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Bird Box

Bird Box - filme

Baseado no livro Caixa de Pássaros de Josh Malerman, Bird Box (já que a Netflix não traduziu em seu catálogo) é uma fórmula de sucesso. Um filme de terror, com uma boa dosagem do suspense em seu roteiro, um elenco estelar e um ótimo trabalho de divulgação com o planejamento de algoritmo da plataforma. Não por acaso está fazendo tanto sucesso.

Sua estrutura é uma compilação de muitas coisas já vistas por aí, mas não se pode dizer que seja um filme ruim. Há uma tensão crescente e uma condução que desperta a curiosidade sobre o que esteja acontecendo. O carisma e talento de Sandra Bullock ajudam na condução, principalmente na parte em que ela está só com as crianças, mas a atmosfera é bem construída.

Bird Box - filmeA escolha do roteiro em narrar a história em dois tempos deixa mais dinâmica a progressão, porém, também diminui um pouco a expectativa sobre os demais membros da casa. A estrutura nos faz colar ainda mais na protagonista, o que é bom para a empatia e para que torçamos por ela, porém também não nos faz sentir pelo destino dos demais, gerando apenas curiosidade em relação aos acontecimentos.

O contraste da atmosfera dos dois momentos também é instigante. Concentrados em uma casa, com todas as janelas cobertas e pouca luz, que deveria criar uma sensação de claustrofobia, acaba dando uma sensação de segurança daquele espaço. Enquanto que no outro momento, o cenário do rio, aberto, com luz e espaço acaba sendo mais amedrontador, já que o problema é ver o monstro e ali há pouca proteção como a venda nos olhos ou a coberta no barco.

Bird Box - filmeA ideia de um monstro que não pode ser visto senão enlouquece a pessoa que tenta se matar é, no mínimo, curiosa. A escolha de não mostrar o que a pessoa vê é acertada porque abre a imaginação para que seja qualquer coisa, deixando ainda mais subjetiva toda a situação e ajudando a refletir e construir metáforas com nossas próprias vidas.

Afinal o que não queremos ver? O que vamos colocando “embaixo do tapete” de nossas vidas, nos acomodando e seguindo quase no automático porque achamos que não temos escolhas? Encarar nossas sombras, nossos medos, nossos erros é sempre algo doloroso, talvez por isso, apenas algumas pessoas ao verem querem que todos vejam também e falam coisas como “isso vai purificar o mundo”.

O filme não entra nesse aprofundamento psicológico, constituindo apenas uma correria também automática de ver ou não ver, escondendo-se o máximo possível, o que não deixa de ser uma ironia. E na tensão e adrenalina constante vamos sendo levados também, sem muita reflexão.

De qualquer maneira, o fato de não se explicar o monstro, nem mesmo mostrá-lo, acabou ajudando no sucesso do filme, forçando as pessoas a discutirem sobre ele, criando teorias e assim, aprofundando a experiência. O que, no mínimo, já é mais do que muitos filmes blockbusters que vemos atualmente. Discussões sobre cinema e streaming à parte, não deixa de ser instigante ver essa nova safra.



Caixa de Pássaros (Bird Box, 2018 / EUA)
Direção: Susanne Bier
Roteiro: Eric Heisserer
Com: Sandra Bullock, Trevante Rhodes, John Malkovich, Sarah Paulson, Jacki Weaver
Duração: 124 min.

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