Julianne Moore: A vez dela
Indicada quatro vezes ao Oscar, todas as apostas apontam para Julianne Moore na noite do dia 22 de fevereiro. Sua atuação como a protagonista da obra Para Sempre Alice está sendo elogiada e premiada por onde passa. Na trama, ela vive Alice Howland, uma professora de linguística que é diagnosticada com o mal de Alzheimer e acaba modificando a vida de toda a família.
Uma atriz querida e admirada, que já transitou pelos papéis mais diversos, sempre com talento e desenvoltura. Chama a atenção a forma doce e digna com que ela se entrega a cada cena. No caso de Para Sempre Alice, tem o plus de ser uma personagem meio que feito para ganhar prêmios. Não falo isso no sentido pejorativo da premeditação, mas pelas possibilidades emocionais que o caso permite.
Julianne Moore é muito mais do que prêmios, é a capacidade de manter-se verdadeira e envolvente. Independente do papel ou filme, transita muito bem por dramas densos como As Horas ou blockbusters como Jogos Vorazes. Experimenta outras personas de atrizes em obras como Boogie Nights ou Mapa para as Estrelas. Testa seus limites em Ensaio sobre a Cegueira. Seduz e é seduzida nas mais diversas situações como em Minhas Mães e Meu Pai, O Preço da Traição ou mesmo em Don Jon.
É difícil falar de Julianne Moore, porque o que chama a atenção na atriz traz muitas características abstratas. É uma capacidade de preencher a tela e criar empatia com o público de uma maneira muito própria. O Oscar a essa altura de sua carreira é um reconhecimento da indústria que, sabemos, ajuda e muito em novas negociações e mesmo em bilheterias para seus filmes. Mas, quem acompanha o seu trabalho sabe que esse será apenas um símbolo.
Para traduzir melhor sua carreira, elejo aqui apenas três mulheres a que ela deu vida e que gostaria de ter conhecido. Vejam que não as escolho pela melhor atuação, melhor filme ou mesmo melhor personagem. Isso muitos já fizeram. Por isso, uma seleção mais pessoal.
Três mulheres incríveis:
Esther (Don Jon / 2013)
Aqui no Brasil, o filme acabou com o título ridículo de "Como Não Perder Essa Mulher". Aparentemente essa mulher é Bárbara, interpretada por Scarlett Johansson. Mas, a Esther de Julianne Moore chega aos poucos conquistando protagonista e plateia com sua filosofia de vida. Uma mulher cheia de camadas, que escolheu ser leve e encarar a vida de maneira leve após tantos traumas e sofrimento. Ela consegue arrancar o melhor de Don Jon e ajudá-lo a ver o que realmente é importante para ele na vida. E a atriz consegue passar essa leveza em gestos, olhares e palavras com tanta naturalidade que a gente realmente acredita que isso é possível.
A mulher do médico (Ensaio sobre a cegueira / 2008)
Nem nome ela tem (nenhum personagem no livro / filme tem), mas sua função é marcante e essencial. Em um mundo contagiado por uma cruel cegueira branca ela é a única imune, a única que vê e a reflexão sobre o porquê disso nos deixa em silêncio por um bom tempo. Mais do que isso, estar imune é um castigo ou uma bênção diante de tudo o que ela passa e vê no hospital? Julianne Moore se entrega e nos entrega uma personagem forte e complexa que acompanhamos com admiração, nos perguntando se teríamos a mesma coragem que ela de se meter em tudo aquilo só para proteger o marido.
Laura Brown (As Horas / 2002)
E por fim, esta que talvez seja a sua personagem mais intensa. Três mulheres, três atrizes com interpretações incríveis que vivem vidas que não parecem as suas. A depressão de Laura por trás da aparente felicidade é muito bem construída por Julianne Moore em cada cena. Uma dona de casa em 1949 ter a coragem de mudar o rumo de sua vida é algo assustador, quase inimaginável e Laura encontra forças para seguir. De fato, uma mulher incrível.
