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A Última Lição
A Última Lição
O argumento do filme de Pascale Pouzadoux é polêmico. Mexe com crenças, com ética, com sentimentos. Afinal, uma idosa comunica aos familiares que vai praticar um suicídio. O motivo? Já viveu bastante e seu corpo está dando sinais de cansaço.
Na verdade, não é que Madeleine não queira envelhecer, como acusa o filho. Afinal, ela já tem 92 anos e enfrentou, sem dúvidas, muitas intempéries da idade. Ela não aceita é se colocar na posição de idoso inútil. Tem até um caderninho com as coisas que não pode mais fazer. E quando nem mesmo ir ao banheiro é uma tarefa fácil para se ir só, ela entende que é chegada a hora de partir.
Independente de opiniões sobre o ato, o que motiva, de fato A Última Lição não é a morte, nem o envelhecimento. Mas o se colocar no lugar do outro. A aproximação, não na tentativa de impor ideias, mas de compreender a visão do outro e tentar proporcionar o máximo de momentos felizes ao lado de outra pessoa.
É isso que Diane, filha de Madeleine faz. Ao contrário do seu irmão que só briga e tenta impedir atos de sua mãe à força. Ela se aproxima da genitora para lhe dar carinho, atenção e compreensão. E é nesse ponto que o filme se torna belo. A mudança de papéis é sutil e ao mesmo tempo tocante. A filha tomando conta da mãe, como foi cuidada um dia.
O encontro das duas, os momentos juntas, seja um simples banho ou uma complexa viagem nos faz pensar. Acredito que toque, principalmente, aqueles que já perderam um ente querido próximo. E compreendam o quão é importante ter boas lembranças para amenizar a saudade. A partir da convivência das duas é possível discutir convivências diversas.
Há também uma questão bastante forte da situação do idoso. A impossibilidade de viver só. A praticidade de colocar em asilos. As discussões éticas sobre como se deve conduzir esses últimos momentos de vida. E olha que estamos falando da França, um país com boas políticas para idosos. Imagine um país como o Brasil?
A Última Lição é um filme belo por esse viés do encontro e compreensão do outro. Tem exageros que mexem com nossas crenças, é verdade. E trabalha com um tema extremamente polêmico de maneira quase leviana. Mas a grande questão aqui, é mesmo o respeito ao livre-arbítrio alheio e o que podemos fazer com isso.
A Última Lição (La dernière leçon, 2016 / França)
Direção: Pascale Pouzadoux
Roteiro: Pascale Pouzadoux, Laurent de Bartillat
Com: Marthe Villalonga, Sandrine Bonnaire, Antoine Duléry
Duração: 105 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Última Lição
2017-01-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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