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O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
Continuando a trilogia criada por J.R.R. Tolkien, Peter Jackson nos trouxe no ano seguinte o desenvolvimento da jornada iniciada em A Sociedade do Anel. Após a missão dada e a primeira etapa vencida, três vertentes foram abertas e vamos acompanhando os bravos sobreviventes da Terra Média conseguir mais aliados e inimigos em busca do objetivo de vencer Sauron.
O filme já começa com a luta de Gandalf e o Balrog, revemos a primeira etapa da batalha vista nas minas de Moria e depois ambos caindo em um vão sem fundo rumo ao centro da terra. Tudo parece ser apenas um pesadelo de Frodo que logo acorda assustado, mas nos dá a sensação de continuação do mago que parecia perdido no filme anterior. É interessante ver, no entanto, as pistas dadas, como quando Galadriel diz apenas que Gandalf caiu, e não, morreu. Ou mesmo a forma como ele cai lutando nessa primeira parte do filme.
De qualquer forma, estamos com Frodo e Sam em sua jornada insana em busca do caminho de Mordor. É quando conhecemos um dos personagens mais marcantes da trilogia, a criaturinha Sméagol, ou simplesmente, Gollum. Nisso, é importante ressaltar o avanço que a tecnologia de computação gráfica e modelagem em 3D teve em dez anos. O que, na época, era um impressionante efeito realista, hoje nos dá uma sensação de imersão menor. Nem por isso, deixa de chamar a atenção, principalmente pela interpretação de Andy Serkis.
As Duas Torres é também o filme com maiores problemas de adaptação. Temos muitas sequências didáticas para ambientar o público em relação a tudo que está acontecendo, como a cena em que Saruman conversa com Sauron explicando a potência de Isengard e Mordor, as duas torres do título. Ou a conversa de Elron e Galadriel falando sobre o fim do tempo dos elfos naquelas terras. Ou mesmo toda a sequência da escolha de Arwen entre a vida de imortal com seu povo, ou mortal ao lado de Aragorn. Problemas visíveis de narrativa, onde é preciso deixar na boca dos personagens informações de um narrador onisciente.
Por outro lado, ele consegue ótimas passagens explicativas sem ser didáticas, como quando Aragorn lê as pistas deixadas por Merry e Pippin, enquanto temos pequenos flashs do que aconteceu na noite anterior. Da mesma forma como vemos Gollum "conversar" com Sméagol em uma batalha interna do personagem em suas duas personalidades que não entram em um acordo em relação as atitudes a serem tomadas em relação ao bem desejado, o anel, e os obstáculos, Sam e Frodo.
Outros problemas pontuais encontram-se no exagero de alguns efeitos, como o "exorcismo" do rei Théoden, ou a insistência em colocar o anão Gimli como alívio cômico. O personagem poderia ser muito mais explorado em sua coragem e força, como na cena em que ele e Aragorn detém um exército de orcs em frente ao portão principal no Abismo de Helm. Quase não o vemos lutando, mas na cena em que ele fica preso embaixo de alguns, há um grande destaque, ou mesmo as piadas infames como "me coloque no cavalo que eu sou um cavaleiro".
Outra questão que chama a atenção é a mudança na trama de Faramir, que leva Frodo para longe de seu caminho, seduzido pelo anel, que no livro nunca o seduziu. A escolha dos roteiristas aqui acaba se justificando pela falta de um clímax para a trama de Sam e Frodo, que com o deslocamento da parte da toca da Laracna para o terceiro filme (que acontece no segundo livro), ficaria quase desaparecida nesse segundo capítulo. Ver Frodo sendo desviado de sua missão e até mesmo ter um segundo embate com o rei dos Nazgûl acaba sendo narrativamente produtivo.
Mas, o auge de As Duas Torres é mesmo a batalha no Abismo de Helm, mesmo que com presença de elfos que não deveriam estar ali. A dinâmica construída desde a preparação é muito bem realizada. A tensão, a desesperança no olhar dos cidadãos, a maioria não sendo guerreiros, tendo até crianças e velhos entre eles. Uma luta desesperada pela vida. A cadência da esperança e desespero são bem dosadas. A desolação inicial, a chegada dos elfos, a primeira batalha, a iminente derrota, a chegada de Gandalf com os cavaleiros, a vitória. Tudo muito bem orquestrado.
O segundo capítulo de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, acaba sendo a obra menos redonda, o que não significa que resulte em um filme ruim. Tem bons e maus momentos, mas mantem a tensão iniciada em A Sociedade do Anel e deixa a expectativa alta para o desfecho em O Retorno do Rei. Uma jornada longa, cruel, com momentos de desesperança, mas que traz sempre uma luz no fim do túnel.