Indicações Oscar:
Boogie Nights - Prazer sem Limites
Fim de Caso
As Horas
Longe do Paraíso
Prêmios:
Palma de Ouro
Mapa para as Estrelas
Critics' Choice Award
Longe do Paraíso
Festival de Berlim
As Horas
Globo de Ouro
Virada no Jogo (TV)
Uma atriz querida e admirada, que já transitou pelos papéis mais diversos, sempre com talento e desenvoltura. Chama a atenção a forma doce e digna com que ela se entrega a cada cena. No caso de Para Sempre Alice, tem o plus de ser uma personagem meio que feito para ganhar prêmios. Não falo isso no sentido pejorativo da premeditação, mas pelas possibilidades emocionais que o caso permite.
Julianne Moore é muito mais do que prêmios, é a capacidade de manter-se verdadeira e envolvente. Independente do papel ou filme, transita muito bem por dramas densos como As Horas ou blockbusters como Jogos Vorazes. Experimenta outras personas de atrizes em obras como Boogie Nights ou Mapa para as Estrelas. Testa seus limites em Ensaio sobre a Cegueira. Seduz e é seduzida nas mais diversas situações como em Minhas Mães e Meu Pai, O Preço da Traição ou mesmo em Don Jon.
É difícil falar de Julianne Moore, porque o que chama a atenção na atriz traz muitas características abstratas. É uma capacidade de preencher a tela e criar empatia com o público de uma maneira muito própria. O Oscar a essa altura de sua carreira é um reconhecimento da indústria que, sabemos, ajuda e muito em novas negociações e mesmo em bilheterias para seus filmes. Mas, quem acompanha o seu trabalho sabe que esse será apenas um símbolo.
Para traduzir melhor sua carreira, elejo aqui apenas três mulheres a que ela deu vida e que gostaria de ter conhecido. Vejam que não as escolho pela melhor atuação, melhor filme ou mesmo melhor personagem. Isso muitos já fizeram. Por isso, uma seleção mais pessoal.
Três mulheres incríveis:
Esther (Don Jon / 2013)
Aqui no Brasil, o filme acabou com o título ridículo de "Como Não Perder Essa Mulher". Aparentemente essa mulher é Bárbara, interpretada por Scarlett Johansson. Mas, a Esther de Julianne Moore chega aos poucos conquistando protagonista e plateia com sua filosofia de vida. Uma mulher cheia de camadas, que escolheu ser leve e encarar a vida de maneira leve após tantos traumas e sofrimento. Ela consegue arrancar o melhor de Don Jon e ajudá-lo a ver o que realmente é importante para ele na vida. E a atriz consegue passar essa leveza em gestos, olhares e palavras com tanta naturalidade que a gente realmente acredita que isso é possível.
A mulher do médico (Ensaio sobre a cegueira / 2008)
Nem nome ela tem (nenhum personagem no livro / filme tem), mas sua função é marcante e essencial. Em um mundo contagiado por uma cruel cegueira branca ela é a única imune, a única que vê e a reflexão sobre o porquê disso nos deixa em silêncio por um bom tempo. Mais do que isso, estar imune é um castigo ou uma bênção diante de tudo o que ela passa e vê no hospital? Julianne Moore se entrega e nos entrega uma personagem forte e complexa que acompanhamos com admiração, nos perguntando se teríamos a mesma coragem que ela de se meter em tudo aquilo só para proteger o marido.
Laura Brown (As Horas / 2002)
E por fim, esta que talvez seja a sua personagem mais intensa. Três mulheres, três atrizes com interpretações incríveis que vivem vidas que não parecem as suas. A depressão de Laura por trás da aparente felicidade é muito bem construída por Julianne Moore em cada cena. Uma dona de casa em 1949 ter a coragem de mudar o rumo de sua vida é algo assustador, quase inimaginável e Laura encontra forças para seguir. De fato, uma mulher incrível.
Indicações Oscar:
Boogie Nights - Prazer sem Limites
Fim de Caso
As Horas
Longe do Paraíso
Prêmios:
Palma de Ouro
Mapa para as Estrelas
Critics' Choice Award
Longe do Paraíso
Festival de Berlim
As Horas
Globo de Ouro
Virada no Jogo (TV)
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Julianne Moore: A vez dela
2015-02-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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