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A Guerra dos Sexos

A Guerra dos Sexos - filme

As roupas, os cabelos, os cenários denunciam a época. Diante da evolução mundial, das conquistas das mulheres e da comunidade LGBT, falar em guerra dos sexos parece algo ultrapassado. Porém, se formos analisar que a maioria das competições continuam premiando os homens com valores maiores que as mulheres, ou mesmo se observarmos as discrepâncias de salários entre eles em qualquer modalidade, vamos perceber que a luta de Billie Jean King e seu grupo, infelizmente, continua atual.

A Guerra dos Sexos não narra apenas o jogo histórico entre os tenistas Billie Jean King e Bobby Riggs. Fala, como a própria atleta disse a um dos repórteres, de respeito. Respeito pelo próximo, respeito pelas mulheres, respeito pelo esporte, que a maioria das vezes é colocado em segundo plano em nome do lucro. A própria aposta do tenista parece mais um circo midiático que qualquer outra coisa. Mas representou historicamente muito pela luta feminista.

A Guerra dos Sexos - filmeEmma Stone conseguiu construir bem essa imagem de Billie Jean King, uma mulher que não queria "tomar o lugar do homem", mas apenas ser respeitada em seu espaço. Ainda que o filme aborde seu relacionamento com a cabeleireira Marilyn Barnett, não pesa a mão no romance a ponto de desviar a trama de seu objetivo maior, sendo delicado em retratar a protagonista em todas as suas camadas.

Jogador compulsivo, Bobby Riggs apenas aproveitou o momento para aparecer. Elevou a disputa, exagerando no papel machista com única intenção de intensificar o interesse. Steve Carell compreende bem isso, construindo-o como um fanfarrão. Ao contrário de Jack Kramer que interpretado por Bill Pullman, tem uma carga muito mais pesada anti-feminista.

A Guerra dos Sexos - filmeO roteiro de Simon Beaufoy consegue uma boa economia narrativa ao construir o cenário desigual do torneio masculino e feminino. Assim como a criação da liga alternativa para apresentar bem o universo ficcional, ambientando o espectador para a disputa. O próprio desafio inicial funciona bem como plot para a decisão de Billie Jean que tinha noção da intenção de Riggs e do que tudo aquilo poderia representar em sua carreira.

Jonathan Dayton e Valerie Faris, que sempre trabalharam tão bem juntos, conseguem trazer um bom equilíbrio à direção, valorizando o mundo masculino e feminino nessa busca por igualdade, não pela vitória de um ou de outro. Ainda que seja quase impossível não vilanizar os homens nessa situação, vide o grupo assistindo ao jogo pela televisão.

As partidas de tênis são outro ponto positivo da obra. A direção consegue recriar boas disputas, ambientando a plateia nos jogos, principalmente no duelo, tornando-se fácil de acompanhar mesmo para leigos no esporte. A construção da emoção, sabendo ou não o resultado, é bem conduzida pelos pontos, narrações, comentários e reações das plateias.

A Guerra dos Sexos pode não ter a criatividade de um Ruby Sparks nem a excelência de Pequena Miss Sunshine, dois trabalhos superiores da dupla de diretores. Porém é competente em seu objetivo, ajudando a refletir sobre as lutas que ainda hoje são necessárias e válidas, por mais que pensemos que já tenhamos avançado. Quem sabe um dia.


A Guerra dos Sexos (Battle of the Sexes, 2017 / EUA)
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris
Roteiro: Simon Beaufoy
Com: Emma Stone, Steve Carell, Andrea Riseborough, Natalie Morales, Bill Pullman, Elisabeth Shue, Austin Stowell
Duração: 121 min.

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