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A Riviera Não É Aqui

A Riviera Não É AquiImagine que você é publicitário, more em Salvador, sonhe ir para o Rio de Janeiro e seja transferido para o meio da Floresta Amazônica. Acho que, em uma espécie de comparação chula mais próxima da minha realidade, foi assim que se sentiu o personagem Philippe, vivido pelo ator Kad Merad, ao ser transferido para o norte da França, região mitificada pelos sulistas como o pior local para se viver, cheia de Ch'tis, abreviação do termo Ch'timis usado para identificar essa população.

A Riviera Não É Aqui bateu todos os recordes na França em 2008 por se tratar de algo bastante específico da região e por brincar, quebrando os preconceitos, com os valores locais. Para olhos estrangeiros fica mesmo estranho tamanho sucesso, mas ainda assim, é um filme bem estruturado e gostoso de acompanhar, principalmente quando há a segunda virada no roteiro e Philippe percebe que os Ch'tis não são tão Ch'tis assim.

A Riviera Não É AquiO diretor Dany Boon, que também vive o carteiro Antoine explora bem as próprias referências, construindo em nossa mente a imagem de paraíso que seria a Riviera e o inferno astral que é se mudar para o norte do país. A cena na estrada onde Philippe é parado por um policial por estar dirigindo em baixa velocidade é um bom exemplo. Assim como os comentários dos amigos a cada visita dele de volta à casa.

O próprio argumento do filme é uma prova dessa diferenciação. Afinal, o sonho de Philippe e sua esposa Julie era que ele fosse transferido para Riviera. Era uma vontade tão grande que quando percebe que não vai conseguir, ele se finge de paraplégico para pegar uma vaga especial. A farsa é descoberta e como castigo ele é enviado para o norte. Ou seja, ir para lá é pior do que ser demitido.

A Riviera Não É AquiA adaptação inicial de Philippe no norte cansa um pouco, principalmente para nós que não somos franceses e não entendemos bem muitas referências e piadas. Mas, à medida em que assume o seu cargo como novo gerente da agência de Correios e começa a interagir com seus funcionários tudo fica mais palatável. Há um humor sutil, uma certa inocência até, como na piada da bebida enquanto entrega correspondências, ou na forma como todos tentam enganar a esposa de Philippe que vai visitá-lo.

A Riviera Não É AquiÉ interessante também a forma como os preconceitos são sendo derrubados aos poucos e até mesmo ridicularizados. A forma como os estereótipos são exagerados, o sotaque é forçado e as situações pitorescas representadas como o tocar do sino da igreja. Há ousadia na forma como Dany Boon constrói os cenários nos envolvendo naquela realidade sempre com um tom de humor, como se não levasse nada daquilo a sério. Coisa que realmente não é para se levar.

Até por essas sutilezas, imagina-se que, para o povo francês, que vivencia e compreende melhor esses preconceitos e estereótipos, A Riviera Não É Aqui seja uma aventura ainda mais divertida e memorável. Mas, para nós, resto do mundo não deixa de ser interessante e divertido.


A Riviera Não É Aqui (Bienvenue chez les Ch'tis, 2008 / França)
Direção: Dany Boon
Roteiro: Alexandre Charlot e Dany Boon
Com: Kad Merad, Dany Boon e Zoé Félix
Duração: 106 min

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