Wagner Moura: da Bahia para o Mundo
Na próxima sexta-feira estreia Elysium, novo filme de Neill Blomkamp com Matt Damon no papel principal. Mas, para os brasileiros tem um atrativo a mais. É a estreia do ator Wagner Moura em um filme de Hollywood. Ao contrário de Rodrigo Santoro que precisou de anos para conseguir encontrar um papel de destaque, Moura já estreia com algo significativo. Spider é o líder de um núcleo extremamente importante para o desenrolar da trama. E ele participa também dos pontos chaves da mesma, inclusive do seu clímax e sua resolução. Não é qualquer personagem secundário. E ele consegue dar conta do recado, tendo uma interpretação bastante convincente.
A comparação com Rodrigo Santoro é inevitável, já que acompanhamos sua luta há anos, vendo todas as piadas do "entra mudo e sai calado", fora aquele lamentável personagem da série Lost. Mas, é importante ressaltar que isto não se deve a talento. São dois grandes atores que já demonstraram sua capacidade em papéis diversos. Eu, pessoalmente, inclusive, prefiro a versatilidade Santoro. O fato é gerenciamento de carreira mesmo. Rodrigo Santoro foi para os Estados Unidos como um desconhecido, estudar e tentar a sorte. Wagner Moura ficou por aqui, fez um personagem forte, com grande destaque internacional (o Capitão Nascimento) e foi convidado para um filme. Tanto que já engatilhou outra produção, Trash, de Stephen Daldry, diretor de obras como Billy Elliot, As Horas e O Leitor. A diferença é que o filme está sendo feito aqui no Brasil mesmo. O ator ainda tinha sido escalado para viver o cineasta italiano Federico Fellini, porém, o diretor do projeto, Henry Bromell faleceu em março deste ano, deixando tudo em suspenso.
De qualquer maneira, a carreira de Wagner Moura é algo a ser admirado. Eu posso dizer isso até com alguma propriedade, pois acompanhei desde o início, quando ele ainda era um ator amador no grupo de teatro Pasmen, do Colégio Mendel aqui de Salvador, onde estudávamos. Desde lá, foram peças, comerciais, participações em especiais de fim de ano da emissora local, pontas em curtas como Rádio Gogó, até o seu primeiro destaque nacional que foi no filme Deus é Brasileiro como Taoca, o personagem que guia o Deus Antônio Fagundes por sua passagem pela Terra.
Para homenagear o marco, então, vamos aqui aos que considero os seus cinco melhores papéis no cinema.
Deus É Brasileiro (2003)
Taoca - Não é apenas pela escolha sentimental do primeiro papel de destaque. Mas, Taoca tem um ar ingênuo e malandro ao mesmo tempo que realmente chama a atenção. Um homem simples que encontra o próprio Deus face a face e consegue desenvolver com ele uma conversa franca que transforma ambos. É um filme divertido, mas que também traz reflexões.
Saneamento Básico, O Filme (2007)
Joaquim - Gosto muito do humor de Jorge Furtado e Saneamento Básico brinca de uma maneira tão divertida com a arte de fazer cinema ao mesmo tempo em que ironiza o sistema de leis do nosso país que não podia ser esquecido nesta lista. Joaquim é o homem mais sensato em meio a toda essa confusão. Um rapaz bom, como dizem, que faz tudo para agradar sua esposa Marina, até se vestir de monstro do pântano para um filme absurdo. A cena final dele andando pela praça, enquanto a projeção acontece é bastante simbólica. Wagner Moura consegue nos passar todas as nuanças daquele personagem que faz graça, mas não vive do riso.
VIPs (2010)
Marcelo - Aqui, Wagner Moura entra em um limiar delicado, a mente humana. Não é fácil fazer um homem transtornado, ainda mais com múltiplas personalidades. Um rapaz traumatizado e sem escrúpulos que simplesmente aplica golpes para sobreviver. O filme acabou reconstruindo o verdadeiro golpista, dando um toque mais melodramático com a questão não resolvida do pai. Ainda assim, é um filme instigante, com uma bela interpretação do ator.
O Homem do Futuro (2011)
Zero - Com O Homem do Futuro, Wagner Moura contracenou consigo mesmo em três estágios diferentes. O protagonista Zero viaja no tempo e acaba se desdobrando em diversos "eus" passados, futuros e paralelos que exigem do ator uma interpretação ainda mais versátil. E o resultado é bastante satisfatório. Wagner Moura consegue nos convencer de cada um dos personagens dentro do principal, criando uma empatia e nos fazendo torcer por sua trajetória.
Tropa de Elite (2007)
Capitão Nascimento - Mas, claro, que nenhum personagem será tão marcante em sua vida quanto o Capitão Nascimento. Personagem que nem seria o protagonista original da trama, mas que por sua interpretação e pela força que traduzia acabou ganhando o destaque dentro da sala de montagem. Boa parte do sucesso do filme se deve à interpretação de Wagner Moura e das camadas que este personagem possui. Não é herói, nem vilão, mas se torna ambos a depender da visão de quem o julga. Um filme que foi taxado de fascista por alguns e ganhou prêmios significativos como o Urso de Ouro em Berlim. E elevou o nome de Wagner Moura ao estrelato.
