Roger Waters - The Wall
Em exibição única, amanhã os brasileiros poderão conferir na tela do cinema o documentário Roger Waters - The Wall que traz o lendário show / álbum da banda Pink Floyd ao mesmo tempo que tenta desnudar o artista por trás disso tudo.
Preparem-se para quase três horas de muita emoção, seja você fã ou não da banda, do álbum ou do artista. O documentário mescla o show que o ex-integrante do Pink Floyd levou em turnê pelo mundo entre 2010 e 2012, com uma jornada pessoal que deixa mais claro aquilo que todos já de alguma forma sabiam: Pink é Roger, guardadas as devidas proporções. E ainda tem um extra com um bate-papo entre Roger Waters e Nick Mason respondendo perguntas de pessoas aleatórias.
Mesmo com quem caiu de para-quedas na obra, não conhecendo o álbum, nem o filme de 82, muito menos a história de Roger Waters, o filme consegue dialogar bem. Isso por causa da forças das imagens e das letras das músicas. Nesse ponto, a distribuição brasileira falhou consideravelmente ao não colocar legendas nas músicas, legendando apenas as falas. As letras contam a história e quem não entende nada de inglês vai boiar um pouco. Mas, o sentimento geral deve ser passado ainda assim porque tudo é muito visual.
O álbum The Wall de 1979 que gerou um filme em 1982 dirigido por Alan Parker conta a história de Pink, um astro da música atormentado pela ausência de lembranças do pai, pelo sistema repressor e pela mãe neurótica. Pink passa por diversos processos, inclusive a alucinação de se imaginar como um ditador estilo nazista e por um julgamento. O muro do título é aquele que o separa da realidade, enquanto compartimenta cada um em sua própria regra. "Quebre o muro" é a palavra de ordem e o clímax da história.
Tudo isso é contado no documentário através do show, no palco em uma estrutura grandiosa que tem inclusive um muro gigante que separa a banda da plateia. Esse objeto cênico vai sendo preenchido a medida que o show avança e nele são projetadas imagens que ajudam a compor o espetáculo com uma capacidade assustadora de nos passar a emoção da narrativa. Há momentos verdadeiramente sublimes.
Paralelo a isso, vemos Roger Waters em uma jornada pessoal de resgate do passado. Visitando os túmulos de seu avô e seu pai que morreram em duas guerras, lendo a carta da notícia da morte do pai, andando pela Europa ou em uma reunião com os filhos. O melhor dessa parte são as transições feitas através da montagem para o show. A cena inicial dele tocando no cemitério cortando para o início do show com o avião passando e os fogos explodindo é de arrepiar. Porém, as encenações trazem algumas situações fakes, ainda que o sentimento que Rogers queira nos passar pareça de fato genuíno.
No show, tudo perfeito. Temos câmeras privilegiadas que nos mostram detalhes dos músicos, da plateia e ao mesmo tempo o enquadramento geral do espetáculo que nos dá a dimensão exata da grandiosidade de tudo aquilo. É curioso também perceber a plateia, com diversas gerações fanáticas por aquelas músicas desde senhores a jovens adolescentes cantando e vibrando com cada acorde de uma maneira intensa.
Por fim, após os créditos e mesmo a palavra The End na tela, vem o bônus. Roger Waters e Nick Mason sentados em uma mesa de bar tirando cartões com perguntas de pessoas diversas que vão desnudando um pouco dos dois músicos que ajudaram a formar uma das bandas mais icônicas do rock mundial. As perguntas são de todos os tipos, desde "O que você sentiu quando Roger Waters disse que ia sair do Pink Floyd?" para Nick Mason, passando por "Como você criou The Wall?" e "o que Nick pensou quando você mostrou a ideia do show para ele", até "Que conselhos vocês dariam para músicos iniciantes?". É interessante ficar para conferir, principalmente se você é fã da banda.
Ou seja, ainda que não tenha a emoção do ao vivo que o show traz, é uma experiência incrível ver tudo isso na tela grande do cinema com um som bem equipado.
Roger Waters - The Wall (Roger Waters - The Wall, 2014 / Reino Unido)
Direção: Sean Evans, Roger Waters
Roteiro: Sean Evans, Roger Waters
Duração: 165 min.
