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Alejandro González Iñárritu
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Paul Anderson
Tom Hardy
Will Poulter
O Regresso
O Regresso
Baseado em uma história real, O Regresso conta a fantástica história de Hugh Glass, um homem que foi atacado por um urso, deixado para morrer por seus companheiros e conseguiu sobreviver e retornar em busca de vingança. E Alejandro González Iñárritu consegue pegar isso e construir uma obra extremamente bem realizada.
Chama a atenção em primeira lugar o uso da câmera. Não apenas a fotografia de Emmanuel Lubezki, como as escolhas de direção que nos levam sempre para ângulos diversos, planos longos e alguns planos-sequência que vão dando ritmo ao filme e explorando ao máximo a linguagem cinematográfica. Alguns consideraram um filme pretensioso, não vejo assim. Mas, como um exercício estilístico que aqui está completamente em função da trama, pois nos ajuda a ter uma ideia da dimensão daquele cenário e dos desafios pelos quais passa o protagonista.
Há excessos, não podemos negar, a começar pela duração da obra com duas horas e meia. Algumas digressões em delírios repetitivos de Glass, por exemplo, poderiam ser resumidos. Inclusive algumas escolhas sobrenaturais estranhas como sua mulher voando em cima de si. Mas, que não deixam também de ajudar na compreensão dos sentimentos e angústias internas do personagem que passa muito tempo sozinho e calado.
Esse é um dos grandes méritos de Leonardo DiCaprio no filme, ainda que já tenha nos apresentado interpretações melhores. Ele segura as mais de duas horas de filme passando angústia, dor, sofrimento, amor e perseverança com pouquíssimas palavras. Boa parte das emoções passa pelo olhar. O trabalho de corpo também é muito bem feito. Ele realmente nos convence das dores que sente. Mas, não podemos deixar de elogiar também Tom Hardy em sua composição de John Fitzgerald, principalmente no sotaque carregado e na postura arrogante.
O roteiro baseado no livro de Michael Punke consegue dar conta de um mito de uma maneira interessante. Muito do que está no livro e consequentemente no filme é apenas imaginado, já que há diversas lacunas na trajetória de sobrevivência de Glass, mas se torna verossímil diante do mundo e regras criadas. Os próprios obstáculos e ajudas que ele encontra no caminho são bem construídos e embasados, ainda que em alguns momentos nos pareça que ele está azarado demais.
É interessante que, mesmo em uma história mítica baseado na realidade, Alejandro González Iñárritu se mantem fiel a seus próprios questionamentos sobre a humanidade e as disputas constantes. Americanos, franceses, índios de duas tribos. Não importa. Todos estão em busca do seu próprio espaço e sua própria razão. Ainda que haja alguns traços de compaixão e auxílio, no geral, vemos uma grande selva de luta por sobrevivência que a jornada do personagem de Leonardo DiCaprio acaba sendo um símbolo.
A atmosfera dos Estados Unidos daquela época também é bem construída. Tanto na direção de arte quando no clima tenso de tribos indígenas rivais, franceses e americanos em busca de peles e dinheiro. A mim, pareceu que os índios Arikara são retratados exageradamente agressivos, sendo sempre um grupo que já chega atirando. Mas, isso não deixa de ser apoiado nas lendas. De qualquer maneira, o filme tenta mostrar um pouco desse povo em sua saga pela busca da filha do cacique.
Mas, como já foi dito, o que chama a atenção mesmo na obra é a linguagem cinematográfica. A cena inicial já traz um impacto positivo na imersão da cena e na maneira como os planos são conduzidos em uma montagem ágil e detalhada ao mesmo tempo. A cena do ataque do urso é outra extremamente forte, que busca criar a sensação realista dos ataques, fazendo ser capaz de sentir parte da dor do protagonista a cada golpe em sua pele ou sacudida em seu corpo.
O Regresso é então, um grande filme. Impacta positivamente principalmente ao ser visto na tela grande com todos os atributos que lhe são peculiares. Dificilmente levará o Oscar no final do mês, mas merece ficar registrado na história do cinema.
