Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2017
Prejudicado pela data em que acontece, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro continua tendo pouco destaque na mídia, ou mesmo entre público e cinéfilos, porém é uma premiação que ganha cada vez mais força, até pela diversidade e qualidade crescente do cinema nacional. Após protestos políticos e polêmicas na indicação do candidato ao Oscar do ano passado, Aquarius e Kleber Mendonça Filho saíram vencedores do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com os prêmios de Melhor Filme de Ficção e de Melhor Diretor, respectivamente. O filme pernambucano levou ainda o prêmio de Melhor Trilha Sonora. Já Pequeno Segredo que foi o representante brasileiro na época, levou apenas o prêmio de Melhor Efeito Visual.
Porém, o que marcou mesmo a noite foi a divisão de prêmios. Muitas categorias acabaram em empates como o Melhor Documentário ou as duas categorias de roteiro, o que pode enfraquecer o brilho da premiação pela sensação de "em cima do muro". Ainda assim, vimos boas escolhas como "Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil", de Belissário Franca, que dividiu o prêmio com "Cinema Novo", de Eryk Rocha, e levou sozinho o prêmio pelo júri popular.
Outros dois filmes se destacaram nas premiações, Boi Neon, de Gabriel Mascaro, ficou com três prêmios merecidos, melhor roteiro original, melhor filme pelo voto popular e melhor ator para Juliano Cazarré. Já Elis levou seis prêmios técnicos (Figurino, Maquiagem, Som, Trilha Sonora Original, Direção de Arte e Montagem) e o prêmio de melhor atriz para Andrea Horta. Destaque ainda para o merecido prêmio de melhor filme de comédia para O Shaolin do Sertão, de Halder Gomes. E para o curta Buscando Helena, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner.
A premiação, dirigida por Bia Lessa, foi costurada por frases e trechos de diversas obras construindo uma espécie de novo filme no teatro, o que foi interessante, porém, acabou se tornando cansativo. A divulgação dos indicados misturando categorias também foi confusa e não deu a sensação de agilidade que parecia ser o objetivo. Ainda assim, tivemos belos momentos como o agradecimento da atriz Laura Cardoso ao receber o prêmio de melhor atriz coadjuvante por "De Onde Eu Te Vejo". Visivelmente emocionada, disse que o troféu era o seu presente de aniversário adiantado, já que completa 90 anos no próximo dia 13 de setembro. Mas o momento mais emocionante foi quando Helena Ignez e Antonio Pitanga subiram ao palco para serem homenageados.
Entre erros e acertos é bom ver o cinema brasileiro ganhando corpo. A se pautar pela safra desse ano, temos tudo para uma disputa ainda mais difícil no ano que vem. Academia poderia apenas trazer a premiação para o primeiro semestre, o que poderia lhe dar mais força com o clima da temporada de premiações. E, quem sabe um dia, a gente consegue presenciar uma movimentação maior na mídia e nas redes sociais em torno do prêmio tal qual acontece com as premiações estadunidenses. Vamos torcer.
Confira a lista completa dos vencedores:
Melhor Longa-metragem de Ficção
"Aquarius" de Kleber Mendonça Filho
Melhor Longa-metragem documentário
"Cinema Novo" de Eryk Rocha e "Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil" de Belissário Franca
Melhor Longa-metragem de Comédia
O Shaolin do Sertão, de Halder Gomes
Melhor Longa-metragem estrangeiro
A Chegada, de Dennis Villeneuve
Menção Honrosa - Melhor longa-metragem Infantil
Carrossel - O Sumiço de Maria Joaquina
Melhor Direção
Kleber Mendonça Filho por “Aquarius”
Melhor Atriz
Andrea Horta por "Elis"
Melhor Ator
Juliano Cazarré por "Boi Neon"
Melhor Ariz Coadjuvante
Laura Cardoso por "De Onde Eu Te Vejo"
Melhor Ator Coadjuvante
Flavio Bauraqui por "Nise - O Coração da Loucura"
Melhor Roteiro Original
Domingos Oliveira por “BR716” e Gabriel Mascaro por “Boi Neon”
Melhor Roteiro Adaptado
“Minha Mãe É uma Peça” e “Big Jato”
Melhor Curta-metragem de documentário
Buscando Helena, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner
Melhor Curta-metragem de ficção
O Melhor Som do Mundo, de Pedro Paulo de Andrade
Melhor Curta-metragem de animação
Vida de Boneco, de Flavio Gomes
Melhor Montagem de Documentário
Renato Vallone por "Cinema Novo" - Coprodução do Canal Brasil
Melhor Montagem de Ficção
Tiago Feliciado por “Elis”
Melhor Direção de Arte
Frederico Pinto por “Elis”
Melhor Trilha Sonora Original
Otavio de Moraes por “Elis”
Melhor trilha sonora
Mateus Alves por “Aquarius”
Melhor Som
JORGE REZENDE, ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e EDUARDO VIRMOND LIMA por "Elis"
Melhor Maquiagem
Ana Van Steen por “Elis”
Melhor Figurino
Cristina Camargo por “Elis”
Melhor Efeito Visual
Marcelo Siqueira por “Pequeno Segredo”
Voto Popular:
Melhor Longa-metragem de Ficção
Boi Neon, de Gabriel Mascaro
Melhor Longa-metragem Documentário
Menino 23 - Infâncias Perdidas
Melhor Longa-metragem estrangeiro
Garota Dinamarquesa
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2017
2017-09-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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