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, 2002 / EUA)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh e Philippa Boyens
Com: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Sean Astin, John Rhys-Davies, Sean Bean, Cate Blanchett, Ian Holm, Andy Serkis, Viggo Mortensen, Liv Tyler, Christopher Lee e Hugo Weaving
Duração: 179 min.
O filme já começa com a luta de Gandalf e o Balrog, revemos a primeira etapa da batalha vista nas minas de Moria e depois ambos caindo em um vão sem fundo rumo ao centro da terra. Tudo parece ser apenas um pesadelo de Frodo que logo acorda assustado, mas nos dá a sensação de continuação do mago que parecia perdido no filme anterior. É interessante ver, no entanto, as pistas dadas, como quando Galadriel diz apenas que Gandalf caiu, e não, morreu. Ou mesmo a forma como ele cai lutando nessa primeira parte do filme.
De qualquer forma, estamos com Frodo e Sam em sua jornada insana em busca do caminho de Mordor. É quando conhecemos um dos personagens mais marcantes da trilogia, a criaturinha Sméagol, ou simplesmente, Gollum. Nisso, é importante ressaltar o avanço que a tecnologia de computação gráfica e modelagem em 3D teve em dez anos. O que, na época, era um impressionante efeito realista, hoje nos dá uma sensação de imersão menor. Nem por isso, deixa de chamar a atenção, principalmente pela interpretação de Andy Serkis.
As Duas Torres é também o filme com maiores problemas de adaptação. Temos muitas sequências didáticas para ambientar o público em relação a tudo que está acontecendo, como a cena em que Saruman conversa com Sauron explicando a potência de Isengard e Mordor, as duas torres do título. Ou a conversa de Elron e Galadriel falando sobre o fim do tempo dos elfos naquelas terras. Ou mesmo toda a sequência da escolha de Arwen entre a vida de imortal com seu povo, ou mortal ao lado de Aragorn. Problemas visíveis de narrativa, onde é preciso deixar na boca dos personagens informações de um narrador onisciente.
Por outro lado, ele consegue ótimas passagens explicativas sem ser didáticas, como quando Aragorn lê as pistas deixadas por Merry e Pippin, enquanto temos pequenos flashs do que aconteceu na noite anterior. Da mesma forma como vemos Gollum "conversar" com Sméagol em uma batalha interna do personagem em suas duas personalidades que não entram em um acordo em relação as atitudes a serem tomadas em relação ao bem desejado, o anel, e os obstáculos, Sam e Frodo.
Outros problemas pontuais encontram-se no exagero de alguns efeitos, como o "exorcismo" do rei Théoden, ou a insistência em colocar o anão Gimli como alívio cômico. O personagem poderia ser muito mais explorado em sua coragem e força, como na cena em que ele e Aragorn detém um exército de orcs em frente ao portão principal no Abismo de Helm. Quase não o vemos lutando, mas na cena em que ele fica preso embaixo de alguns, há um grande destaque, ou mesmo as piadas infames como "me coloque no cavalo que eu sou um cavaleiro".
Outra questão que chama a atenção é a mudança na trama de Faramir, que leva Frodo para longe de seu caminho, seduzido pelo anel, que no livro nunca o seduziu. A escolha dos roteiristas aqui acaba se justificando pela falta de um clímax para a trama de Sam e Frodo, que com o deslocamento da parte da toca da Laracna para o terceiro filme (que acontece no segundo livro), ficaria quase desaparecida nesse segundo capítulo. Ver Frodo sendo desviado de sua missão e até mesmo ter um segundo embate com o rei dos Nazgûl acaba sendo narrativamente produtivo.
Mas, o auge de As Duas Torres é mesmo a batalha no Abismo de Helm, mesmo que com presença de elfos que não deveriam estar ali. A dinâmica construída desde a preparação é muito bem realizada. A tensão, a desesperança no olhar dos cidadãos, a maioria não sendo guerreiros, tendo até crianças e velhos entre eles. Uma luta desesperada pela vida. A cadência da esperança e desespero são bem dosadas. A desolação inicial, a chegada dos elfos, a primeira batalha, a iminente derrota, a chegada de Gandalf com os cavaleiros, a vitória. Tudo muito bem orquestrado.
O segundo capítulo de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, acaba sendo a obra menos redonda, o que não significa que resulte em um filme ruim. Tem bons e maus momentos, mas mantem a tensão iniciada em A Sociedade do Anel e deixa a expectativa alta para o desfecho em O Retorno do Rei. Uma jornada longa, cruel, com momentos de desesperança, mas que traz sempre uma luz no fim do túnel.
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, 2002 / EUA)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh e Philippa Boyens
Com: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Sean Astin, John Rhys-Davies, Sean Bean, Cate Blanchett, Ian Holm, Andy Serkis, Viggo Mortensen, Liv Tyler, Christopher Lee e Hugo Weaving
Duração: 179 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
2012-12-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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