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Carrie, a Estranha
Carrie, a Estranha
A criatividade e a originalidade nos filmes parece estar cada vez mais rara. Por isso, vermos um filme que é um remake de uma obra adaptada é sempre desanimador. Porque a trama de Kimberly Peirce não parece uma nova versão do livro de Stephen King e sim, uma refilmagem da trama de Brian De Palma.
A história já é conhecida, Carrie White é uma menina tímida deslocada da turma que sofre toda espécie de bullying no colégio. Muito de seu comportamento, vem da criação que teve com uma mãe fanática religiosa e totalmente antissocial. Carrie, no entanto, é uma adolescente que tem curiosidades e desejos como todo jovem. E essa dor e necessidade de se abrir para o mundo vai levá-la ao baile de formatura onde coisas terríveis irão acontecer.
Falo que o filme de Kimberly Peirce é um remake de Brian De Palma e não uma nova versão de Stephen King porque a lógica da construção da obra é muito semelhante. Está tudo no livro, é verdade, mas as escolhas estéticas foram da primeira versão, principalmente no recorte da narrativa, já que o livro possui uma não linearidade imensa, começando com a investigação do caso e saltando as informações temporais.
Neste ponto, a versão televisiva de 2002 tem seus méritos, sendo de fato uma nova versão do livro, ao seguir esta lógica dos depoimentos e flashbacks para pontos importantes da trama. Tendo inclusive outros episódios que não estão no filme original, mas estão no livro. Isso não quer dizer que este seja melhor, apenas que traga algo novo que justifique um novo filme, ao contrário do atual, que parece ter como única função a "atualização" da linguagem para as novas gerações que "não gostam de filmes antigos".
Tanto no filme de 1976 quanto agora, a narrativa se concentra nos episódios que culminam na festa. Começando pela menstruação no vestiário e indo até a resolução na casa das White. A única coisa extra do filme de Brian de Palma é a cena inicial, que é construída com uma tensão que exagera na dose de terror, tornando-se quase de mal gosto. Isso sem falar em alguns erros bobos de continuidade como o sumiço do cordão umbilical, mas isso é um detalhe insignificante.
O problema do filme é exatamente a falta de bom senso nas escolhas do que deve ressaltar. De fato, há uma atualização para os tempos atuais e nisso reside alguns méritos. O bullying de Carrie se torna atual com vídeo indo parar no Youtube, e ele retorna em um momento-chave justificando um pouco a reação da plateia. As garotas que seguem Chris Hargensen são melhores construídas e críveis. Não temos, por exemplo, o exagero de uma garota de vestido longo de baile e um boné só para ressaltar a personalidade caipira dela. E, claro, os efeitos especiais são impressionantes.
Uma das grandes expectativas para esta nova versão era em relação as atuações. Afinal, Julianne Moore e Chloë Grace Moretz são nomes que nos fazem esperar algo mais. A mãe de Carrie é uma fanática religiosa, uma mulher mentalmente perturbada. E nisso, Julianne Moore é perfeita em nos apresentar Margaret White. Não apenas suas falas, mas sua expressão corporal, a composição desleixada do seu figurino, seu cabelo mal cuidado. E principalmente o olhar nos passa a verdade da personagem.
Já Chloë Grace Moretz traz um problema em sua composição, ela não consegue se despir totalmente da persona que foi construída com suas demais personagens fortes. Fica pouco crível vê-la como uma menina tão frágil e vulnerável enquanto Carrie. A postura corporal dela, seu olhar não é de vítima, mas de bicho acuado pronto para reagir. E isso só funciona com Carrie na cena-chave, já que antes ela era mesmo um bichinho assustado procurando colo.
De qualquer maneira, a nova versão de Carrie, a Estranha parece apenas mais um esforço de Hollywood em apresentar às novas gerações obras de sua história. Muitos remakes tem sido feitos, muitos ainda virão. Alguns, inclusive, já em pós-produção como RoboCop. E boa parte deles muito inferiores aos originais, por serem cópias e não terem propósito de ser enquanto obra artística, apenas uma reprodução high tech. Pelo menos nisso, Carrie traz alguns méritos.
