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A Sociedade Secreta de Souptown
A Sociedade Secreta de Souptown
Eleito melhor filme infantil no Festival de Zurique, A Sociedade Secreta de Souptown é uma aventura divertida que busca misturar mistério com mensagens positivas para adultos e crianças.
Após um festival na cidade de Tartu, na Estônia, adultos começam a se comportar como crianças. É quando a pequena Mari recebe uma missão de seu avô junto com um misterioso caderno: descobrir o antídoto para essa estranha epidemia. O problema é que eles só tem 48 horas para isso, e nenhum adulto acredita neles agora que o avô da garotinha também está contaminado.
A estrutura do roteiro é de aventura. Mesmo antes da epidemia, Mari e seus amigos já brincavam de caça ao tesouro e a desvendar enigmas criados pelo avô. Juntos, eles formam a Sociedade Secreta de Souptown, prometendo nunca desistir de um bom mistério. Tem também a gangue de garotos mais velhos que os ameaça. E, claro, um adulto estranho para onde apontam as principais suspeitas.
Um mascarado é o vilão. Aquele que envenenou a bebida do Festival e causou a epidemia. Ele está atrás do caderno e é a grande ameaça a Mari e seu grupo. Mas o que o atrapalha mesmo sua missão é nenhum adulto acreditar nela. Nem mãe, nem pai, nem os policiais. Todos menosprezam ou ridicularizam sua informação.
Esse talvez seja o ponto mais interessante da obra. Alertar os adultos para dar atenção às crianças. Não apenas no fato de Mari não ser levada a sério em suas descobertas, mas também em suas vontades. Sua mãe quer que ela se dedique à ciência, pois é médica. Seu pai quer que ela faça ballet, pois é coreógrafo. Mas a garota quer ser arqueóloga e por isso adora seguir esses enigmas.
Querer que uma criança seja o que achamos que deve ser o melhor para ela não é um bom caminho. É preciso perceber o ritmo e gosto de cada um. Cada criança é única e não podemos impor nossas expectativas nelas. Da mesma maneira que não podemos imaginar que tudo que vem delas seja de menos importância.
Claro que existe um universo de fantasia no filme e alguns estereótipos e exageros, principalmente na revelação da identidade do mascarado. Mas o filme não deixa de colocar as questões de uma maneira reflexiva. E também tenta justificar sua fantasia com a ciência, já que tudo é construído a partir de fórmulas químicas.
Uma coisa que prejudica a interpretação dos atores e a fruição da obra, no entanto, é a dublagem. Muitas vezes forçada, com vozes e frases empostadas demais, causando estranheza e falta de naturalismo em muito momentos. Há também um excesso de sons e respiração, principalmente nas falas do avô que soam exageradas e falsas. É complicado analisar essa parte técnica por isso, mas é possível embarcar na aventura apesar dela. A Sociedade Secreta de Souptown acaba sendo um filme divertido e envolvente.
Filme visto no 14º Festival Internacional de Cinema Infantil - FICI.
A Sociedade Secreta de Souptown (Supilinna Salaselts, 2015 / Estônia)
Direção: Margus Paju
Roteiro: Christian Gamst Miller-Harris, Mihkel Ulman
Com: Olivia Viikant, Arabella Antons, Hugo Soosaar
Duração: 105 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Sociedade Secreta de Souptown
2016-10-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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