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Emílio de Mello
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Julia Rezende
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Ponte Aérea
Ponte Aérea
Comédias românticas são clichês e seu público quer que sejam clichês. Mas, é interessante quando um filme brinca com isso, construindo uma obra que não é óbvia, ainda que se utilize de muitos estereótipos.
Bruno é um típico carioca. Jovem, tranquilo, artista plástico, sem grandes ambições, que vive de maneira simples e impulsiva. Amanda é uma típica paulistana. Jovem, estressada, publicitária, sem tempo pra nada, que quer dar voos altos em sua carreira. A única coisa que talvez a torne peculiar é o fato de ser totalmente desprendida de tudo, ao ponto da porta de sua casa ficar aberta e ela também agir por impulso em muitos momentos.
Esses dois jovens se conhecem por acaso em um hotel de um aeroporto enquanto tentam chegar a São Paulo. Ela, para voltar para casa. Ele, para visitar o pai que está hospitalizado. Em um típico impulso da juventude, eles passam a noite juntos. E vão acabar se reencontrando algumas vezes, sem muito compromisso ainda. Até porque ele vive no Rio e ela em Sampa. Mas, como era de se esperar, essa distância vai sendo rompida aos poucos.
Caio Blat e Letícia Colin formam o casal principal e trazem verdade a ele. Mesmo nos estereótipos, como o tempo dele acordar diferente do dela. Há momentos de impulso, de sentimentos confusos, de tentativa de compreender. E, aos poucos, o mundo de um vai mudando o jeito do outro como em todo casal. E os atores vão construindo isso nos gestos, sutilezas, forma de se vestir e se portar diante das cenas, ainda que seus personagens não se deem conta completamente.
Quando Amanda tem que ir ao Rio para entender a alma carioca para uma campanha de cerveja, nos parece óbvio que estar com Bruno seja sua maior pesquisa. Mas, ela está tão focada em si mesma que não vê isso. É o que muitas vezes falo a meus alunos: criar não é ficar na frente de uma tela de computador esperando a ideia vir, é viver, experimentar, deixar a mente aberta para que as ideias venham. E depois delas estarem vibrando em sua cabeça, aí sim, sentar para planejar, organizar e estruturar a criação.
De qualquer maneira, a sequência dos dois pelo Rio de Janeiro, passeando por Copacabana, invadindo as bodas de ouro e tomando uma cerveja em algum lugar, é das mais interessantes do filme. Divertida, envolvente, cheia de símbolos que nos mostra de uma maneira simples as semelhanças e diferenças do casal, assim como a aproximação gradual deles. Aqui mais do que uma paulistana e um carioca, temos duas pessoas se envolvendo.
Ponte Aérea acaba sendo uma espécie de metalinguagem que traz muito do estilo publicitário representado pela personagem Amanda. E não falo apenas da representação da figura do profissional, da agência, das reuniões com o cliente, da rotina louca, com poucas horas pra dormir, ou mesmo virar a noite trabalhando. Assim como a frustração de ver uma peça reprovada por um cliente pedante que parece estar ali apenas para apontar defeitos.
Mais do que isso, a própria estrutura do filme lembra a linguagem publicitária. A forma como lida com os estereótipos e a expectativa do público, trabalhando o seu repertório e passando a mensagem de uma maneira rápida. O cuidado com a direção de arte, a fotografia sempre limpa, mesmo quando retrata o mundo de Bruno na pousada que vive e gerencia. Tudo está cuidadosamente no lugar. Isso pode incomodar alguns, mas não deixa de ser uma estética válida, principalmente dentro do universo proposto.
No final, Ponte Aérea é isso, uma comédia romântica divertida e gostosa de acompanhar, que utiliza os estereótipos a seu favor para construir uma boa história. Simples assim.
