
No filme, Christian Bale e Hugh Jackman são dois mágicos iniciantes que disputam truque a truque o título de melhor. O personagem de Bale, Alfred Borden, é mais perspicaz e observador. Enquanto que o de Hugh Jackman, Robert Angier, tem mais presença de palco. Ambos poderiam se complementar e ter uma carreira brilhante, mas um acidente acaba os tornando inimigos mortais. E em vez de se ajudarem, eles gastam seu tempo tentando destruir um ao outro.

Aliás, o título do filme se refere ao terceiro ato do show. Segundo o personagem de Michael Caine nos explica por duas vezes, todo show de mágica é composto por três atos. Tal qual qualquer narrativa dramática, diga-se de passagem. O primeiro ato é a promessa, quando mostramos um objeto comum, algo teoricamente cotidiano. O segundo ato é a virada, quando o comum se torna incomum. E o terceiro ato é O Grande Truque, quando algo espetacular é revelado. Pois não basta sumir com uma coisa, é preciso trazê-la de volta. Aí é que está o espetáculo.

E os dois atores que Nolan tem em mãos ajudam nessa construção ambígua. Tanto Christian Bale, quanto Hugh Jackman conseguem nos envolver e convencer de seus motivos. Suas interpretações são intensas, a raiva é forte, a tensão é grande. E ao mesmo tempo em que os dois personagens nos parecem ter motivos justos para tanto rancor, ambos também são capazes de planos mesquinhos que nos deixam irritados. Não há um vilão e um mocinho. São dois homens igualmente admiráveis e desprezíveis.

O Grande Truque é, então, um grande filme. Uma obra instigante, com momentos de tensão e revelação igualmente envolventes. Daqueles filmes que fica na cabeça ainda um bom tempo, nos fazendo pensar como nos deixamos ser enganados e como adoramos isso. Tal qual um bom número de mágica. Mais uma vez, uma pena que tenha ficado na sombra de O Ilusionista, filme lançando na mesma época com temática parecida.
O Grande Truque (The Prestige, 2006 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Com: Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johansson, Michael Caine e Rebecca Hall
Duração: 130 min.
Reinaldo Glioche · 637 semanas atrás
Bjs
Amanda_Aouad 118p · 637 semanas atrás
bjs
Rodrigo Mendes · 637 semanas atrás
Embora não seja o filme do Nolan que tenho mais predileção, mas é fato que durante os intervalos da trilogia Batman, Nolan, mais uma vez, garante ótimos entretenimentos. Considero A Origem uma proposta ainda mais atraente do que Prestige. " O Ilusionista " também é bom, mas de fato não tem aquele truque de um cineasta como Nolan. É rivalizante quando lançam dois filmes com um mesmo tema.
Bjs.
Amanda_Aouad 118p · 637 semanas atrás
bjs
Rafael Carvalho · 637 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 637 semanas atrás
Pipoca com Manteiga · 637 semanas atrás
[SPOILER] O personagem do Hugh Jackman então, eu realmente não vejo uma decisão sobre o que ocorre com ele. É ele desde a primeira passagem de teletransporte? Ou desde ali já é sempre um clone? É o clone do clone? Sobra sempre uma fagulha do ser, que sempre o impulsiona ao ato criminoso da mágica que ele faz? Ele fica na máquina ou é quem vai para o outro lugar? Acredito que o roteiro mantenha essa questão em aberto. Tenho essa dubiedade comigo, sem o menor problema em mantê-la assim. Acredito que essas questões passam inclusive pela mente do personagem. Já não tem uma vida única, mas vive com um propósito que se repete. É o preço que ele escolhe pelo grande truque, assim como os personagens do Christian Bale.
Amanda_Aouad 118p · 636 semanas atrás
SPOILER
Eu acho que nunca houve o teletransporte de fato, como era com a cartola ou o gato. Tanto que tem aqueles "despachos" toda noite, que o personagem de Christian Bale vê. Agora, quem é que fica, é um mistério que nunca se sabe, a consciência do clone é a mesma? Uma fagulha passa para o outro? Mas, o que mais me encantou e impressionou foi mesmo a revelação do truque dos personagens de Christian Bale, fora que imaginar a vida deles, a questão do "hoje é verdade que você me ama, ontem não". É incrível.
Tiago de Mattos · 637 semanas atrás
Para mim Christopher Nolan ocupa o espaço que Spielberg, rei nos anos 70, 80 e 90, deixou vago.
Amnésia (um show de edição e roteiro), Insônia (que ele consegue salvar de um roteiro capenga), 'The Prestige'' (não gosto do nome "abrasileirado" desse filme), 'Inception' (essas traduções...) e, claro, o 3 batmans (os melhores dele, o que não é pouco). Até agora só não vi o 1º dele, 'following'. mas só li criticas positivas até hoje.
O que mais me impressiona em Nolan é que parece que ele foi evoluindo, o filme seguinte é sempre um pouco melhor que o anterior... Por exemplo, "O cavaleiro da trevas ressurge" foi a maior experiencia cinematográfica que tive... Vamos ver esse 'Interstellar', pois em algum momento tem que dá uma caída, não é possível!!!!
Agora, só você, Amanda, para tirar as palavras da minha mente. O ilusionistas é bacana (.....), mas não é 'Inception'!
Abraços e continue show de bola desse jeito!!!
Amanda_Aouad 118p · 636 semanas atrás
Abraços
André · 549 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 548 semanas atrás
Patricia · 519 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 519 semanas atrás
Pía Ortiz · 501 semanas atrás