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Todo Mundo Quase Morto
Todo Mundo Quase Morto
Ao se falar em zumbi, você pode pensar em obras como The Walking Dead, Resident Evil ou A Noite dos Mortos Vivos. Mas, o temeroso apocalipse zumbi já rendeu boas comédias também como essa inteligente obra inglesa cheia de humor irônico que só os ingleses sabem fazer. Pena que o terceiro ato não sustente tão bem essa premissa.
Todo Mundo Quase Morto parte do mesmo princípio da maioria dos filmes de zumbis, algum vírus não muito bem explicado começa a tornar a população mundial em mortos-vivos que se tornam uma ameaça para as pessoas sãs que podem virar comida dos monstros ou serem infectadas por eles. Como essa premissa pode, então, ser uma comédia? Tudo depende do ponto de vista, claro. A começar pelo título original "Shaun Of The Dead", uma paródia a "Dawn Of The Dead", ou Zombie - O Despertar dos Mortos, um filme de terror de 1978 bastante conhecido.
Na trama, o protagonista Shaun, vivido por Simon Pegg, é um homem comum, que trabalha em uma loja de departamentos, divide uma casa com outros dois amigos e tem uma bela namorada, interpretada por Kate Ashfield. Os problemas começam com ela, que não aguenta mais a eterna companhia de um dos amigos de Shaun, o nerd Ed, vivido por Nick Frost. Viciado em videogame e sem nenhuma ocupação formal, o sem noção acaba atrapalhando a relação do casal. E em meio a essa trama Sessão da Tarde adolescente, explode a epidemia de zumbis, e todos tem que lutar por suas vidas.
Mas, em nenhum momento do filme, Edgar Wright, diretor do aclamado Scott Pilgrim Contra o Mundo, parece levar muito a sério esse tema. Tudo é construído na base da piada, desde a apresentação do filme com as repetições e a população andando como morto-vivo. Há muitas piadas no primeiro ato, como "quando eu te ver de novo, você é um cara morto". E mesmo o ritual de Shaun em acordar quase como um zumbi, fazendo tudo no automático, assim como todos ao seu redor. No mercado da esquina também, o dono é um ser estranho, assim como outras figuras que ele vai vendo no caminho, a começar por seu padrasto.
Divertido também é o primeiro dia do apocalipse zumbi, quando Shaun acorda do mesmo jeito de sempre e não percebe o que está ao seu redor. Aliás, desde a noite anterior, ele já tinha confundido alguns zumbis com bêbados. A cena da televisão, onde ele vai passando os canais e cada programa vai construindo as pistas também é hilário. E claro, a mulher no jardim é um ponto alto do filme.
A partir daí, a trama não se sustenta mais tão bem quanto antes. Quando Shaun e Ed percebem que estão cercados por zumbis, algumas situações clichês e outros absurdos começam a se desenrolar perdendo um pouco do humor inteligente do início do filme. Ainda há alguns bons momentos, como toda a questão do padrasto mordido e da mãe boboca, ou mesmo uma cena divertida em que o grupo de Shaun se encontra com o grupo de uma amiga, formado por personalidades parecidas.
Mas, quando eles entram no pub, a comédia desanda de vez, e se torna em alguns momentos até em um filme de Terror B, perdendo muito da graça inicial. Ainda assim, há uma certa dose de coragem na direção e roteiro, além de uma solução plausível diante dos absurdos já vistos. Todo Mundo Quase Morto é daquelas comédias que se destacam por buscar um humor diferente, em uma sátira divertida para um tema tão em voga já naquela época.
Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004, Inglaterra)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Simon Pegg, Edgar Wright
Com: Simon Pegg, Nick Frost, Bill Nighy e Kate Ashfield
Duração: 99 min.
Todo Mundo Quase Morto parte do mesmo princípio da maioria dos filmes de zumbis, algum vírus não muito bem explicado começa a tornar a população mundial em mortos-vivos que se tornam uma ameaça para as pessoas sãs que podem virar comida dos monstros ou serem infectadas por eles. Como essa premissa pode, então, ser uma comédia? Tudo depende do ponto de vista, claro. A começar pelo título original "Shaun Of The Dead", uma paródia a "Dawn Of The Dead", ou Zombie - O Despertar dos Mortos, um filme de terror de 1978 bastante conhecido.
Na trama, o protagonista Shaun, vivido por Simon Pegg, é um homem comum, que trabalha em uma loja de departamentos, divide uma casa com outros dois amigos e tem uma bela namorada, interpretada por Kate Ashfield. Os problemas começam com ela, que não aguenta mais a eterna companhia de um dos amigos de Shaun, o nerd Ed, vivido por Nick Frost. Viciado em videogame e sem nenhuma ocupação formal, o sem noção acaba atrapalhando a relação do casal. E em meio a essa trama Sessão da Tarde adolescente, explode a epidemia de zumbis, e todos tem que lutar por suas vidas.
Mas, em nenhum momento do filme, Edgar Wright, diretor do aclamado Scott Pilgrim Contra o Mundo, parece levar muito a sério esse tema. Tudo é construído na base da piada, desde a apresentação do filme com as repetições e a população andando como morto-vivo. Há muitas piadas no primeiro ato, como "quando eu te ver de novo, você é um cara morto". E mesmo o ritual de Shaun em acordar quase como um zumbi, fazendo tudo no automático, assim como todos ao seu redor. No mercado da esquina também, o dono é um ser estranho, assim como outras figuras que ele vai vendo no caminho, a começar por seu padrasto.
Divertido também é o primeiro dia do apocalipse zumbi, quando Shaun acorda do mesmo jeito de sempre e não percebe o que está ao seu redor. Aliás, desde a noite anterior, ele já tinha confundido alguns zumbis com bêbados. A cena da televisão, onde ele vai passando os canais e cada programa vai construindo as pistas também é hilário. E claro, a mulher no jardim é um ponto alto do filme.
A partir daí, a trama não se sustenta mais tão bem quanto antes. Quando Shaun e Ed percebem que estão cercados por zumbis, algumas situações clichês e outros absurdos começam a se desenrolar perdendo um pouco do humor inteligente do início do filme. Ainda há alguns bons momentos, como toda a questão do padrasto mordido e da mãe boboca, ou mesmo uma cena divertida em que o grupo de Shaun se encontra com o grupo de uma amiga, formado por personalidades parecidas.
Mas, quando eles entram no pub, a comédia desanda de vez, e se torna em alguns momentos até em um filme de Terror B, perdendo muito da graça inicial. Ainda assim, há uma certa dose de coragem na direção e roteiro, além de uma solução plausível diante dos absurdos já vistos. Todo Mundo Quase Morto é daquelas comédias que se destacam por buscar um humor diferente, em uma sátira divertida para um tema tão em voga já naquela época.
Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004, Inglaterra)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Simon Pegg, Edgar Wright
Com: Simon Pegg, Nick Frost, Bill Nighy e Kate Ashfield
Duração: 99 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Todo Mundo Quase Morto
2013-01-22T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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