O refrão da música do ABBA que dá nome ao filme é a tradução perfeita do que esse musical significa. "Mamma Mia! Here We Go Again. My my, how can I resist you?" É uma bobagem, sabemos disso, mas é divertido e a gente não resiste, inclusive de sair cantando as canções chicletes que marcaram época.
A história traz Sophie de volta à ilha onde nasceu para realizar o sonho de sua mãe Donna, já falecida: reabrir o seu hotel naquele local paradisíaco. Em paralelo a isso, o roteiro retorna ao passado para contar como Donna chegou ali e conheceu Sam. Harry e Bill, possíveis pais de Sophie. No mais, tudo é desculpa para o elenco abrir a boca e cantarolar as músicas do grupo sueco, inclusive os primeiros hits do primeiro filme estão de volta, assim como muitas outras músicas pouco conhecidas que preenchem a projeção quase por inteiro.
Trazer o passado de Donna para primeiro plano com um elenco jovem, foi um dos grande acertos da produção. Ainda que, tendo o primeiro filme fresco na memória, seja possível pegar muitas incongruências. A principal delas, claro, são as referências que o primeiro filme fazem ao passado seja em fotos ou imaginação. As descrições do diário de Donna, que Sophie lê para as amigas, também traz algumas divergências do que vemos em tela, inclusive na ordem em que os jovens surgem em sua vida. As referências à mãe de Donna também não combinam. Mas tudo isso pouco importa. Na verdade, esse segundo filme acaba construindo uma curva mais consistente, o que acaba sendo positivo. A ausência de Meryl Streep não é sentida, porque ela parece presente durante toda a projeção. E sua pouca participação acaba sendo marcante, em especial em uma emocionante cena. Lily James, que faz a Donna jovem também consegue trazer muito do espírito da personagem para a tela, preenchendo a ausência da estrela. E, claro, temos a participação especial de Cher, que só não foi melhor porque a divulgação do filme acabou entregando demais as circunstâncias e cenas. Caso fosse uma surpresa, teria mais impacto.
Com mais recursos, o filme ampliou os números musicais, tendo mais figurantes e sequências grandiosas como uma cena de barcos ou um temporal. Mas, de modo geral, não há muita novidade técnica ou mesmo estética na obra como um todo. Funciona como um entretenimento divertido, descartável, quase um guilty pleasure, mas não chega a ser algo vergonhoso de fato, nem ruim, ainda que muitas cenas pareçam ridículas. É um filme para se deixar levar.E isso nos faz voltar ao refrão de Mama Mia! Porque é isso que as músicas do ABBA traduzem e também aquelas personagens. Elas simplesmente se deixam levar pelo que a vida lhe oferece. O espírito livre de Donna que cativou aos três jovens. Espírito livre que parece mesmo ser um vírus contagiante desde a cena da formatura, vide a reação dos professores e colegas. O filme é competente ao construir essa mulher como especial em todos os sentidos. Não apenas pela beleza, mas como uma líder, amiga e companheira apaixonante, sendo verossímil que conquiste a todos.
Uma brincadeira, um convite para celebrar a vida, com muita música e um cenário paradisíaco na Grécia. Isso é Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo. Não se pode esperar mais do que o filme se propõe. É se divertir e cantar junto, de novo.
Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (Mamma Mia! Here We Go Again, 2018 / EUA)
Direção: Ol Parker
Roteiro: Ol Parker
Com: Lily James, Amanda Seyfried, Andy Garcia, Dominic Cooper, Julie Walters, Christine Baranski, Pierce Brosnan, Stellan Skarsgård, Colin Firth, Cher, Meryl Streep
Duração: 114 min.
