
Os Jogos Paralímpicos de 2016 estão próximos e, além de sediar o evento, o Brasil é um potencial mundial em diversas modalidades. Mesmo assim, a maioria dos brasileiros não conhece seus atletas, nem mesmo sabe da capacidade de superação e recordes de cada um deles. Somos um país que pouco valoriza o esporte, essa é a verdade. Futebol e um pouco de vôlei, o resto só quando ganham medalha, de preferência de ouro, e mesmo assim, logo depois são esquecidos. Imagine então atletas paralímpicos?
O documentário Paratodos é uma bela homenagem a alguns desses guerreiros quase anônimos. Foca em quatro modalidades – natação, atletismo, canoagem e futebol –, mas de certa maneira acaba trabalhando o tema como um todo, tocando, inclusive na dificuldade de inclusão do deficiente físico na sociedade e do pouco caso da própria organização de eventos esportivos como no caso do erro de classificação na canoagem.

De qualquer maneira, a obra acompanha alguns atletas de ponta, demonstrando suas dificuldades e capacidade de superação de uma maneira verdadeira e emocionante. Como o velocista Alan Fonteles. Após surpreender o mundo vencendo o franco favorito Oscar Pistorius nos Jogos Paralímpicos de Londres, se tornou referência no esporte, mas sofreu com o ganho de peso e o descrédito em algumas provas. O filme acompanha momentos do atleta, demonstrando seu talento e capacidade de superação.

Outra que precisa da ajuda dos técnicos é a nadadora Susana Schnamdorf, que sofre com uma doença degenerativa e tem que fazer exames e passar por testes para provar suas deficiências, podendo assim nadar em categorias com pessoas do mesmo nível. Por estar sempre buscando se superar, algumas pessoas levantam a hipótese dela estar fingindo.
Por fim, o filme acompanha a equipe de futebol em um campeonato no Japão. Essa é a montagem mais dinâmica, mesclando imagens dos jogos com os atletas no hotel, no ônibus ou mesmo na concentração. Não foca em um único, mas no grupo, e assim, acaba resumindo apenas aquele campeonato, sem falar das trajetórias de cada um deles até ali, ou mesmo a partir dali.
Essa inconstância do filme que torna cada parte algo deslocado do todo, acaba sendo mesmo o principal entrave do filme. Trabalhar todos com mais unidade traria, talvez, a sensação maior de espírito olímpico e da importância de observar a todos de fato. De qualquer maneira, é um filme necessário, para conhecermos um pouco mais de sobre os principais nomes dos atletas paralímpicos brasileiros e sua importância mundial.
Paratodos (2016 / Brasil)
Direção: Marcelo Mesquita
Roteiro: Peppe Siffredi
Duração: 106 min.