A comparação com Rodrigo Santoro é inevitável, já que acompanhamos sua luta há anos, vendo todas as piadas do "entra mudo e sai calado", fora aquele lamentável personagem da série Lost. Mas, é importante ressaltar que isto não se deve a talento. São dois grandes atores que já demonstraram sua capacidade em papéis diversos. Eu, pessoalmente, inclusive, prefiro a versatilidade Santoro. O fato é gerenciamento de carreira mesmo. Rodrigo Santoro foi para os Estados Unidos como um desconhecido, estudar e tentar a sorte. Wagner Moura ficou por aqui, fez um personagem forte, com grande destaque internacional (o Capitão Nascimento) e foi convidado para um filme. Tanto que já engatilhou outra produção, Trash, de Stephen Daldry, diretor de obras como Billy Elliot, As Horas e O Leitor. A diferença é que o filme está sendo feito aqui no Brasil mesmo. O ator ainda tinha sido escalado para viver o cineasta italiano Federico Fellini, porém, o diretor do projeto, Henry Bromell faleceu em março deste ano, deixando tudo em suspenso.
De qualquer maneira, a carreira de Wagner Moura é algo a ser admirado. Eu posso dizer isso até com alguma propriedade, pois acompanhei desde o início, quando ele ainda era um ator amador no grupo de teatro Pasmen, do Colégio Mendel aqui de Salvador, onde estudávamos. Desde lá, foram peças, comerciais, participações em especiais de fim de ano da emissora local, pontas em curtas como Rádio Gogó, até o seu primeiro destaque nacional que foi no filme Deus é Brasileiro como Taoca, o personagem que guia o Deus Antônio Fagundes por sua passagem pela Terra.
Para homenagear o marco, então, vamos aqui aos que considero os seus cinco melhores papéis no cinema.
Deus É Brasileiro (2003)
Taoca - Não é apenas pela escolha sentimental do primeiro papel de destaque. Mas, Taoca tem um ar ingênuo e malandro ao mesmo tempo que realmente chama a atenção. Um homem simples que encontra o próprio Deus face a face e consegue desenvolver com ele uma conversa franca que transforma ambos. É um filme divertido, mas que também traz reflexões.
Saneamento Básico, O Filme (2007)
Joaquim - Gosto muito do humor de Jorge Furtado e Saneamento Básico brinca de uma maneira tão divertida com a arte de fazer cinema ao mesmo tempo em que ironiza o sistema de leis do nosso país que não podia ser esquecido nesta lista. Joaquim é o homem mais sensato em meio a toda essa confusão. Um rapaz bom, como dizem, que faz tudo para agradar sua esposa Marina, até se vestir de monstro do pântano para um filme absurdo. A cena final dele andando pela praça, enquanto a projeção acontece é bastante simbólica. Wagner Moura consegue nos passar todas as nuanças daquele personagem que faz graça, mas não vive do riso.
VIPs (2010)
Marcelo - Aqui, Wagner Moura entra em um limiar delicado, a mente humana. Não é fácil fazer um homem transtornado, ainda mais com múltiplas personalidades. Um rapaz traumatizado e sem escrúpulos que simplesmente aplica golpes para sobreviver. O filme acabou reconstruindo o verdadeiro golpista, dando um toque mais melodramático com a questão não resolvida do pai. Ainda assim, é um filme instigante, com uma bela interpretação do ator.
O Homem do Futuro (2011)
Zero - Com O Homem do Futuro, Wagner Moura contracenou consigo mesmo em três estágios diferentes. O protagonista Zero viaja no tempo e acaba se desdobrando em diversos "eus" passados, futuros e paralelos que exigem do ator uma interpretação ainda mais versátil. E o resultado é bastante satisfatório. Wagner Moura consegue nos convencer de cada um dos personagens dentro do principal, criando uma empatia e nos fazendo torcer por sua trajetória.
Tropa de Elite (2007)
Capitão Nascimento - Mas, claro, que nenhum personagem será tão marcante em sua vida quanto o Capitão Nascimento. Personagem que nem seria o protagonista original da trama, mas que por sua interpretação e pela força que traduzia acabou ganhando o destaque dentro da sala de montagem. Boa parte do sucesso do filme se deve à interpretação de Wagner Moura e das camadas que este personagem possui. Não é herói, nem vilão, mas se torna ambos a depender da visão de quem o julga. Um filme que foi taxado de fascista por alguns e ganhou prêmios significativos como o Urso de Ouro em Berlim. E elevou o nome de Wagner Moura ao estrelato.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Wagner Moura: da Bahia para o Mundo
2013-09-17T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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