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A Origem dos Guardiões

A Origem dos GuardiõesNa época das trevas, o medo dominava as pessoas. O mundo parecia assustador e não havia espaço para sonhar. Foi quando o homem da lua criou os guardiões, seres mágicos que ajudariam as crianças a superar o medo e embarcar em um mundo de fantasias e magia. Eram eles o Papai Noel, o Coelho da Páscoa, a Fada dos Dentes e Sandman. Mas, o Breu, também conhecido como Bicho-papão não desiste nunca, séculos depois ele tem um plano perfeito para dominar o mundo e os quatro guardiões vão precisar de uma ajuda extra.

Baseado nos livros de William Joyce, a DreamWorks lança essa encantadora animação. Afinal, quem nunca sonhou ou se divertiu com uma dessas lendas encantadas? Faz parte da infância essa inocência mágica de acreditar no impossível, em acreditar que além do visível existem seres que nos observam, nos presenteiam e nos protegem. Alguns podem considerar isso uma deturpação, os mais religiosos até, em sacrilégio, já que Deus nos bastaria. Mas, a imaginação faz parte da infância. E ainda bem que temos tanta criatividade para as histórias mais fantásticas.

A Origem dos GuardiõesUm dos grandes acertos do roteiro foi colocar como protagonista, não um dos quatro guardiões, ou mesmo uma criancinha que ainda acredita, mas o jovem Jack Frost. O espírito da neve, o brincalhão inverno. Ele é o novato escolhido pelo homem da lua para ser o novo guardião, mas sua jornada não será fácil. Ele é um personagem ainda em construção, que precisa se compreender, que sofre pelas crianças não o verem e que só gosta de brincar por aí. E nisso, a história ganha mais e mais camadas interessantes.

A ideia básica da magia vs medo ganha outra dimensão. Nos identificamos com a sina de Jack em sua busca pelo auto-descobrimento. Quem não quer encontrar o seu lugar no mundo? Vencer o Breu ou fazer as crianças continuarem a acreditar em Coelhinho da Páscoa, Fada dos Dentes, Sandman ou Papai Noel se torna apenas mais uma aventura. E claro que as crianças entram como elementos a mais. O garotinho Jamie e sua turma acabam sendo peças fundamentais na história, afinal, elas precisam acreditar. E nós, também.

A Origem dos GuardiõesE quer forma mais fantástica de acreditarmos, senão vendo? Essa também é a magia do cinema. De nos transportar para mundos incríveis e nos fazerem reviver a nossa própria infância, nossos sonhos. Para isso, A Origem dos Guardiões possui uma construção visual e sonora incrível. A animação é muito bem feita, o 3D ajuda a fluir os efeitos, as batalhas no ar enchem os olhos. O embate entre luz e sombras encanta. E o som, traz um quê especial, principalmente quando o Breu está em cena, sua voz passeia pelos cinco canais do cinema, nos dando uma imersão a mais em seu envolvimento de medo.

A Origem dos GuardiõesO ritmo da aventura também não fica aquém. Estamos sempre com a sensação de reconstrução. Não há as famosas barrigas, ou excesso de cenas engraçadinhas para espichar a história. Há momentos belos, de tensão, de emoção, de tristeza. Tudo se fechando de uma forma muito fluida. O roteiro foi mesmo muito bem pensado para tudo aquilo, dosando informação e ação. A cena da balhata entre Breu e Sandman, por exemplo, é um show à parte. Além de toda a beleza dos efeitos de areia e sombras com as imagens dos pôneis e cavalos duelando. Todo desenho da luta, o ritmo dos ataques e a resolução impressionam.

A DreamWorks conseguiu. Em um ano em que a Pixar não agradou a todos com o belo filme Valente. E a safra de animações em geral foi aquém do esperado. A Origem dos Guardiões se torna um forte candidato a animação do ano. É bem feito, bonito de se ver, com um roteiro redondo, bem pensado e que nos leva, de fato, em uma viagem mágica de reencontro da nossa criança interior. Seja de que idade tenhamos. E a história não acaba quando começa os créditos. Enquanto prestigiamos os nomes dos realizadores, ainda tem cenas importantes para mostrar o quão protetores os guardiões podem ser. Uma agradável surpresa diante de um trailer tão morno.


A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians, 2012 / EUA)
Direção: Peter Ramsey
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Duração: 97 min.

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