Home
cinema europeu
critica
drama
Lars Ranthe
OlhardeCinema2016
Thomas Vintenberg
Trine Dyrholm
Ulrich Thomsen
A Comunidade
A Comunidade
Novo filme de Thomas Vintenberg, A Comunidade traz características próximas de seus grandes filmes. A principal delas é trabalhar as emoções humanas elevando a níveis insuportáveis e fazendo-as explodir em dores quase vivas. Ainda assim, traz problemas, principalmente de ritmo.
O casal de acadêmicos Erik e Anna, junto com a filha Freja, resolvem abrir sua casa para criar uma comunidade igualitária em um belo bairro de Copenhague. Realizando uma seleção quase às cegas, vão reunindo pessoas diversas. Porém, a concepção ideal acaba desmoronando em alguns aspectos.
A principal questão que Vintenberg explora é a ironia dos sonhos perdidos. Principalmente em relação à personagem Anna que é quem idealiza o projeto da comunidade e quem acaba sendo mais afetada por ela. Enquanto que Erik, reticente à ideia, acaba reconfigurando sua vida de maneira surpreendente.
Há situações insólitas na convivência do grupo. Como um personagem que nunca colabora financeiramente e quando cobrado começa a chorar. Ou o garotinho desenganado que sempre repete quando quer comover “eu não passarei dos nove anos”. Ou ainda o relacionamento da jovem Freja com um jovem mais velho.
Mas, sem dúvidas, a situação mais incômoda é o drama vivido pelo casal principal. Sem querer dar muitas informações e spoilers, a maneira como a situação vai sendo construída é incômoda. Não apenas pela apatia, mas pela antecipação de que não vai dar certo, que há mais ali a ser resolvido, mas que os personagens preferem esconder e fingir não ver. E os atores Ulrich Thomsen e Trine Dyrholm conseguem desenvolver muito bem as emoções contidas e posteriores explosões dos personagens.
Ainda assim, o filme parece carecer de ritmo e propósito. Expor o mundo idealizado desmoronando é instigante, mas soa também utópico, por todos os vieses ali apresentados. A forma como a comunidade se organiza e como vai sendo desenvolvida a ação demonstram cansaço, até pelo fato de muitas das situações se tornarem absurdas à nossa vista.
Ainda assim, Vintenberg demonstra eficiência em trabalhar os espaços, focando principalmente na casa onde a comunidade se estabelece. As cenas à mesa acabam sendo as mais interessantes, seja em deliberações da comunidade ou em simples confraternizações. Ali são dadas as pistas com olhares ou ausência de comunicação entre o casal, por exemplo. Ali também percebemos as relações entre os personagens, inclusive do pequeno Vilades que olha a garota Freja, com o dobro de sua idade, com sonhos impossíveis.
No final, A Comunidade é um filme de altos e baixos, mas que consegue nos envolver e nos tirar da situação de conforto. Não tanto quanto A Caça, um dos filmes anteriores do diretor. Mas, ainda assim, uma obra que merece nossa atenção.
Filme visto no 5º Olhar de Cinema de Curitiba.
A Comunidade (Kollektivet, 2016 / Dinamarca)
Direção: Thomas Vintenberg
Roteiro: Thomas Vintenberg,
Com: Ulrich Thomsen, Trine Dyrholm, Lars Ranthe
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Comunidade
2016-06-19T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema europeu|critica|drama|Lars Ranthe|OlhardeCinema2016|Thomas Vintenberg|Trine Dyrholm|Ulrich Thomsen|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
E na nossa cobertura do FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil , mais uma vez pudemos conferir uma sessão de dublagem ao vivo . Ou...
-
Terra Estrangeira , filme de 1995 dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas , é um dos filmes mais emblemáticos da retomada do cinema b...
-
Raquel Pacheco seria apenas mais uma mulher brasileira a exercer a profissão mais antiga do mundo se não tivesse tido uma ideia, na época i...
-
“Testemunha ocular da História”, esse slogan de um famoso radiojornal brasileiro traduz bem o papel da imprensa no mundo. Um fotojornalista...
-
Para prestigiar o Oscar de Natalie Portman vamos falar de outro papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar em 2004. Clos...
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
Quando Twister chegou às telas em 1996, trouxe consigo um turbilhão de expectativas e adrenalina. Sob a direção de Jan de Bont , conhecido ...
-
Lucky Luke (2009) é uma adaptação cinematográfica de um ícone dos quadrinhos franco-belgas que há décadas encanta os leitores com suas ave...
-
Os Fantasmas Se Divertem (1988), dirigido por Tim Burton , é um marco do cinema que mescla comédia e horror de maneira original. Este fi...