O Regresso (The Revenant, 2016 / EUA)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Mark L. Smith, Alejandro González Iñárritu
Com: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Paul Anderson, Christopher Rosamond
Duração: 156 min.
Chama a atenção em primeira lugar o uso da câmera. Não apenas a fotografia de Emmanuel Lubezki, como as escolhas de direção que nos levam sempre para ângulos diversos, planos longos e alguns planos-sequência que vão dando ritmo ao filme e explorando ao máximo a linguagem cinematográfica. Alguns consideraram um filme pretensioso, não vejo assim. Mas, como um exercício estilístico que aqui está completamente em função da trama, pois nos ajuda a ter uma ideia da dimensão daquele cenário e dos desafios pelos quais passa o protagonista.
Há excessos, não podemos negar, a começar pela duração da obra com duas horas e meia. Algumas digressões em delírios repetitivos de Glass, por exemplo, poderiam ser resumidos. Inclusive algumas escolhas sobrenaturais estranhas como sua mulher voando em cima de si. Mas, que não deixam também de ajudar na compreensão dos sentimentos e angústias internas do personagem que passa muito tempo sozinho e calado.
Esse é um dos grandes méritos de Leonardo DiCaprio no filme, ainda que já tenha nos apresentado interpretações melhores. Ele segura as mais de duas horas de filme passando angústia, dor, sofrimento, amor e perseverança com pouquíssimas palavras. Boa parte das emoções passa pelo olhar. O trabalho de corpo também é muito bem feito. Ele realmente nos convence das dores que sente. Mas, não podemos deixar de elogiar também Tom Hardy em sua composição de John Fitzgerald, principalmente no sotaque carregado e na postura arrogante.
O roteiro baseado no livro de Michael Punke consegue dar conta de um mito de uma maneira interessante. Muito do que está no livro e consequentemente no filme é apenas imaginado, já que há diversas lacunas na trajetória de sobrevivência de Glass, mas se torna verossímil diante do mundo e regras criadas. Os próprios obstáculos e ajudas que ele encontra no caminho são bem construídos e embasados, ainda que em alguns momentos nos pareça que ele está azarado demais.
É interessante que, mesmo em uma história mítica baseado na realidade, Alejandro González Iñárritu se mantem fiel a seus próprios questionamentos sobre a humanidade e as disputas constantes. Americanos, franceses, índios de duas tribos. Não importa. Todos estão em busca do seu próprio espaço e sua própria razão. Ainda que haja alguns traços de compaixão e auxílio, no geral, vemos uma grande selva de luta por sobrevivência que a jornada do personagem de Leonardo DiCaprio acaba sendo um símbolo.
A atmosfera dos Estados Unidos daquela época também é bem construída. Tanto na direção de arte quando no clima tenso de tribos indígenas rivais, franceses e americanos em busca de peles e dinheiro. A mim, pareceu que os índios Arikara são retratados exageradamente agressivos, sendo sempre um grupo que já chega atirando. Mas, isso não deixa de ser apoiado nas lendas. De qualquer maneira, o filme tenta mostrar um pouco desse povo em sua saga pela busca da filha do cacique.
Mas, como já foi dito, o que chama a atenção mesmo na obra é a linguagem cinematográfica. A cena inicial já traz um impacto positivo na imersão da cena e na maneira como os planos são conduzidos em uma montagem ágil e detalhada ao mesmo tempo. A cena do ataque do urso é outra extremamente forte, que busca criar a sensação realista dos ataques, fazendo ser capaz de sentir parte da dor do protagonista a cada golpe em sua pele ou sacudida em seu corpo.
O Regresso é então, um grande filme. Impacta positivamente principalmente ao ser visto na tela grande com todos os atributos que lhe são peculiares. Dificilmente levará o Oscar no final do mês, mas merece ficar registrado na história do cinema.
O Regresso (The Revenant, 2016 / EUA)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Mark L. Smith, Alejandro González Iñárritu
Com: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Paul Anderson, Christopher Rosamond
Duração: 156 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Regresso
2016-02-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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