Um Homem de Sorte
Tem filmes que já vamos assistir sabendo o que esperar do diretor, outros o que esperar do roteirista. O escritor Nicholas Sparks conseguiu o feito de nos fazer já saber o que esperar do escritor que inspirou a trama. Um verdadeiro fenômeno com 18 livros lançados, a maioria best seller, tem agora a sua sexta história adaptada para as telas grandes. E o que Um Homem de Sorte tem de Querido John, A Última Música, Uma Carta de Amor, Diário de uma Paixão e Um Amor para Recordar? O mesmo melodrama simples, bastante meloso e romântico com um amor que supera todos os obstáculos e muda as vidas daqueles que estão ao seu redor.
Parece a volta dos antigos folhetins. O sargento da Marinha norte-americana, Logan Thibault, vivido por Zac Efron acredita que sobreviveu à guerra graças a um amuleto. Uma foto de uma mulher que encontrou no meio das trincheiras. Sem ter ideia de quem ela seja, ele retorna aos Estados Unidos para tentar descobrir quem é o seu anjo da guarda e acaba se envolvendo, não apenas com ela, mas com seu filho pequeno e sua avó, que o emprega no canil da família. O problema, claro, é que a moça tem um ex-marido que adora criar confusões, ainda mais por ser policial local e filho de juiz de prestígio que está tentando se candidatar a prefeito.
O plus de Um Homem de Sorte é ter como diretor Scott Hicks, de Shine, que segue a cartilha do romance "água com açucar", mas com uma preocupação em compor os detalhes. A câmera não tem pressa, preocupada com a fotografia e com a composição das cenas. Temos momentos envolventes e bastante sensuais quando ela "lava" uma panela observando ele cuidar dos cães. Há sutileza na construção do romance, apesar do óbvio clichê crescente: desconfiança, implicância, admiração, paixão. Mesmo a figura caricata do ex-marido é apresentada da forma mais leve possível, ainda que esteve sempre ali a espreita do casal. Na direção, ponto negativo apenas na reconstituição da Guerra do Iraque no prólogo do filme. Tudo soa falso, como uma grande encenação.
Já o roteiro de Will Fetters pode ter sofrido com as limitações do próprio livro de Nicholas Sparks, não sei, já que não li, nem me instigou a ler o original. Mas, ainda assim é frágil. A começar pelo argumento de procurar uma pessoa numa foto andando pelos Estados Unidos e encontrar tão facilmente. Depois pelo plot da complicação da relação ao não contar a verdade. É tolo, frágil, poderia ser mais simples. Juntando com todos os clichês do ex-marido folgado, da avó simpática, do menino tímido que cria um vínculo com o novato e a própria construção de "príncipe encantado" do rapaz, fica fácil entender o fascínio no público que adora um bom melodrama. Ficaria uma fórmula interessante se não fosse um escorregão no final, que torna tudo exagerado demais, como se não fosse possível encontrar uma solução para determinado impasse.
Este deslize se torna um problema e uma frustração até para os parâmetros de Nicholas Sparks, que sempre busca uma moral, uma redenção e uma reviravolta nas vidas de seus personagens. Mas, também não tornam o filme uma perda de tempo. Há alguns momentos e uma condução até certo ponto interessante. O próprio Zac Efron, apesar de sua eterna cara de garoto carente sofrido, consegue conduzir bem a personalidade de Logan. Por mais absurda que seja, é possível acreditar em sua história. Até mesmo a inexpressividade do ator é justificada com o estado de letargia que vive o personagem após a guerra. Destaque ainda para Blythe Danner, ótima como a avó de Elie, a moça que ele procura, vivida por Taylor Schilling.
Um Homem de Sorte é, então, nada mais, nada menos que mais uma adaptação de um romance de Nicholas Sparks, com todas as marcas do escritor. Uma história feita para emocionar os corações mais sensíveis que adoram esse tipo de filme. E que com certeza irão se emocionar, principalmente com a apelação final.
