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Lady Bird: É Hora de Voar
Lady Bird: É Hora de Voar
Existem diversos tipos de adolescentes, mesmo os chamado "coming of age" podem seguir os caminhos mais diversos. Lady Bird chama a atenção por ser tão parecido a tudo o que você já viu e ao mesmo tempo tão singular.
Christine McPherson é uma típica adolescente que vive em Sacramento. Não gosta de ser pobre, estuda em um colégio católico, mas questiona a religião, tem uma relação de amor e ódio com sua mãe e sonha em fazer faculdade em Nova York. O filme até flerta com alguns estereótipos do high school, sua melhor amiga Julie é uma gordinha, boa de matemática que em determinado momento não vai servir a seus propósitos, por exemplo. Mas o roteiro não foca nisso, trazendo diversos plots que vão nos surpreendendo, desde uma revelação sobre o primeiro namorado até o baile de formatura.
É um filme de personagem. Christine, ou melhor, Lady Bird que é como ela se auto-denomina, está descobrindo a vida, amadurecendo e experimentando tudo que esse momento lhe traz. As primeiras relações sexuais, o primeiro trabalho, a primeira carteira de motorista. E também algumas experiências com artes e com escolhas profissionais.
Greta Gerwig nos apresenta tudo isso de maneira leve, sem os típicos traumas adolescentes que sempre parecem exageros. Mesmo as brigas com a mãe soam passageiras e suportáveis, mesmo quando esta lhe parece mais dura do que deveria. Há códigos ali muito próprios de uma relação entre mãe e filha, entre disputa e cuidado, amor e ódio. E Laurie Metcalf e Saoirse Ronan são extremamente sensíveis em conduzir essa relação com todas as nuanças que lhe cabem.
Há verdade em Lady Bird, mesmo que seja a verdade da ficção. É fácil embarcar em seu universo e comprar suas personagens. Criamos empatia com todos por mais odiáveis que pareçam em determinados momentos. As próprias questões do roteiro parecem se antecipar pela naturalidade com que vão se desenrolando.
A direção é precisa em construir seu ritmo a partir de rotinas nos colando junto as personagens em seu dia a dia. Talvez por isso o que fique da obra seja essa sensação de acolhimento. E determinado momento ouvimos a frase de que "amor e atenção" talvez sejam a mesma coisa. E é isso que o filme nos passa, por ser feito com tanta atenção aos pequenos detalhes, parece mesmo repleto de amor e acolhimento.
Lady Bird: É Hora de Voar nos conquista por sua simplicidade. Bem conduzido por Greta Gerwig em seu filme de estreia, ela deixa, literalmente que suas personagens e interpretem alcem voo em tela.
Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird, 2018 / EUA)
Direção: Greta Gerwig
Roteiro: Greta Gerwig
Com: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Lady Bird: É Hora de Voar
2018-02-12T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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