
Durante a guerra civil, uma tribo é destruída por militares obrigando um grupo de crianças a se lançar no deserto sozinhas em busca de um lugar seguro. Entre elas, os irmãos Mamere, Abital, Theo junto com os amigos Jeremiah e Paul. Após muita luta e sofrimento em uma jornada quase impossível, eles chegam a um campo de refugiados no Quênia, com exceção de Theo que se rende para salvar a vida de Mamere. Anos se passam e eles tem a oportunidade de um intercâmbio para os Estados Unidos onde podem conseguir uma vida melhor.
A primeira coisa que o filme nos faz questionar é: o que é uma vida melhor. Claro que, no Quênia, naquele campo pobre sem perspectivas tudo parece uma grande prisão. Mas, é a realidade que eles conhecem. Ao chegar aos Estados Unidos, todos são muito ingênuos e estranhos àquela civilização, vide as pequenas dificuldades, como atender um telefone, a questões mais complexas, como emprego, estudos e oportunidades reais.

Mas, caminhos tortuosos seguem Paul, que encontra um emprego onde tem fácil habilidade, mas acaba se envolvendo com drogas por incentivo dos colegas. Enquanto que Jeremiah, que sempre foi religioso, não consegue aceitar algumas coisas do seu trabalho, como jogar fora toneladas de comida com prazo de validade. Já Mamere era auxiliar de médico no acampamento de refugiados e sonha em poder estudar para exercer a medicina, mas, para isso, vai encarar uma jornada tripla de trabalhos e estudos.

Agora, o filme acaba não tratando o problema de uma maneira tão profunda, voltando ao questionamento de o que é o melhor para cada um deles. Mostrar os Estados Unidos como a terra abençoada que os acolhe e lhes dá a oportunidade de recomeçar a vida é sempre uma política perigosa. Ainda mais se tratando de países africanos com problemas sérios de guerra.

Destaque ainda para a fotografia e maquiagem, principalmente na parte inicial, quando os meninos passam dias andando sem maiores esperanças. Os detalhes das paisagens hostis, a degradação física, a superação. Tem uma cena em que eles bebem urina de um caneco fazendo um mantra de "não quero morrer, quero viver" que é emocionante.
No final, A Boa Mentira tem altos e baixos. Vê a situação com o olhar dos Estados Unidos, por mais que coloque os sudaneses como protagonistas, mas tem também boas reflexões e personagens envolventes.
A Boa Mentira (The Good Lie, 2014 / EUA)
Direção: Philippe Falardeau
Roteiro: Margaret Nagle
Com: Reese Witherspoon, Arnold Oceng, Ger Duany
Duração: 110 min.