![Terapia de Risco Terapia de Risco](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtdoMTdlOFfhdhq9BpMvSzm6CtgmBCKw6UAIpoJRJQ_z5m3x2tzDczD5AfPLTV6guFINWyIYD6cXK7qSa5Dp2ZUnlWMMlLmTxfu_hYI_IyXu4F4pmuqjjPctS2OKA8x3sJYIXuDVrOTxI/s200/terapia-de-risco-02.jpg)
Enquanto muitos reclamaram da construção impessoal de
Contágio, eu defendi. Afinal, o objetivo ali era simular o início de uma epidemia, o espectador não precisava se envolver emocionalmente com algum personagem, mas acompanhar um emaranhado de acontecimentos. Porém,
Soderbergh volta a nos apresentar um
filme frio e dessa vez, era preciso um maior envolvimento para que
Terapia de Risco funcionasse tão bem quanto deveria. Ainda assim, é um
filme, no mínimo, curioso.
A trama gira em torno de Emily Taylor (
Rooney Mara), uma designer bem sucedida que enfrenta um problema pessoal. Seu marido, vivido por
Channing Tatum, está preso e assim que é solto ainda tem dificuldades de se recolocar no mercado. Emily, então, começa a entrar em uma
depressão profunda chegando ao ponto de tentar contra a própria vida. É quanto começa a ser tratada pelo
psiquiatra Dr. Jonathan Banks, vivido por
Jude Law. Sem grandes avanços, Banks vai trocar ideias com a antiga
médica de Emily, a Dra. Victoria Siebert que lhe apresenta uma droga nova que pode fazer milagres. Mas, os efeitos colaterais são mais devastadores do que qualquer um poderia esperar.
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Como sempre,
Steven Soderbergh reúne um grande elenco para uma história cheia de reviravoltas. E os quatro principais estão bem em seus papéis,
Rooney Mara prova que Lisbeth Salander não foi um golpe de sorte, e desenvolve bem o estado emocional de Emily. Assim como,
Jude Law, em mais uma parceria com o diretor, consegue construir todas as nuanças de seu personagem.
Channing Tatum é menos exigido, mas também consegue se sair bem em cenas-chaves, assim como
Catherine Zeta-Jones que dá sempre um ar de mistério à sua personagem.
![Terapia de Risco Terapia de Risco](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrXwsAzJ-j0SrOyj-4r5kI8qPN31YN6PyUPbX9BOL7xR4UocoUwY6s4CwqLSltWr-jTZW9gTOSTHqJudyafoOj7iWpuqLvbDOwn3nT0NwgxsfappVkpeoT5GKDJeLqVHLxHeV7xrMwv2w/s320/terapia-de-risco-01.jpg)
Porém, mesmo com um bom desempenho dos atores e personagens bem desenvolvidos, a trama de
Terapia de Risco não consegue nos envolver como deveria. Acompanhamos tudo como um caso distante, sem maiores consequências, ou seja, não conseguimos nos importar com eles a ponto de torcer e vibrar com as reviravoltas. É tudo muito racional, frio, sem construção de conexões e identificações. A
depressão não parece real, o
medo não parece real, o processo não parece real. Mesmo a primeira reviravolta é quase um susto, sem maiores consequências para o espectador que simplesmente acompanha.
E, claro, um roteiro que tem reviravoltas demais, acaba correndo esse tipo de
risco. Deixa o espectador perdido, e perdido ele não se agarra emocionalmente a nada. De qualquer maneira, não é daqueles
filmes que nos fazem sentir enganados no final. Há surpresas, mas todas elas estavam bem implantadas desde o início, pistas nos ajudariam a desconfiar da verdade, mesmo que inconscientemente. Sempre há uma sensação de que há algo a mais, como uma história mal contada. E no final, com tudo revelado, faz mesmo sentido aquelas sensações.
![Terapia de Risco Terapia de Risco](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnrnPNhGu1NZYCeKrvxlc_MlkLGd2NF9Rf03SCkjsBNqPHOEizLbDQRq9qdeKsMM6A3KzKWNfyqIduVh-IIWKTB99DksAWqDa3L-GbXljJ2vIgSMbHL13Tqtk8fikEJIGleVxaEKoPzvc/s320/terapia-de-risco-poster-cartaz.jpg)
Ainda assim, não podemos dizer que Terapia de Risco seja um filme mal feito. É uma escolha do diretor. Um
filme distante, mas ainda assim que constrói sensações. Há tensão em toda a questão emocional de Emily, o jogo de sucessões e consequências é bem orquestrado. Há cenas fortes, como a da cozinha, que nos dão apenas um susto, é verdade, mas o susto é eficiente. A fotografia com tons sempre frios e a trilha sem grandes variações também ajudam a construir a estética desejada por
Steven Soderbergh. Talvez sejamos latinos demais e por isso, a emoção nos faça tanta falta.
De qualquer maneira,
Terapia de Risco é um
filme curioso. Frio, sem grande envolvimento, mas bem executado. Cada detalhe é construído para indicar as intenções do diretor e as pistas para as diversas reviravoltas que vamos acompanhando. Como observadores passivos, é verdade, mas ainda assim, percebendo a orquestra funcionando.
Terapia de Risco (Side Effects, 2013 / EUA)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Com: Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law e Catherine Zeta-Jones
Duração: 106 min.