Edward e Kim: O amor além das aparências
Continuando nosso resgate de casais marcantes do cinema, trago um bastante especial: Edward e Kim, do filme Edward Mãos de Tesoura. A escolha, confesso, veio da lembrança do amigo Márcio Melo, que o escolheu para o especial do Fala Cinéfilo. Mas, não pude deixar de copiá-lo porque Edward e Kim representa o tipo de casal que estou escolhendo nessa seleção. Aqueles que nos mostram que o amor vale a pena.
Não que milhares de outros casais e romances não sejam verdadeiros. Mas, brigas, neuroses, desconfianças, fim de caso, doenças, entre outros problemas estão sendo evitados aqui. Por exemplo, adoro o casal Clementine e Joel de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, já foram um Especial de Dia dos Namorados aqui. Mas, boa parte de sua história é um fazendo mal ao outro e o plot da trama é um tentando apagar o outro de sua vida (literalmente). Ainda que o "amor vença no final", é depressivo.
Então, justificativas à parte, Edward e Kim me fazem sentir que o amor é maior que tudo. Foi quase uma relação platônica, mas algo tão forte que permaneceu dentro deles por toda a eternidade fazendo a vida valer a pena. A cena final de Kim velhinha dizendo à neta que ainda se sente dançando na neve para Edward, e ele do castelo fazendo suas esculturas no gelo com formas da moça demonstram isso. É sutil e extremamente forte.
Edward é um personagem especial. Um ser que é um Frankenstein, mas de uma pureza imensa. Incapaz de entender a malícia humana e que segue seus instintos de uma maneira bastante ingênua. Desperta o melhor e o pior nas pessoas que o cercam. E apenas Kim o vê como ele realmente é. Não busca se aproveitar, nem o trata como coitado. Muito menos se vira contra ele quando a população o taxa de monstro.
Por ser assim, tão puro e ingênuo, Edward é uma ameaça àquela população que vive de aparências. Um ser que incomoda, até por não ser compreendido. E é exatamente isso que encanta em Kim. Ela que parece ser a única que busca a verdade, por trás daquelas máscaras. Que também vivia naquele ritmo, com sua turma típica de adolescência, mas que ao entrar em contato com Edward, percebe que a vida é mais do que isso, que ela quer mais do que isso.
Os dois, porém, fazem parte de mundos distintos. Ainda que pelo amor um possa ter experimentado a realidade do outro, não era possível para Edward viver em sociedade. E Kim não sobreviveria isolada naquele castelo. Fora que ela envelheceria, enquanto ele continuaria o mesmo. Imaculado pelo tempo e pelas mudanças do mundo. É trágico e é ao mesmo tempo belo.
Kim e Edward acabam exercendo a maior de todas as provas de amor: o desapego. Porque às vezes, é mesmo impossível conviver com o seu amor. Isso pode matá-lo. Mas, libertá-lo e respeitar os limites e diferenças é uma prova ainda maior do que a tentativa irresponsável de forçar uma convivência que pode matar a ambos. E nem por isso, o amor acaba, ou eles se afastam de fato.
Como disse... Longe é um lugar que não existe. Mesmo separados, Kim e Edward estão mais juntos do que nunca, ligados pela simbologia da neve, algo aparentemente frio, mas que traz consigo uma mágica e beleza única. O verdadeiro amor além das aparências.
Não que milhares de outros casais e romances não sejam verdadeiros. Mas, brigas, neuroses, desconfianças, fim de caso, doenças, entre outros problemas estão sendo evitados aqui. Por exemplo, adoro o casal Clementine e Joel de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, já foram um Especial de Dia dos Namorados aqui. Mas, boa parte de sua história é um fazendo mal ao outro e o plot da trama é um tentando apagar o outro de sua vida (literalmente). Ainda que o "amor vença no final", é depressivo.
Então, justificativas à parte, Edward e Kim me fazem sentir que o amor é maior que tudo. Foi quase uma relação platônica, mas algo tão forte que permaneceu dentro deles por toda a eternidade fazendo a vida valer a pena. A cena final de Kim velhinha dizendo à neta que ainda se sente dançando na neve para Edward, e ele do castelo fazendo suas esculturas no gelo com formas da moça demonstram isso. É sutil e extremamente forte.
Edward é um personagem especial. Um ser que é um Frankenstein, mas de uma pureza imensa. Incapaz de entender a malícia humana e que segue seus instintos de uma maneira bastante ingênua. Desperta o melhor e o pior nas pessoas que o cercam. E apenas Kim o vê como ele realmente é. Não busca se aproveitar, nem o trata como coitado. Muito menos se vira contra ele quando a população o taxa de monstro.
Por ser assim, tão puro e ingênuo, Edward é uma ameaça àquela população que vive de aparências. Um ser que incomoda, até por não ser compreendido. E é exatamente isso que encanta em Kim. Ela que parece ser a única que busca a verdade, por trás daquelas máscaras. Que também vivia naquele ritmo, com sua turma típica de adolescência, mas que ao entrar em contato com Edward, percebe que a vida é mais do que isso, que ela quer mais do que isso.
Os dois, porém, fazem parte de mundos distintos. Ainda que pelo amor um possa ter experimentado a realidade do outro, não era possível para Edward viver em sociedade. E Kim não sobreviveria isolada naquele castelo. Fora que ela envelheceria, enquanto ele continuaria o mesmo. Imaculado pelo tempo e pelas mudanças do mundo. É trágico e é ao mesmo tempo belo.
Kim e Edward acabam exercendo a maior de todas as provas de amor: o desapego. Porque às vezes, é mesmo impossível conviver com o seu amor. Isso pode matá-lo. Mas, libertá-lo e respeitar os limites e diferenças é uma prova ainda maior do que a tentativa irresponsável de forçar uma convivência que pode matar a ambos. E nem por isso, o amor acaba, ou eles se afastam de fato.
Como disse... Longe é um lugar que não existe. Mesmo separados, Kim e Edward estão mais juntos do que nunca, ligados pela simbologia da neve, algo aparentemente frio, mas que traz consigo uma mágica e beleza única. O verdadeiro amor além das aparências.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Edward e Kim: O amor além das aparências
2013-06-16T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
Johnny Depp|materias|namorados|romance|Winona Ryder|
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