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O Nome da Morte

O Nome da Morte - filme

Baseado em uma história real, O Nome da Morte é um filme que busca sair do lugar comum do que é visto nos cinemas brasileiros. Porém, acaba sendo um resumo pouco aprofundado sobre uma personagem tão complexa em uma realidade brasileira tão específica.

Dirigido por Henrique Goldman (Jean Charles), o filme refaz os passos de Júlio Santana. Um jovem ingênuo do interior que é levado pelo tio Cícero para a capital com a promessa de vencer na vida fazendo carreira como policial militar. Só que, na verdade, ele vai se tornar um matador profissional, sendo enredado em uma trama que não parece ter saída.

O Nome da Morte - filmeO roteiro de George Moura, com contribuição do próprio diretor e de Vitor Leite, utiliza a já conhecida estratégia de iniciar o filme no meio da ação, com uma cena que não se explica muito, para depois retroceder no tempo e contar como se chegou até ali. É uma estratégia que sempre funciona, porque gera curiosidade, porém, a progressão dramática a partir daí, acaba claudicando em vários momentos, saltando em momentos importantes da vida do matador e inserindo cartelas de fundo preto com os números das mortes aumentando.

Na verdade, o roteiro se limita a narrar esses fatos, sem buscar discutir questões éticas ou mesmo julgar suas personagens. Não seria um problema, porém, o fato de não aprofundar o tema torna o filme quase vazio, uma simples experiência curiosa que não se define por um drama nem um filme de ação. É apenas uma narração de fatos. A tensão das mortes não é sentida, a adrenalina das ações não é bem dosada, nem mesmo o drama familiar, a questão com o tio, o romance com Maria, a questão do filho, isso sem falar na família original que é esquecida. Tudo vai sendo jogado na tela como uma curiosidade por uma vida de uma pessoa que realmente existe.

O Nome da Morte - filmeÉ diferente do que fez, por exemplo, Erico Rassi em "Comeback: um matador nunca se aposenta". Protagonizado por Nelson Xavier, a obra traz uma reflexão sobre essa estranha profissão tão comum no interior do país. Um homem que tem orgulho de matar, que sofre por estar velho e não ser mais o mesmo e as questões morais em torno disso. O ritmo, a estrutura, tudo pulsa em tela ao mesmo tempo em que nos faz refletir.

O Nome da Morte tem alguns momentos de tensão, como a primeira morte, tem também alguns vislumbres de emoção, principalmente porque o elenco entrega uma verdade impressionante. Marco Pigossi tenta nos passar esse homem que faz um serviço que considera errado só porque foi o que a vida lhe apresentou. Mas falta uma maturidade na abordagem do roteiro e mesmo da direção que não deixa o tempo da cena, falta respiro na montagem. A cena da academia mesmo merecia um embate mais aprofundado, mas tudo parece ter pressa.

A decupagem dos planos, no entanto, é bastante feliz. A fotografia sabe aproveitar as belezas naturais e contrastar a dureza de alguns espaços cênicos, como uma estrada de terra batida ou um bar humilde em um canto qualquer. Todo o aspecto estético é bem cuidado, construindo uma boa apreciação durante toda a projeção.

O Nome da Morte pode não ter a profundidade que o tema pedia, mas traz boas escolhas, fugindo dos clichês já vistos. Poderia ser muito mais, mas não deixa de ser uma experiência que se destaca no cenário nacional.


O Nome da Morte (O Nome da Morte, 2018 / Brasil)
Direção: Henrique Goldman
Roteiro: George Moura, Henrique Goldman, Vitor Leite
Com: Marco Pigossi, Fabiula Nascimento, André Mattos, Matheus Nachtergaele, Tony Tornado, Augusto Madeira.
Duração: 100 min.

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