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Nove Rainhas
Nove Rainhas
Ricardo Darín talvez seja o ator argentino mais conhecido dos brasileiros. Seus filmes sempre fazem sucesso por aqui, nos presenteando com pérolas como O Segredo dos Seus Olhos, Clube da Lua, Elefante Branco, só pra ficar com alguns. Nove Rainhas estava na minha lista interminável de filmes a serem vistos, e não decepciona.
Ricardo Darín é Marcos, um malandro experiente que vive de pequenos golpes. Quando encontra Juan vivido por Gastón Pauls em um mercado aplicando um golpe errado, resolver ser seu tutor. Assim, a dupla irá aplicar golpes pelas ruas até receber uma proposta irrecusável, vender uma falsa coleção de selos chamada Nove Rainhas para um milionário espanhol que está sendo extraditado do país.
Começa um jogo intricado com diversas reviravoltas no roteiro que vão nos envolvendo e nos deixando alertas. A narrativa é ágil e acompanha a dupla sempre de perto. E a aparição da personagem de Leticia Brédice, Valeria, trará outras implicações para o plano que com exceção da virada final, são bastante coerentes.
Nove Rainhas fala de malandragem, de grandes e pequenos golpes, mas fala também do acaso. Será que ele existe de fato ou tudo é uma programação antiga em que somos joguetes do destino? Tudo parece tão organizado que não parece simples coincidência, a começar pelo primeiro encontro dos dois. Juan estava querendo ganhar mais uns trocados da caixa do mercado ou querendo chamar a atenção de Marcos? A própria oportunidade das nove rainhas parece fácil demais para ser verdade.
Porque vivemos em um mundo em que quando a esmola é demais até o cego desconfia. E o cara descolado, que se acha o malandro esperto, pode estar sendo o pato. Ou não. Ele se faz de pato para ganhar mais a frente. O roteiro de Fabián Bielinsky brinca com essas certezas e incertezas o tempo inteiro. Os personagens são volúveis e podemos esperar tudo deles. Inclusive nada.
A fotografia do filme é bastante lavada e crua, nos dando a sensação maior de realismo. Mesmo quando a montagem é ágil para dar a sensação do golpe, tudo é muito próximo da realidade. Ainda mais da realidade da América Latina, onde diversos malandros de pequeno porte acham que podem viver de trocados conquistados. Enquanto isso, os verdadeiros tubarões estão nos rondando.
Nove Rainhas só peca mesmo em seu final. Querendo surpreender mais um vez o público, Fabián Bielinsky nos apresenta uma reviravolta que nos faz rever o filme inteiro, percebendo como fomos enganados. Só que ao contrário de um Sexto Sentido da vida, a gente não fica feliz com isso, começa a questionar a coerência de tudo que vinha sendo trabalhado. Fica uma sensação de "não precisava", mas ainda assim, é um bom filme.
Nove Rainhas (Nueve reinas, 2000 / Argentina)
Direção: Fabián Bielinsky
Roteiro: Fabián Bielinsky
Com: Ricardo Darín, Gastón Pauls, Leticia Brédice
Duração: 114 min.
Ricardo Darín é Marcos, um malandro experiente que vive de pequenos golpes. Quando encontra Juan vivido por Gastón Pauls em um mercado aplicando um golpe errado, resolver ser seu tutor. Assim, a dupla irá aplicar golpes pelas ruas até receber uma proposta irrecusável, vender uma falsa coleção de selos chamada Nove Rainhas para um milionário espanhol que está sendo extraditado do país.
Começa um jogo intricado com diversas reviravoltas no roteiro que vão nos envolvendo e nos deixando alertas. A narrativa é ágil e acompanha a dupla sempre de perto. E a aparição da personagem de Leticia Brédice, Valeria, trará outras implicações para o plano que com exceção da virada final, são bastante coerentes.
Nove Rainhas fala de malandragem, de grandes e pequenos golpes, mas fala também do acaso. Será que ele existe de fato ou tudo é uma programação antiga em que somos joguetes do destino? Tudo parece tão organizado que não parece simples coincidência, a começar pelo primeiro encontro dos dois. Juan estava querendo ganhar mais uns trocados da caixa do mercado ou querendo chamar a atenção de Marcos? A própria oportunidade das nove rainhas parece fácil demais para ser verdade.
Porque vivemos em um mundo em que quando a esmola é demais até o cego desconfia. E o cara descolado, que se acha o malandro esperto, pode estar sendo o pato. Ou não. Ele se faz de pato para ganhar mais a frente. O roteiro de Fabián Bielinsky brinca com essas certezas e incertezas o tempo inteiro. Os personagens são volúveis e podemos esperar tudo deles. Inclusive nada.
A fotografia do filme é bastante lavada e crua, nos dando a sensação maior de realismo. Mesmo quando a montagem é ágil para dar a sensação do golpe, tudo é muito próximo da realidade. Ainda mais da realidade da América Latina, onde diversos malandros de pequeno porte acham que podem viver de trocados conquistados. Enquanto isso, os verdadeiros tubarões estão nos rondando.
Nove Rainhas só peca mesmo em seu final. Querendo surpreender mais um vez o público, Fabián Bielinsky nos apresenta uma reviravolta que nos faz rever o filme inteiro, percebendo como fomos enganados. Só que ao contrário de um Sexto Sentido da vida, a gente não fica feliz com isso, começa a questionar a coerência de tudo que vinha sendo trabalhado. Fica uma sensação de "não precisava", mas ainda assim, é um bom filme.
Nove Rainhas (Nueve reinas, 2000 / Argentina)
Direção: Fabián Bielinsky
Roteiro: Fabián Bielinsky
Com: Ricardo Darín, Gastón Pauls, Leticia Brédice
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Nove Rainhas
2014-02-02T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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