Baseado nos quadrinhos de mesmo nome, a primeira parceria em animação da Marvel com a Disney não empolga tanto quanto poderia, mas resulta em uma boa animação. O tom é mais infantil e o roteiro mais simples que a Pixar nos acostumou, mas tem suas qualidades, principalmente na parte técnica.A trama se foca em Hiro, um garotinho superdotado que não se interessa por estudos, usando invenções incríveis para lutas clandestinas. Seu irmão, Tadashi, no entanto, o convence de que a universidade pode ser mais divertida que as brigas de rua e ele acaba se esforçando para conseguir uma vaga no local. Mas, os planos dos irmãos não saem totalmente como esperado e Hiro terá que encontrar uma nova motivação de vida, que pode estar no simpático robô Baymax, criado por seu irmão.
As questões que envolvem a animação giram em torno de dois eixos: a relação familiar e os sonhos científicos. E é difícil saber até que ponto os roteiristas conseguiram dosar bem os dois lados. Temos a questão dos irmãos e outra questão familiar que só será revelada mais a frente. E em muitos momentos, ao focar nisso, o filme perde um pouco a mão do emocional, caindo no piegas. É um roteiro que nos mostra a necessidade de lidar com perdas, e seria mais corajoso e bem resolvido se conseguisse levar isso até o final.
Já na questão dos sonhos científicos, o filme consegue bons resultados. Na verdade, mais do que científico, o mundo da fantasia, dos super heróis, dos super poderes. Mergulhar nesse universo com as características próprias de cada um dos personagens que vão se transformando é gostoso e divertido. Principalmente, claro, o robô Baymax. O personagem se torna extremamente interessante e complexo ao ter sua programação original de um robô de saúde. A transformação em herói e guerreiro que Hiro deseja sempre esbarra na questão do cuidar e do pacífico, o que cria situações interessantes. A parte técnica também é muito bem resolvida. A cidade de San Fransokyo (uma mistura de São Francisco com Tokyo) traz uma mistura bem construída do mundo ocidental e oriental, em paisagens, símbolos e culturas, o que torna a história mais crível. A movimentação criada nas lutas também é criativa dando dinâmica e nos envolvendo ainda mais na história. Inclusive tendo diversos easter eggs de outras produções da Disney, basta ficar de olho no cenário.
Mas o filme acaba escorregando no tom ao nos apresentar seu vilão. Tudo bem que é uma história infantil, mas o background do mascarado contém diversas incongruências e torna a parte final do filme boba, sem tanta consistência. Mesmo a virada que eles pretendiam se torna óbvia e a resolução quase covarde diante do que já tinha sido apresentado. De qualquer maneira, o conjunto de Operação Big Hero não é ruim. A animação consegue ter qualidades e envolver crianças e adultos em uma aventura divertida e com algumas camadas a serem exploradas. Poderia ser mais cuidadosa no roteiro, principalmente do vilão e da resolução, mas não chega a invalidar a experiência.
Ah, e como é uma obra da Marvel, já sabem, né? Tem participação de Stan Lee e tem cenas pós créditos. Então, nada de pressa para sair da sala.
Operação Big Hero (Big Hero 6, 2014 / EUA)
Direção: Don Hall, Chris Williams
Roteiro: Jordan Roberts, Daniel Gerson, Robert L. Baird
Duração: 102 min.

