Hotel Marigold, especialmente para hóspedes ingleses, na Índia. O problema é que o local está quase sucateado e quando os sete primeiros hóspedes desembarcam ali, tudo começa a mudar.
O roteiro de Ol Parker, baseado no livro "These Foolish Things", de Deborah Moggach, começa de uma maneira bastante inteligente, apresentando cada um dos sete integrantes dessa viagem de redescoberta interior. Sete pessoas idosas em momentos críticos da vida, resolvem por motivos diversos embarcar para a Índia. Recomeço, reencontro, novos horizontes, tudo parece possível naquele anúncio de hotel. E é interessante ver que a quebra da expectativa com ausência de serviços básicos como torneira, telefone e até uma porta em um dos quartos se transforma em oportunidades de reinventar a si mesmos e o próprio local.
De forma direta e inteligente, vamos conhecendo a situação de cada um. A personagem de Judi Dench, por exemplo, nos é apresentada de maneira profunda em uma conversa de telemarketing, conversa essa que vai reverberar no futuro de uma forma surpreendente. O roteiro está repleto dessas pistas e recompensas. Temos, então, essa senhora recém viúva, herdeira de uma dívida do esposo, uma dona de casa mal-humorada que precisa fazer uma cirurgia no quadril, um homem em busca de seu passado, um casal que emprestou suas economias à filha e precisa lidar com a nova situação, um homem e uma mulher solteiros em busca de um novo relacionamento, ela em busca de um homem rico, ele procurando uma boa companhia.
Sete pessoas diferentes são unidas de uma forma quase esdrúxula, mas que funciona perfeitamente. Inclusive visualmente. John Madden constrói uma excelente cena no aeroporto, com eles se aglomerando aos poucos nas cadeiras e a câmera se afastando para enquadrar suas situações inusitadas. A chegada à Índia é outro bom momento, com todos divididos entre os famosos Tuk Tuks pelo trânsito caótico do país. Um bom ritmo em uma estrutura divertida e envolvente, já que já estamos familiarizados com aqueles simpáticos personagens.
A grande jornada na Índia será, então, de adaptação. Adaptação de uma nova vida, de uma nova situação, a um país estranho com línguas e pessoas igualmente diversas. Claro que ser em um país que já foi colônia inglesa facilita a questão da comunicação, mas nem todos falam inglês por ali. Adaptação até para o jovem Sonny que já estava habituado a não ter ninguém e tem que começar a se movimentar com a presença de hóspedes. Até a placa do hotel ganha uma brincadeira "agora com hóspedes", e o rapaz tem seus próprios fantasmas e dificuldades a superar com uma mãe possessiva e comparação com irmãos.
O filme ganha ainda um tom reflexivo a partir do blog da personagem Evelyn Greenslade, de Judi Dench. Ela constrói uma espécie de diário de viagem falando das dificuldades, adaptações e aprendizados que conseguiu naqueles quase dois meses de convivência. É gostoso acompanhar todo o processo e ver o crescimento de todos, principalmente com um elenco tão recheado de bons atores. Só de ver Judi Dench, Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy em uma mesma cena já é um deleite. Juntos, os sete atores veteranos constroem emoções e momentos ímpares.
O Exótico Hotel Marigold é uma aventura de vida. Experiência e juventude unidos em uma reflexão sobre caminhos, escolhas, novas descobertas, que mudanças não tem idade, nem momento. Tudo é sempre possível, basta sonhar e ir em busca de seus desejos. Afinal, tudo só acaba, quando está bem.
O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, 2012 / EUA)
Direção: John Madden
Roteiro: Ol Parker
Com: Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Maggie Smith, Celia Imrie, Ronald Pickup e Dev Patel
Duração: 124 min.
O roteiro de Ol Parker, baseado no livro "These Foolish Things", de Deborah Moggach, começa de uma maneira bastante inteligente, apresentando cada um dos sete integrantes dessa viagem de redescoberta interior. Sete pessoas idosas em momentos críticos da vida, resolvem por motivos diversos embarcar para a Índia. Recomeço, reencontro, novos horizontes, tudo parece possível naquele anúncio de hotel. E é interessante ver que a quebra da expectativa com ausência de serviços básicos como torneira, telefone e até uma porta em um dos quartos se transforma em oportunidades de reinventar a si mesmos e o próprio local.
De forma direta e inteligente, vamos conhecendo a situação de cada um. A personagem de Judi Dench, por exemplo, nos é apresentada de maneira profunda em uma conversa de telemarketing, conversa essa que vai reverberar no futuro de uma forma surpreendente. O roteiro está repleto dessas pistas e recompensas. Temos, então, essa senhora recém viúva, herdeira de uma dívida do esposo, uma dona de casa mal-humorada que precisa fazer uma cirurgia no quadril, um homem em busca de seu passado, um casal que emprestou suas economias à filha e precisa lidar com a nova situação, um homem e uma mulher solteiros em busca de um novo relacionamento, ela em busca de um homem rico, ele procurando uma boa companhia.
Sete pessoas diferentes são unidas de uma forma quase esdrúxula, mas que funciona perfeitamente. Inclusive visualmente. John Madden constrói uma excelente cena no aeroporto, com eles se aglomerando aos poucos nas cadeiras e a câmera se afastando para enquadrar suas situações inusitadas. A chegada à Índia é outro bom momento, com todos divididos entre os famosos Tuk Tuks pelo trânsito caótico do país. Um bom ritmo em uma estrutura divertida e envolvente, já que já estamos familiarizados com aqueles simpáticos personagens.
A grande jornada na Índia será, então, de adaptação. Adaptação de uma nova vida, de uma nova situação, a um país estranho com línguas e pessoas igualmente diversas. Claro que ser em um país que já foi colônia inglesa facilita a questão da comunicação, mas nem todos falam inglês por ali. Adaptação até para o jovem Sonny que já estava habituado a não ter ninguém e tem que começar a se movimentar com a presença de hóspedes. Até a placa do hotel ganha uma brincadeira "agora com hóspedes", e o rapaz tem seus próprios fantasmas e dificuldades a superar com uma mãe possessiva e comparação com irmãos.
O filme ganha ainda um tom reflexivo a partir do blog da personagem Evelyn Greenslade, de Judi Dench. Ela constrói uma espécie de diário de viagem falando das dificuldades, adaptações e aprendizados que conseguiu naqueles quase dois meses de convivência. É gostoso acompanhar todo o processo e ver o crescimento de todos, principalmente com um elenco tão recheado de bons atores. Só de ver Judi Dench, Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy em uma mesma cena já é um deleite. Juntos, os sete atores veteranos constroem emoções e momentos ímpares.
O Exótico Hotel Marigold é uma aventura de vida. Experiência e juventude unidos em uma reflexão sobre caminhos, escolhas, novas descobertas, que mudanças não tem idade, nem momento. Tudo é sempre possível, basta sonhar e ir em busca de seus desejos. Afinal, tudo só acaba, quando está bem.
O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, 2012 / EUA)
Direção: John Madden
Roteiro: Ol Parker
Com: Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Maggie Smith, Celia Imrie, Ronald Pickup e Dev Patel
Duração: 124 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Exótico Hotel Marigold
2012-05-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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