Ponte Aérea (2015 / Brasil)
Direção: Julia Rezende
Roteiro: L.G. Bayão, Julia Rezende
Com: Caio Blat, Felipe Camargo, Letícia Colin, Emílio de Mello
Duração: 120 min.
Bruno é um típico carioca. Jovem, tranquilo, artista plástico, sem grandes ambições, que vive de maneira simples e impulsiva. Amanda é uma típica paulistana. Jovem, estressada, publicitária, sem tempo pra nada, que quer dar voos altos em sua carreira. A única coisa que talvez a torne peculiar é o fato de ser totalmente desprendida de tudo, ao ponto da porta de sua casa ficar aberta e ela também agir por impulso em muitos momentos.
Esses dois jovens se conhecem por acaso em um hotel de um aeroporto enquanto tentam chegar a São Paulo. Ela, para voltar para casa. Ele, para visitar o pai que está hospitalizado. Em um típico impulso da juventude, eles passam a noite juntos. E vão acabar se reencontrando algumas vezes, sem muito compromisso ainda. Até porque ele vive no Rio e ela em Sampa. Mas, como era de se esperar, essa distância vai sendo rompida aos poucos.
Caio Blat e Letícia Colin formam o casal principal e trazem verdade a ele. Mesmo nos estereótipos, como o tempo dele acordar diferente do dela. Há momentos de impulso, de sentimentos confusos, de tentativa de compreender. E, aos poucos, o mundo de um vai mudando o jeito do outro como em todo casal. E os atores vão construindo isso nos gestos, sutilezas, forma de se vestir e se portar diante das cenas, ainda que seus personagens não se deem conta completamente.
Quando Amanda tem que ir ao Rio para entender a alma carioca para uma campanha de cerveja, nos parece óbvio que estar com Bruno seja sua maior pesquisa. Mas, ela está tão focada em si mesma que não vê isso. É o que muitas vezes falo a meus alunos: criar não é ficar na frente de uma tela de computador esperando a ideia vir, é viver, experimentar, deixar a mente aberta para que as ideias venham. E depois delas estarem vibrando em sua cabeça, aí sim, sentar para planejar, organizar e estruturar a criação.
De qualquer maneira, a sequência dos dois pelo Rio de Janeiro, passeando por Copacabana, invadindo as bodas de ouro e tomando uma cerveja em algum lugar, é das mais interessantes do filme. Divertida, envolvente, cheia de símbolos que nos mostra de uma maneira simples as semelhanças e diferenças do casal, assim como a aproximação gradual deles. Aqui mais do que uma paulistana e um carioca, temos duas pessoas se envolvendo.
Ponte Aérea acaba sendo uma espécie de metalinguagem que traz muito do estilo publicitário representado pela personagem Amanda. E não falo apenas da representação da figura do profissional, da agência, das reuniões com o cliente, da rotina louca, com poucas horas pra dormir, ou mesmo virar a noite trabalhando. Assim como a frustração de ver uma peça reprovada por um cliente pedante que parece estar ali apenas para apontar defeitos.
Mais do que isso, a própria estrutura do filme lembra a linguagem publicitária. A forma como lida com os estereótipos e a expectativa do público, trabalhando o seu repertório e passando a mensagem de uma maneira rápida. O cuidado com a direção de arte, a fotografia sempre limpa, mesmo quando retrata o mundo de Bruno na pousada que vive e gerencia. Tudo está cuidadosamente no lugar. Isso pode incomodar alguns, mas não deixa de ser uma estética válida, principalmente dentro do universo proposto.
No final, Ponte Aérea é isso, uma comédia romântica divertida e gostosa de acompanhar, que utiliza os estereótipos a seu favor para construir uma boa história. Simples assim.
Ponte Aérea (2015 / Brasil)
Direção: Julia Rezende
Roteiro: L.G. Bayão, Julia Rezende
Com: Caio Blat, Felipe Camargo, Letícia Colin, Emílio de Mello
Duração: 120 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Ponte Aérea
2015-04-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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