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Nasce Uma Estrela

Nasce Uma Estrela - filme

Hollywood adora recontar histórias. Mas nenhum caso parece tão pertinente quanto essa história criada por William A. Wellman e Robert Carson em 1937. A quarta versão de Nasce Uma Estrela funciona perfeitamente, construindo uma versão atual dos bastidores da música, dos estilos, do popstar, do show business. E, falando também de relações, sonhos e frustrações. Encontros e desencontros.

Para os desavisados, essa não é uma cinebiografia de Lady Gaga. A estrela pop que já atuou em diversos curtas e fez participações em longas e séries, protagoniza uma história que já foi vivida por Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisand. Ally é uma garçonete com um talento incrível para a música que um dia conhece um astro folk. O cantor e compositor se encanta por ela, sua voz e sua música, ajudando-a a alcançar fama. A questão é que ele é alcoolista e, enquanto ela sobe, ele desce na carreira, criando outros problemas para o casal.

Nasce Uma Estrela - filmeUm drama romântico, denso e bem realizado. Bradley Cooper consegue adaptar muito bem a história para os tempos atuais, construindo identificação com o público e tendo em Lady Gaga seu maior trunfo. Autora das canções do filme, com destaque para The Shallow e I'll Never Love Again, a cantora confirma seu talento como atriz também, apresentando uma boa densidade dramática necessária para o papel. Seja no deslumbramento inicial ou na dor dos momentos difíceis, com destaque para a cena final.

Bradley Cooper é extremamente feliz na maneira como começa e termina sua obra. Apesar de aparentemente clichê na abertura, é extremamente eficaz, empolgando e nos convidando para aquela história. Já o encerramento, é corajoso, impactante e nos deixa em suspensão na cadeira, pensando no desenrolar da trama. Por mais que pareça com as demais versões há aqui um impacto maior pela canção e take final. A forma como dosa as cenas de dramaturgia com performances no palco, a construção fluida da curva dramática, tudo nos faz comprar aquele romance, aqueles talentos e aquelas escolhas, ainda que tenha alguns percalços.

Nasce Uma Estrela - filmeTalvez o maior problema da ascensão de Ally seja que, aos poucos, ela vai se tornando um rascunho da Lady Gaga que conhecemos. Seja nas tinturas de cabelo, nas coreografias com dançarinas, pela postura que o empresário vai tendo e impondo à moça. Longe da essência que Jackson alertou a ela no começo. Mais do que talento, é preciso ter o que dizer e ser verdadeiro. Maquiar a bela jovem de voz potente e letras fortes não parece mesmo o melhor caminho.

É curioso ainda que a subida de um e a decadência do outro, apesar de ligadas, traz questões próprias de cada um que não seria justo colocar a conta no outro. Talvez Ally nunca conseguisse atingir o estrelato se Jackson Maine não a colocasse no palco no susto, cantando sua própria música, é verdade. Por mais talento que tivesse, poderia ser como seu pai sempre lamentando não ser um Frank Sinatra. Mas ela tinha talento e aprendeu a construir sua carreira a partir das oportunidades. Já Jackson tinha problemas com álcool, drogas e pessoais muito antes de conhecer Ally, não foi sua fama que o destruiu.

De qualquer maneira, Nasce Uma Estrela é um belo filme. Com grande força nas performances musicais, mas com uma história igualmente potente que nos deixa a sensação de que merecia sim ser contada mais uma vez, em uma realidade diferente, com outros fatores em jogo. Faz cantar, faz rir, faz sonhar, sofrer e chorar com a mesma intensidade.


Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 2018 / EUA)
Direção: Bradley Cooper
Roteiro: Eric Roth, Bradley Cooper, Will Fetters
Com: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott
Duração: 136 min.

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