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João Paulo Miranda Maria
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A Moça que dançou com o Diabo
A Moça que dançou com o Diabo
No primeiro dia de Competitiva do 5º Olhar de Cinema de Curitiba, um dos destaques foi o curta-metragem “A Moça que dançou com o Diabo”, do cineasta João Paulo Miranda Maria.
Vencedor do prêmio especial do júri no último Festival de Cannes, o curta traz uma releitura de uma antiga lenda do interior paulista, onde uma garota de uma família extremamente católica desobedece os pais e vai para uma festa em plena sexta-feira santa.
No filme, João Paulo trouxe outro ponto de vista para a trama. A garota aqui é de uma família evangélica, canta hinos nas pregações promovidas pelos pais no meio da rua e segue uma rotina rígida. Porém, está em plena adolescência, descobrindo seus próprios desejos.
O filme encadeia bem a apresentação das personagens e a rotina familiar. Apesar da crítica religiosa, não há preconceito por parte do filme em relação aos evangélicos. Apenas um retrato das pregações e postura de vida.
Há pausas bem construídas, assim como uma boa ambientação. João Paulo trabalha com não-atores buscando um cinema realista, apesar do tom fantástico na parte final. E funciona. O clima é bem construído, inclusive com a amiga que vai levando a garota para conhecer o outro, se maquiando e usando roupas provocantes para dançar na noite.
É, no geral, um filme envolvente e bem produzido que fica em nossa mente.
Filme visto no 5º Olhar de Cinema - Curitiba
A Moça que Dançou com o Diabo (2016 / Brasil)
Direção: João Paulo Miranda Maria
Roteiro: João Paulo Miranda Maria
Duração: 14 min.
Reflexões após sessão:
Impressiona que seja um filme de guerrilha. Como falou o diretor após a sessão, foi realizado com apenas R$ 500,00 e foi para Cannes. João Paulo já tinha ido ao Festival com o curta Command action, mas na semana da crítica. Essa foi a primeira na competitiva oficial.
O diretor lamentou que seja tão difícil conseguir apoio para realizar filmes quando ainda se é desconhecido. “Falam da Lei Rouanet, mas se você não tem um currículo é complicado, as empresas não se interessam”.
Segundo ele, ir dois anos a Cannes com filmes bancados pelo próprio grupo abriu portas, até produtores de Hollywood já ligaram para ele. Mas, mesmo assim não é fácil. Para o primeiro longa-metragem ele está fazendo parcerias com produtoras mais experientes para conseguir viabilizar o projeto.
É uma reflexão que fica, de fato. A dificuldade de começar. Como mostrar que tem talento se não consegue a primeira oportunidade ? Ele pelo menos, conseguiu uma equipe para bancar junto a ideia, muitos não devem ter a mesma sorte.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Moça que dançou com o Diabo
2016-06-11T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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