Carrie, a Estranha (Carrie, 2013 / EUA)
Direção: Kimberly Peirce
Roteiro: Lawrence D. Cohen, Roberto Aguirre-Sacasa
Com: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Gabriella Wilde
Duração: 100 min.
A história já é conhecida, Carrie White é uma menina tímida deslocada da turma que sofre toda espécie de bullying no colégio. Muito de seu comportamento, vem da criação que teve com uma mãe fanática religiosa e totalmente antissocial. Carrie, no entanto, é uma adolescente que tem curiosidades e desejos como todo jovem. E essa dor e necessidade de se abrir para o mundo vai levá-la ao baile de formatura onde coisas terríveis irão acontecer.
Falo que o filme de Kimberly Peirce é um remake de Brian De Palma e não uma nova versão de Stephen King porque a lógica da construção da obra é muito semelhante. Está tudo no livro, é verdade, mas as escolhas estéticas foram da primeira versão, principalmente no recorte da narrativa, já que o livro possui uma não linearidade imensa, começando com a investigação do caso e saltando as informações temporais.
Neste ponto, a versão televisiva de 2002 tem seus méritos, sendo de fato uma nova versão do livro, ao seguir esta lógica dos depoimentos e flashbacks para pontos importantes da trama. Tendo inclusive outros episódios que não estão no filme original, mas estão no livro. Isso não quer dizer que este seja melhor, apenas que traga algo novo que justifique um novo filme, ao contrário do atual, que parece ter como única função a "atualização" da linguagem para as novas gerações que "não gostam de filmes antigos".
Tanto no filme de 1976 quanto agora, a narrativa se concentra nos episódios que culminam na festa. Começando pela menstruação no vestiário e indo até a resolução na casa das White. A única coisa extra do filme de Brian de Palma é a cena inicial, que é construída com uma tensão que exagera na dose de terror, tornando-se quase de mal gosto. Isso sem falar em alguns erros bobos de continuidade como o sumiço do cordão umbilical, mas isso é um detalhe insignificante.
O problema do filme é exatamente a falta de bom senso nas escolhas do que deve ressaltar. De fato, há uma atualização para os tempos atuais e nisso reside alguns méritos. O bullying de Carrie se torna atual com vídeo indo parar no Youtube, e ele retorna em um momento-chave justificando um pouco a reação da plateia. As garotas que seguem Chris Hargensen são melhores construídas e críveis. Não temos, por exemplo, o exagero de uma garota de vestido longo de baile e um boné só para ressaltar a personalidade caipira dela. E, claro, os efeitos especiais são impressionantes.
Uma das grandes expectativas para esta nova versão era em relação as atuações. Afinal, Julianne Moore e Chloë Grace Moretz são nomes que nos fazem esperar algo mais. A mãe de Carrie é uma fanática religiosa, uma mulher mentalmente perturbada. E nisso, Julianne Moore é perfeita em nos apresentar Margaret White. Não apenas suas falas, mas sua expressão corporal, a composição desleixada do seu figurino, seu cabelo mal cuidado. E principalmente o olhar nos passa a verdade da personagem.
Já Chloë Grace Moretz traz um problema em sua composição, ela não consegue se despir totalmente da persona que foi construída com suas demais personagens fortes. Fica pouco crível vê-la como uma menina tão frágil e vulnerável enquanto Carrie. A postura corporal dela, seu olhar não é de vítima, mas de bicho acuado pronto para reagir. E isso só funciona com Carrie na cena-chave, já que antes ela era mesmo um bichinho assustado procurando colo.
De qualquer maneira, a nova versão de Carrie, a Estranha parece apenas mais um esforço de Hollywood em apresentar às novas gerações obras de sua história. Muitos remakes tem sido feitos, muitos ainda virão. Alguns, inclusive, já em pós-produção como RoboCop. E boa parte deles muito inferiores aos originais, por serem cópias e não terem propósito de ser enquanto obra artística, apenas uma reprodução high tech. Pelo menos nisso, Carrie traz alguns méritos.
Carrie, a Estranha (Carrie, 2013 / EUA)
Direção: Kimberly Peirce
Roteiro: Lawrence D. Cohen, Roberto Aguirre-Sacasa
Com: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Gabriella Wilde
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Carrie, a Estranha
2013-12-09T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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