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Sobrenatural: Capítulo 2
Sobrenatural: Capítulo 2
Quando Sobrenatural chegou aos cinemas em 2011 parecia uma promessa não cumprida. A primeira parte do filme era ótima, mas em determinado momento tudo começava a desmoronar. Antes de fazer a continuação que era esperada pela forma como terminou, o diretor James Wan, no entanto, nos presenteou com um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos: Invocação do Mal. A expectativa era de que o bom nível continuasse aqui e, felizmente, continuou.
Sobrenatural: Capítulo 2 acerta naquilo que o primeiro falhou: a explicação de o que está por trás dos fenômenos. E ao fazer isso, até salva parte da mitologia criada no primeiro filme. Depois do choque e até decepção com algumas explicações feitas no filme de 2011, estamos mais ambientados com aquele universo. Querendo ou não, começamos a comprar a ideia de que é possível espíritos roubarem corpos de vivos, deixando sua alma presa do outro lado.
Para entender melhor a origem do drama da família Lambert, o filme nos dá um prólogo quando Josh ainda era um garotinho. Assim como seu filho Dalton, ele podia passear pelo mundo dos mortos enquanto dormia. E foi aí que ele fez a ligação com um determinado ser que vai persegui-lo até conseguir tomar o seu corpo no final do primeiro filme. Agora, esse espírito de uma velha vestida de noiva negra, vai ter que lidar com as consequências de estar em um local a que não pertence.
Sem notar que Josh não é mais Josh, Renai e os dois filhos começam a perceber que a casa continua mantendo fenômenos estranhos. A avó, Lorraine, também começa a se preocupar. E todos estão mais vulneráveis devido a morte da médium especialista no assunto Elise Rainier. Temos que nos contentar com o seu antigo assistente, Carl que retorna para dar alguma luz àquilo. E aos dois atrapalhados Specs e Tucker que continuam sendo um dos pontos mais negativos da trama, em uma tentativa tola de criar um alívio cômico que só irrita.
De qualquer maneira, em nenhum momento, Sobrenatural 2 nos traz a imersão diegética do medo que a primeira parte do primeiro filme nos dava, ou que Invocação do Mal mantém durante toda a projeção. Há alguns bons momentos, como a "brincadeira" de quente e frio da jovem Elise com o garotinho Josh no prólogo, mas estes são poucos. A maior parte do tempo é uma repetição de estratégias que não chegam a impressionar.
O que nos mantém presos à trama neste caso é mesmo a curiosidade. Há uma curiosidade crescente em relação à ligação da família Lambert com o sobrenatural. E há, principalmente, uma curiosidade em relação ao passado da velha e das coisas macabras que vão sendo descobertas, inclusive o porquê dela manter uma espécie de legião de espíritos atrás dela. Nos prende, principalmente porque dentro do universo criado, tudo começa a fazer muito sentido.
O que Sobrenatural: Capítulo 2 nos permite é criar um vínculo maior com todos aqueles fenômenos, deixando-os mais próximos da realidade, até mesmo das crenças espirituais de algumas doutrinas, como a espírita. James Wan e o roteirista Leigh Whannell brincam com alguns conceitos, inclusive com a relatividade de tempo e espaço, elevando alguns níveis de discussão. Tem até uma espécie de vínculo terapêutico. Claro que tudo construído com uma certa licença poética e com níveis simbólicos extremados.
No final, temos um bom filme de suspense, que não apenas distrai como ajuda a digerir melhor a primeira parte da trama. Neste ponto, lembra um pouco a franquia Atividade Paranormal, onde o segundo filme dialogou tão bem com o primeiro que o tornou melhor. Em Sobrenatural acontece a mesma coisa, mas eu torço para que ele se encerre por aqui. Essa propulsão de franquias começa, de fato, a cansar. Vide a notícia de que a boneca Annabelle de Invocação do Mal já vai gerar um novo filme.
Sobrenatural: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2, 2013 / EUA)
Direção: James Wan
Roteiro: Leigh Whannell
Com: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Lin Shaye, Steve Coulter
Duração: 106 min.
Sobrenatural: Capítulo 2 acerta naquilo que o primeiro falhou: a explicação de o que está por trás dos fenômenos. E ao fazer isso, até salva parte da mitologia criada no primeiro filme. Depois do choque e até decepção com algumas explicações feitas no filme de 2011, estamos mais ambientados com aquele universo. Querendo ou não, começamos a comprar a ideia de que é possível espíritos roubarem corpos de vivos, deixando sua alma presa do outro lado.
Para entender melhor a origem do drama da família Lambert, o filme nos dá um prólogo quando Josh ainda era um garotinho. Assim como seu filho Dalton, ele podia passear pelo mundo dos mortos enquanto dormia. E foi aí que ele fez a ligação com um determinado ser que vai persegui-lo até conseguir tomar o seu corpo no final do primeiro filme. Agora, esse espírito de uma velha vestida de noiva negra, vai ter que lidar com as consequências de estar em um local a que não pertence.
Sem notar que Josh não é mais Josh, Renai e os dois filhos começam a perceber que a casa continua mantendo fenômenos estranhos. A avó, Lorraine, também começa a se preocupar. E todos estão mais vulneráveis devido a morte da médium especialista no assunto Elise Rainier. Temos que nos contentar com o seu antigo assistente, Carl que retorna para dar alguma luz àquilo. E aos dois atrapalhados Specs e Tucker que continuam sendo um dos pontos mais negativos da trama, em uma tentativa tola de criar um alívio cômico que só irrita.
De qualquer maneira, em nenhum momento, Sobrenatural 2 nos traz a imersão diegética do medo que a primeira parte do primeiro filme nos dava, ou que Invocação do Mal mantém durante toda a projeção. Há alguns bons momentos, como a "brincadeira" de quente e frio da jovem Elise com o garotinho Josh no prólogo, mas estes são poucos. A maior parte do tempo é uma repetição de estratégias que não chegam a impressionar.
O que nos mantém presos à trama neste caso é mesmo a curiosidade. Há uma curiosidade crescente em relação à ligação da família Lambert com o sobrenatural. E há, principalmente, uma curiosidade em relação ao passado da velha e das coisas macabras que vão sendo descobertas, inclusive o porquê dela manter uma espécie de legião de espíritos atrás dela. Nos prende, principalmente porque dentro do universo criado, tudo começa a fazer muito sentido.
O que Sobrenatural: Capítulo 2 nos permite é criar um vínculo maior com todos aqueles fenômenos, deixando-os mais próximos da realidade, até mesmo das crenças espirituais de algumas doutrinas, como a espírita. James Wan e o roteirista Leigh Whannell brincam com alguns conceitos, inclusive com a relatividade de tempo e espaço, elevando alguns níveis de discussão. Tem até uma espécie de vínculo terapêutico. Claro que tudo construído com uma certa licença poética e com níveis simbólicos extremados.
No final, temos um bom filme de suspense, que não apenas distrai como ajuda a digerir melhor a primeira parte da trama. Neste ponto, lembra um pouco a franquia Atividade Paranormal, onde o segundo filme dialogou tão bem com o primeiro que o tornou melhor. Em Sobrenatural acontece a mesma coisa, mas eu torço para que ele se encerre por aqui. Essa propulsão de franquias começa, de fato, a cansar. Vide a notícia de que a boneca Annabelle de Invocação do Mal já vai gerar um novo filme.
Sobrenatural: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2, 2013 / EUA)
Direção: James Wan
Roteiro: Leigh Whannell
Com: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Lin Shaye, Steve Coulter
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sobrenatural: Capítulo 2
2013-11-23T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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