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O Verão da Minha Vida
O Verão da Minha Vida
Histórias de adolescentes existem muitas por aí. Histórias de descobertas e amadurecimentos de adolescentes idem. E de adolescentes tímidos que se sentem deslocados do mundo também. Mas, apesar do tema batido, clichês e até repetições de outros filmes parecidos, O Verão da Minha Vida nos envolve e tem suas peculiaridades.
Duncan não é simplesmente um garoto tímido. Ele parece completamente introvertido em um mundo próprio obrigado a estar em uma família que não o compreende. Não há diálogos com a irmã postiça, muito menos com o pai dela, seu padrasto Trent. Sua mãe Pam finge não perceber todos os problemas, colocando-os embaixo do tapete e construindo uma aparente família feliz. Quando eles vão passar o verão na casa de praia de Trent, Duncan conhece Owen, o gerente de um parque aquático que finalmente o vê como uma pessoa.
A forma como Nat Faxon e Jim Rash escolhem para começar o filme já nos diz muito do que iremos ver. A relação de importância dentro do carro parece completamente estabelecida ao vermos Duncan escorado no fundo do carro, virado na direção contrária do resto da família. A conversa entre ele e o padrasto Trent é apenas um bônus que demonstra todo o desprezo do homem por aquele menino estranho. E é ali também, que ele acaba cruzando o olhar com Owen pela primeira vez.
O filme nos traz, então, essa forma singela de tratar as relações humanas e a busca deste adolescente por seu lugar no mundo. Sua atitude na praia, enquanto as meninas conversam na areia, sua postura corporal ao andar, a forma como observa a tudo quase sem participar, a situação vexatória no barco. Tudo nos mostra o tamanho do problema de Duncan. E é interessante que, como vemos pelo ponto de vista dele, todos é que parecem estranhos e exagerados, enquanto que ele é o único normal.
Esta é uma forma interessante de reverter o estereótipo do "loser", linguagem que tem se tornado comum nas narrativas atuais, principalmente após o seriado Glee, a proliferação do orgulho nerd e o combate aos bullyings. Não ser o cara mais popular da turma não parece mais um problema. Ser é que se tornou algo fútil e exagerado. Vide a irmã postiça de Duncan que se acha a melhor das pessoas e, no fundo, sofre todas as rejeições.
E o mais interessante de O Verão da Minha Vida é que nenhum desses estereótipos e regras são exatamente uma cartilha a ser seguida. o filme vai nos pegando no contrapé o tempo todo, vide a evolução de Duncan no parque desde a cena da dança em seu primeiro dia de trabalho. Ou a forma como a vizinha se aproxima dele e os dois pontos de virada em sua relação. Ou as relações adultas que parecem mais irresponsáveis que as dos próprios adolescentes. O filme não busca cumprir expectativas, fazer julgamentos ou nos dar lições de vida. Nada é um conto de fadas, apenas um recorte da vida, com coisas boas e ruins que podem acontecer a cada um.
E em uma construção realista, um dos pontos de destaque da trama são as atuações. Steve Carell faz um irritante e boçal Trent que até nos faz esquecer o carisma do ator e seus personagens anteriores. Toni Collette também tem ótimos momentos como Pam. Assim como Allison Janney faz uma transloucada Betty. O garoto Liam James também nos convence como o tímido Duncan. E todo o núcleo do parque nos traz alívios cômicos e intensos em dosagem certa.
No final das contas, O Verão da Minha Vida não nos traz nada de novo, não revoluciona o mundo cinematográfico, mas consegue brincar com cada clichê e estereótipo nos dando uma história singela e envolvente de um personagem que aprendemos a gostar e nos importar com seu futuro. E é isso que vale a pena.
O Verão da Minha Vida (The Way Way Back, 2013 / EUA)
Direção: Nat Faxon, Jim Rash
Roteiro: Nat Faxon, Jim Rash
Com: Steve Carell, Toni Collette, Allison Janney, Sam Rockwell, Liam James
Duração: 103 min.
Duncan não é simplesmente um garoto tímido. Ele parece completamente introvertido em um mundo próprio obrigado a estar em uma família que não o compreende. Não há diálogos com a irmã postiça, muito menos com o pai dela, seu padrasto Trent. Sua mãe Pam finge não perceber todos os problemas, colocando-os embaixo do tapete e construindo uma aparente família feliz. Quando eles vão passar o verão na casa de praia de Trent, Duncan conhece Owen, o gerente de um parque aquático que finalmente o vê como uma pessoa.
A forma como Nat Faxon e Jim Rash escolhem para começar o filme já nos diz muito do que iremos ver. A relação de importância dentro do carro parece completamente estabelecida ao vermos Duncan escorado no fundo do carro, virado na direção contrária do resto da família. A conversa entre ele e o padrasto Trent é apenas um bônus que demonstra todo o desprezo do homem por aquele menino estranho. E é ali também, que ele acaba cruzando o olhar com Owen pela primeira vez.
O filme nos traz, então, essa forma singela de tratar as relações humanas e a busca deste adolescente por seu lugar no mundo. Sua atitude na praia, enquanto as meninas conversam na areia, sua postura corporal ao andar, a forma como observa a tudo quase sem participar, a situação vexatória no barco. Tudo nos mostra o tamanho do problema de Duncan. E é interessante que, como vemos pelo ponto de vista dele, todos é que parecem estranhos e exagerados, enquanto que ele é o único normal.
Esta é uma forma interessante de reverter o estereótipo do "loser", linguagem que tem se tornado comum nas narrativas atuais, principalmente após o seriado Glee, a proliferação do orgulho nerd e o combate aos bullyings. Não ser o cara mais popular da turma não parece mais um problema. Ser é que se tornou algo fútil e exagerado. Vide a irmã postiça de Duncan que se acha a melhor das pessoas e, no fundo, sofre todas as rejeições.
E o mais interessante de O Verão da Minha Vida é que nenhum desses estereótipos e regras são exatamente uma cartilha a ser seguida. o filme vai nos pegando no contrapé o tempo todo, vide a evolução de Duncan no parque desde a cena da dança em seu primeiro dia de trabalho. Ou a forma como a vizinha se aproxima dele e os dois pontos de virada em sua relação. Ou as relações adultas que parecem mais irresponsáveis que as dos próprios adolescentes. O filme não busca cumprir expectativas, fazer julgamentos ou nos dar lições de vida. Nada é um conto de fadas, apenas um recorte da vida, com coisas boas e ruins que podem acontecer a cada um.
E em uma construção realista, um dos pontos de destaque da trama são as atuações. Steve Carell faz um irritante e boçal Trent que até nos faz esquecer o carisma do ator e seus personagens anteriores. Toni Collette também tem ótimos momentos como Pam. Assim como Allison Janney faz uma transloucada Betty. O garoto Liam James também nos convence como o tímido Duncan. E todo o núcleo do parque nos traz alívios cômicos e intensos em dosagem certa.
No final das contas, O Verão da Minha Vida não nos traz nada de novo, não revoluciona o mundo cinematográfico, mas consegue brincar com cada clichê e estereótipo nos dando uma história singela e envolvente de um personagem que aprendemos a gostar e nos importar com seu futuro. E é isso que vale a pena.
O Verão da Minha Vida (The Way Way Back, 2013 / EUA)
Direção: Nat Faxon, Jim Rash
Roteiro: Nat Faxon, Jim Rash
Com: Steve Carell, Toni Collette, Allison Janney, Sam Rockwell, Liam James
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Verão da Minha Vida
2014-12-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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