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Gattaca - A Experiência Genética
Gattaca - A Experiência Genética
Primeiro longametragem de Andrew Niccol, Gattaca - A Experiência Genética é uma ficção científica que questiona o destino. Diretor de filmes como O Senhor das Armas e O Preço do Amanhã e roteirista de O Show de Truman e O Terminal (vou fingir que esqueci A Hospedeira), o diretor e roteirista constrói um primeiro traçado consistente e instigante.
Estamos em um futuro não muito distante, segundo os créditos. Neste mundo, os bebês não são mais concebidos naturalmente, mas in vitro, no laboratório, onde pode ser feita uma seleção genética minuciosa para minimizar doenças e falhas diversas. Porém, os pais de Vincent Freeman, vivido por Ethan Hawke, acabam gerando-o de maneira natural e já em seu nascimento, ele é taxado com 99% de chances de morrer jovem com problemas no coração. Pessoas assim não têm grandes chances na vida, já que empresas contratam analisando seu DNA. Porém, Vincent tem um sonho, ir para o espaço e não vai deixar que digam o que ele não pode fazer.
A premissa não deixa de ser interessante, e se a ciência evoluísse ao ponto de determinar o nosso destino? Será mesmo que tudo está pré-determinado no DNA? Não temos livre-arbítrio? Não temos a chance, nem a possibilidade de lutar contra o pré-estabelecido? Ou a força de vontade e determinação é que nos faz ser quem somos? Realizar sonhos?
Andrew Niccol constrói essas dúvidas de uma maneira muito inteligente contrastando Vincent com outros dois personagens. Primeiro com seu irmão Anton, vivido por Elias Koteas. Orgulho do pai, criado em laboratório, geneticamente perfeito e incomparavelmente melhor que o irmão mais velho. Até que o mar demonstra a ambos que nem tudo é tão cronometrado assim. Isso nos leva ao segundo personagem da vida de Vincent.
Jerome Morrow, vivido por Jude Law, é outro predestinado, com genética perfeita e com portas abertas para onde quiser. Nadador profissional, no entanto, algo lhe mostra que ele não é tão perfeito assim e um acidente de carro o coloca em uma cadeira de rodas. Este detalhe que é explicado aos poucos no filme demonstra bem o fato de que não é por ter um DNA perfeito que tudo é possível. E é interessante que ambos os personagens perfeitos tenham como ponto "fraco" a água, imprevisível e adaptável a qualquer recipiente, tal qual Vincent.
Ao assumir a identidade de Jerome Morrow e ir em busca do seu sonho, Vincent mostra a todos que para poder só é preciso querer, focar nesta meta e trabalhar duro para atingi-la. É o lema do sonho americano perfeito em uma sociedade que parece fechada a possibilidades. E é ainda mais simbólico que tudo isso seja questionado no primeiro filme de um neozeolandês.
Ethan Hawke consegue encarnar este personagem ambíguo capaz de desafiar o sistema e o destino de uma maneira bastante consistente. Não são poucas as cenas em que ele nos passa a sensação de superação, como quando está na esteira e vê Anton, ou quando tem que tirar sangue, demonstrando um auto-controle incrível. Jude Law também tem seu momento, em uma forte cena onde tem que subir as escadas da casa. E Uma Thurman cumpre bem o seu papel.
Gattaca é uma ficção científica, por se tratar de um filme futurista baseado em ciência. Mas, no fundo, o que ele quer nos passar é uma saga de superação e busca por sonhos. Vincent Freeman é um desfavorecido que quer encontrar o seu lugar no mundo e provar que é capaz de ir além do que a sociedade diz que ele pode. E esta também é a função da ficção científica, analisar o nosso mundo em uma metáfora fantasiosa. Por tudo isso, é um filme que encanta.
Gattaca - A Experiência Genética (Gattaca, 1997 / EUA)
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Com: Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Elias Koteas
Duração: 106 min.
Estamos em um futuro não muito distante, segundo os créditos. Neste mundo, os bebês não são mais concebidos naturalmente, mas in vitro, no laboratório, onde pode ser feita uma seleção genética minuciosa para minimizar doenças e falhas diversas. Porém, os pais de Vincent Freeman, vivido por Ethan Hawke, acabam gerando-o de maneira natural e já em seu nascimento, ele é taxado com 99% de chances de morrer jovem com problemas no coração. Pessoas assim não têm grandes chances na vida, já que empresas contratam analisando seu DNA. Porém, Vincent tem um sonho, ir para o espaço e não vai deixar que digam o que ele não pode fazer.
A premissa não deixa de ser interessante, e se a ciência evoluísse ao ponto de determinar o nosso destino? Será mesmo que tudo está pré-determinado no DNA? Não temos livre-arbítrio? Não temos a chance, nem a possibilidade de lutar contra o pré-estabelecido? Ou a força de vontade e determinação é que nos faz ser quem somos? Realizar sonhos?
Andrew Niccol constrói essas dúvidas de uma maneira muito inteligente contrastando Vincent com outros dois personagens. Primeiro com seu irmão Anton, vivido por Elias Koteas. Orgulho do pai, criado em laboratório, geneticamente perfeito e incomparavelmente melhor que o irmão mais velho. Até que o mar demonstra a ambos que nem tudo é tão cronometrado assim. Isso nos leva ao segundo personagem da vida de Vincent.
Jerome Morrow, vivido por Jude Law, é outro predestinado, com genética perfeita e com portas abertas para onde quiser. Nadador profissional, no entanto, algo lhe mostra que ele não é tão perfeito assim e um acidente de carro o coloca em uma cadeira de rodas. Este detalhe que é explicado aos poucos no filme demonstra bem o fato de que não é por ter um DNA perfeito que tudo é possível. E é interessante que ambos os personagens perfeitos tenham como ponto "fraco" a água, imprevisível e adaptável a qualquer recipiente, tal qual Vincent.
Ao assumir a identidade de Jerome Morrow e ir em busca do seu sonho, Vincent mostra a todos que para poder só é preciso querer, focar nesta meta e trabalhar duro para atingi-la. É o lema do sonho americano perfeito em uma sociedade que parece fechada a possibilidades. E é ainda mais simbólico que tudo isso seja questionado no primeiro filme de um neozeolandês.
Ethan Hawke consegue encarnar este personagem ambíguo capaz de desafiar o sistema e o destino de uma maneira bastante consistente. Não são poucas as cenas em que ele nos passa a sensação de superação, como quando está na esteira e vê Anton, ou quando tem que tirar sangue, demonstrando um auto-controle incrível. Jude Law também tem seu momento, em uma forte cena onde tem que subir as escadas da casa. E Uma Thurman cumpre bem o seu papel.
Gattaca é uma ficção científica, por se tratar de um filme futurista baseado em ciência. Mas, no fundo, o que ele quer nos passar é uma saga de superação e busca por sonhos. Vincent Freeman é um desfavorecido que quer encontrar o seu lugar no mundo e provar que é capaz de ir além do que a sociedade diz que ele pode. E esta também é a função da ficção científica, analisar o nosso mundo em uma metáfora fantasiosa. Por tudo isso, é um filme que encanta.
Gattaca - A Experiência Genética (Gattaca, 1997 / EUA)
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Com: Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Elias Koteas
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Gattaca - A Experiência Genética
2014-01-15T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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