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Atômica
Atômica
Agentes extremamente treinados, conspirações, lutas e perseguições. A Guerra Fria sempre rendeu ótimos filmes de espionagem. Atômica não é diferente. Tem um malabarismo estético impressionante e cenas de tirar o fôlego, pena que o roteiro não seja tão caprichado quanto as escolhas de direção.
A agente Lorraine Broughton, interpretada por Charlize Theron tem um missão: ir a Berlim às vésperas da queda do muro para recuperar uma lista de nomes de agentes duplos. O roteiro tem esse ponto positivo de não nos contar uma trama linear. Iniciamos com Broughton quebrada, cheia de hematomas e cicatrizes, tendo que se arrumar para dar seu depoimento sobre o que aconteceu durante a missão. O recurso traz agilidade e também doses de ironia, já que em muitos momentos ela vai explicar algo e a imagem mostra algo diferente ou faz uma piada visual com isso.
Porém a estratégia e as diversas reviravoltas do roteiro não conseguem disfarçar que este seja o ponto mais fraco da obra. Não há nada de novo, nada de especial, nem mesmo uma estrutura inteligente de plots e construção de personagens em geral. Ele se utiliza de diversos clichês do gênero, inclusive nos estereótipos de agente superhumano e mocinha indefesa mesmo sendo a protagonista uma mulher. A personagem de Sofia Boutella, inclusive, tem diversos problemas de construção e representatividade.
Ainda assim, David Leitch nos apresenta um filme extremamente bem planejado. E não é apenas por uma cena incrível em plano sequência de uma luta que começa nas escadas e vai parar na rua. Toda a concepção estética, a escolha dos planos, o tratamento de cor, a fotografia com utilização de neon, tudo nos dá efeitos satisfatórios de não estarmos vendo algo genérico. É um filme de ação que pensa a técnica cinematográfica em seus diversos aspectos.
E nesse quesito se destaca em especial o trabalho de som. Principalmente a trilha sonora com diversos hits da época que se encaixam perfeitamente nas situações desenvolvidas. O perigo é que em alguns momentos ela rouba demais a cena, nos fazendo prestar mais atenção nela que nos diálogos, como em um momento específico em que ouvimos The Politics of Dancing, da Re-Flex.
O tom de thriller político, no entanto, acaba se sobrepondo ao de espionagem propriamente dito, exatamente pelas escolhas de roteiro. A reviravoltas vão se sucedendo e acabam se tornando tolas e cansativas em vez de instigar a própria investigação do espectador. A busca pelo efeito surpresa acaba prejudicando a própria estrutura da trama, inclusive com a revelação final que acaba sempre privilegiando determinada potência.
Atômica tem diversos aspectos que contam a seu favor. É um filme bem feito, com boas atuações, cenas memoráveis, trilha primorosa, mas que ao construir um roteiro genérico perder uma ótima oportunidade de desenhar um grande filme. Acima da média, é verdade, mas acaba aquém do seu potencial.
Atômica (Atomic Blonde, 2017 / EUA)
Direção: David Leitch
Roteiro: Kurt Johnstad
Com: Charlize Theron, James McAvoy, John Goodman, Sofia Boutella, Toby Jones, Bill Skarsgård, Eddie Marsan
Duração: 115 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Atômica
2017-08-31T08:30:00-03:00
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