Um Homem de Sorte (The Lucky One, 2012 / EUA)
Direção: Scott Hicks
Roteiro: Will Fetters
Com: Zac Efron, Blythe Danner, Taylor Schilling, Adam LeFevre e Jay R. Ferguson
Duração: 101 min.
Parece a volta dos antigos folhetins. O sargento da Marinha norte-americana, Logan Thibault, vivido por Zac Efron acredita que sobreviveu à guerra graças a um amuleto. Uma foto de uma mulher que encontrou no meio das trincheiras. Sem ter ideia de quem ela seja, ele retorna aos Estados Unidos para tentar descobrir quem é o seu anjo da guarda e acaba se envolvendo, não apenas com ela, mas com seu filho pequeno e sua avó, que o emprega no canil da família. O problema, claro, é que a moça tem um ex-marido que adora criar confusões, ainda mais por ser policial local e filho de juiz de prestígio que está tentando se candidatar a prefeito.
O plus de Um Homem de Sorte é ter como diretor Scott Hicks, de Shine, que segue a cartilha do romance "água com açucar", mas com uma preocupação em compor os detalhes. A câmera não tem pressa, preocupada com a fotografia e com a composição das cenas. Temos momentos envolventes e bastante sensuais quando ela "lava" uma panela observando ele cuidar dos cães. Há sutileza na construção do romance, apesar do óbvio clichê crescente: desconfiança, implicância, admiração, paixão. Mesmo a figura caricata do ex-marido é apresentada da forma mais leve possível, ainda que esteve sempre ali a espreita do casal. Na direção, ponto negativo apenas na reconstituição da Guerra do Iraque no prólogo do filme. Tudo soa falso, como uma grande encenação.
Já o roteiro de Will Fetters pode ter sofrido com as limitações do próprio livro de Nicholas Sparks, não sei, já que não li, nem me instigou a ler o original. Mas, ainda assim é frágil. A começar pelo argumento de procurar uma pessoa numa foto andando pelos Estados Unidos e encontrar tão facilmente. Depois pelo plot da complicação da relação ao não contar a verdade. É tolo, frágil, poderia ser mais simples. Juntando com todos os clichês do ex-marido folgado, da avó simpática, do menino tímido que cria um vínculo com o novato e a própria construção de "príncipe encantado" do rapaz, fica fácil entender o fascínio no público que adora um bom melodrama. Ficaria uma fórmula interessante se não fosse um escorregão no final, que torna tudo exagerado demais, como se não fosse possível encontrar uma solução para determinado impasse.
Este deslize se torna um problema e uma frustração até para os parâmetros de Nicholas Sparks, que sempre busca uma moral, uma redenção e uma reviravolta nas vidas de seus personagens. Mas, também não tornam o filme uma perda de tempo. Há alguns momentos e uma condução até certo ponto interessante. O próprio Zac Efron, apesar de sua eterna cara de garoto carente sofrido, consegue conduzir bem a personalidade de Logan. Por mais absurda que seja, é possível acreditar em sua história. Até mesmo a inexpressividade do ator é justificada com o estado de letargia que vive o personagem após a guerra. Destaque ainda para Blythe Danner, ótima como a avó de Elie, a moça que ele procura, vivida por Taylor Schilling.
Um Homem de Sorte é, então, nada mais, nada menos que mais uma adaptação de um romance de Nicholas Sparks, com todas as marcas do escritor. Uma história feita para emocionar os corações mais sensíveis que adoram esse tipo de filme. E que com certeza irão se emocionar, principalmente com a apelação final.
Um Homem de Sorte (The Lucky One, 2012 / EUA)
Direção: Scott Hicks
Roteiro: Will Fetters
Com: Zac Efron, Blythe Danner, Taylor Schilling, Adam LeFevre e Jay R. Ferguson
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Homem de Sorte
2012-05-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|livro|romance|Scott Hicks|Taylor Schilling|Zac Efron|
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