
O filme é uma espécie de mockumentary, pois simula a pesquisa do professor Henri Laborit sobre a mente humana à luz da psicologia evolucionista. Acompanhamos o seu pensamento sobre o cérebro humano, como ele se diferencia dos animais irracionais e onde se aproximam. Enquanto isso, nos é narrada a história de três personagens. René Ragueneau, vivido por Gérard Depardieu. Janine Garnier, interpretada por Nicole Garcia. E Jean Le Gall, vivido por Roger Pierre.

Essa estrutura aparentemente didática, na verdade, traz outra linguagem à obra simulando esse documentário investigativo sobre a pesquisa do professor e sobre a mente humana. A capacidade de reagir a acontecimentos adversos é o tema central. Os três personagens passam por desafios onde precisam tomar decisões que definirão suas vidas. Aceitar o desafio de um novo cargo no trabalho. Largar a família. Ir em busca de seu sonho. Aceitar uma derrota. Escolher e aceitar as consequências.

O mundo é construído por Alain Resnais como essa grande armadilha, seja para um ratinho de laboratório, ou para um ser humano racional. E a América, representação maior do capitalismo e do sistema social e econômico, nos cobra um determinado tipo de sucesso o tempo inteiro. Sucesso esse que pode acabar nos travando. A busca por oportunidades nos torna vivos, mas o medo de arriscar nos torna medíocres.
Meu Tio da América acaba sendo isso, um símbolo, uma metáfora. Em determinado momento, há uma citação direta de um homem que foi tentar a vida lá e morreu como indigente. Mas, isso é muito pouco para definir o que o título significa.
Meu Tio da América (Mon oncle d'Amérique, 1980 / França)
Direção: Alain Resnais
Roteiro: Jean Gruault, Henri Laborit
Com: Gérard Depardieu, Nicole Garcia, Roger Pierre
Duração: 125 min.