Premonições
Sabe daqueles filmes que tem tudo pra ser instigante e envolvente, mas se perde no caminho? Assim é Premonições um filme que só não se perde completamente, pelo carisma de Sandra Bullock.
Sandra Bullock é Linda Hanson uma dona de casa que recebe a notícia de que seu marido morreu em um terrível desastre automobilístico. Porém, ao acordar no dia seguinte, tudo está perfeitamente normal em sua vida e Jim está vivo. Mas, logo ela percebe que a cada novo adormecer e despertar tudo pode mudar e ela começa a pôr em dúvida sua própria sanidade mental.
O início do filme é propositadamente confuso. Assim como Linda, ficamos perdidos no tempo e no espaço. Não sabemos o que exatamente é aquilo, qual o jogo, é realidade alternativa, viagem temporal ou simples premonição como sugere o título do filme. Mas, aos poucos vamos entendendo o processo não-linear que a consciência da personagem está vivenciando. Isso é bom.
O problema começa, quando o roteirista Bill Kelly começa a ligar a pontas para explicar o que aconteceu. E, ao contrário de Efeito Borboleta, ainda deixa um erro de continuidade que não se encaixa na linha temporal construída. Basta pensar em que dia a garotinha Bridgette sofreu seu acidente e como ela está no início do filme.
Mas, mais do que não encaixar alguns detalhes, o filme peca em sua concepção mesmo. No porquê daquilo. É frágil, é quase tolo e nos faz sair do jogo, sem comprar a ideia completamente. Ainda que muitas das pistas sejam resolvidas a contento, fica faltando um plus que dê sentido a tudo aquilo.
Fora isso, a direção de Mennan Yapo nos convoca a alguns erros de expectativas. A tensão não se justifica diante do construído, nem o melodrama. Não sentimos medo, nem choramos junto com as personagens. Realmente, não nos importamos tanto com a morte ou sobrevivência de Jim. E o sofrimento das crianças também não nos parece atingir.
Linda, talvez, seja nosso único elo. Muito mais pelo carisma da atriz que a interpreta que pela personagem em si. Sandra Bullock pode não ser das melhores atrizes que temos, e não há aqui uma interpretação fora da realidade. Mas, é inegável que ela preenche a tela com sua presença e nos faz simpatizar com o que estamos vendo. Talvez por isso a cena do sanatório seja a mais tensa do filme. E fica no vazio.
Ao repensar o filme inteiro após conhecer o seu final, chega a ser risível algumas coisa, o que é lamentável. Premonições poderia ser muito bem um filme sobrenatural instigante e envolvente. Mas, Mennan Yapo erra a mão ao querer dar um significado além da razão para algo que parecia quase matemático. Fica uma grande confusão pouco palatável.
Premonições (Premonition, 2007 / EUA)
Direção: Mennan Yapo
Roteiro: Bill Kelly
Com: Sandra Bullock, Julian McMahon, Amber Valletta
Duração: 96 min.
Sandra Bullock é Linda Hanson uma dona de casa que recebe a notícia de que seu marido morreu em um terrível desastre automobilístico. Porém, ao acordar no dia seguinte, tudo está perfeitamente normal em sua vida e Jim está vivo. Mas, logo ela percebe que a cada novo adormecer e despertar tudo pode mudar e ela começa a pôr em dúvida sua própria sanidade mental.
O início do filme é propositadamente confuso. Assim como Linda, ficamos perdidos no tempo e no espaço. Não sabemos o que exatamente é aquilo, qual o jogo, é realidade alternativa, viagem temporal ou simples premonição como sugere o título do filme. Mas, aos poucos vamos entendendo o processo não-linear que a consciência da personagem está vivenciando. Isso é bom.
O problema começa, quando o roteirista Bill Kelly começa a ligar a pontas para explicar o que aconteceu. E, ao contrário de Efeito Borboleta, ainda deixa um erro de continuidade que não se encaixa na linha temporal construída. Basta pensar em que dia a garotinha Bridgette sofreu seu acidente e como ela está no início do filme.
Mas, mais do que não encaixar alguns detalhes, o filme peca em sua concepção mesmo. No porquê daquilo. É frágil, é quase tolo e nos faz sair do jogo, sem comprar a ideia completamente. Ainda que muitas das pistas sejam resolvidas a contento, fica faltando um plus que dê sentido a tudo aquilo.
Fora isso, a direção de Mennan Yapo nos convoca a alguns erros de expectativas. A tensão não se justifica diante do construído, nem o melodrama. Não sentimos medo, nem choramos junto com as personagens. Realmente, não nos importamos tanto com a morte ou sobrevivência de Jim. E o sofrimento das crianças também não nos parece atingir.
Linda, talvez, seja nosso único elo. Muito mais pelo carisma da atriz que a interpreta que pela personagem em si. Sandra Bullock pode não ser das melhores atrizes que temos, e não há aqui uma interpretação fora da realidade. Mas, é inegável que ela preenche a tela com sua presença e nos faz simpatizar com o que estamos vendo. Talvez por isso a cena do sanatório seja a mais tensa do filme. E fica no vazio.
Ao repensar o filme inteiro após conhecer o seu final, chega a ser risível algumas coisa, o que é lamentável. Premonições poderia ser muito bem um filme sobrenatural instigante e envolvente. Mas, Mennan Yapo erra a mão ao querer dar um significado além da razão para algo que parecia quase matemático. Fica uma grande confusão pouco palatável.
Premonições (Premonition, 2007 / EUA)
Direção: Mennan Yapo
Roteiro: Bill Kelly
Com: Sandra Bullock, Julian McMahon, Amber Valletta
Duração: 96 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Premonições
2015-04-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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