Preparem-se para quase três horas de muita emoção, seja você fã ou não da banda, do álbum ou do artista. O documentário mescla o show que o ex-integrante do Pink Floyd levou em turnê pelo mundo entre 2010 e 2012, com uma jornada pessoal que deixa mais claro aquilo que todos já de alguma forma sabiam: Pink é Roger, guardadas as devidas proporções. E ainda tem um extra com um bate-papo entre Roger Waters e Nick Mason respondendo perguntas de pessoas aleatórias.
Mesmo com quem caiu de para-quedas na obra, não conhecendo o álbum, nem o filme de 82, muito menos a história de Roger Waters, o filme consegue dialogar bem. Isso por causa da forças das imagens e das letras das músicas. Nesse ponto, a distribuição brasileira falhou consideravelmente ao não colocar legendas nas músicas, legendando apenas as falas. As letras contam a história e quem não entende nada de inglês vai boiar um pouco. Mas, o sentimento geral deve ser passado ainda assim porque tudo é muito visual.
O álbum The Wall de 1979 que gerou um filme em 1982 dirigido por Alan Parker conta a história de Pink, um astro da música atormentado pela ausência de lembranças do pai, pelo sistema repressor e pela mãe neurótica. Pink passa por diversos processos, inclusive a alucinação de se imaginar como um ditador estilo nazista e por um julgamento. O muro do título é aquele que o separa da realidade, enquanto compartimenta cada um em sua própria regra. "Quebre o muro" é a palavra de ordem e o clímax da história.
Tudo isso é contado no documentário através do show, no palco em uma estrutura grandiosa que tem inclusive um muro gigante que separa a banda da plateia. Esse objeto cênico vai sendo preenchido a medida que o show avança e nele são projetadas imagens que ajudam a compor o espetáculo com uma capacidade assustadora de nos passar a emoção da narrativa. Há momentos verdadeiramente sublimes.
Paralelo a isso, vemos Roger Waters em uma jornada pessoal de resgate do passado. Visitando os túmulos de seu avô e seu pai que morreram em duas guerras, lendo a carta da notícia da morte do pai, andando pela Europa ou em uma reunião com os filhos. O melhor dessa parte são as transições feitas através da montagem para o show. A cena inicial dele tocando no cemitério cortando para o início do show com o avião passando e os fogos explodindo é de arrepiar. Porém, as encenações trazem algumas situações fakes, ainda que o sentimento que Rogers queira nos passar pareça de fato genuíno.
No show, tudo perfeito. Temos câmeras privilegiadas que nos mostram detalhes dos músicos, da plateia e ao mesmo tempo o enquadramento geral do espetáculo que nos dá a dimensão exata da grandiosidade de tudo aquilo. É curioso também perceber a plateia, com diversas gerações fanáticas por aquelas músicas desde senhores a jovens adolescentes cantando e vibrando com cada acorde de uma maneira intensa.
Por fim, após os créditos e mesmo a palavra The End na tela, vem o bônus. Roger Waters e Nick Mason sentados em uma mesa de bar tirando cartões com perguntas de pessoas diversas que vão desnudando um pouco dos dois músicos que ajudaram a formar uma das bandas mais icônicas do rock mundial. As perguntas são de todos os tipos, desde "O que você sentiu quando Roger Waters disse que ia sair do Pink Floyd?" para Nick Mason, passando por "Como você criou The Wall?" e "o que Nick pensou quando você mostrou a ideia do show para ele", até "Que conselhos vocês dariam para músicos iniciantes?". É interessante ficar para conferir, principalmente se você é fã da banda.
Ou seja, ainda que não tenha a emoção do ao vivo que o show traz, é uma experiência incrível ver tudo isso na tela grande do cinema com um som bem equipado.
Roger Waters - The Wall (Roger Waters - The Wall, 2014 / Reino Unido)
Direção: Sean Evans, Roger Waters
Roteiro: Sean Evans, Roger Waters
Duração: 165 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Roger Waters - The Wall
2015-09-28T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|musical|Roger Waters|Sean Evans|
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