O filme de abertura do 9º olhar de Cinema de Curitiba não poderia ser mais propício. Tal qual o Festival, que traz olhares diversos para a cena cinematográfica, a obra dos diretores Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral busca diversificar o olhar da lente, dando voz à diversidade de gênero e etnia.
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Para onde voam as feiticeiras
Para onde voam as feiticeiras
O filme de abertura do 9º olhar de Cinema de Curitiba não poderia ser mais propício. Tal qual o Festival, que traz olhares diversos para a cena cinematográfica, a obra dos diretores Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral busca diversificar o olhar da lente, dando voz à diversidade de gênero e etnia.
Em um exercício estético e performático, um grupo de seis pessoas transita pela cidade de São Paulo refletindo sobre preconceitos, definições de olhares e buscando suas próprias vozes em nome da liberdade de ser quem quer que seja.
Não há uma regra nem dispositivo específico, ainda que os debates aconteçam intercalados com performances para a câmera, contando ainda com uma espécie de microfone aberto para que outras pessoas possam se manifestar. Isso não impede que, em determinados momentos, outras dinâmicas surjam, como assistir a uma pregação no meio da rua.
A linguagem também livre permite que câmeras e microfones apareçam.
A metalinguagem traz o filme para dentro dele mesmo, as discussões do grupo sobre as estratégias de ação e as escolhas de algumas etapas são expostas. Expõe-se também as agressões que sofrem de transeuntes preconceituosos, o que também puxa novos debates.
A estrutura livre traz também momentos memoráveis como quando explicam a um homem que ele é bissexual já que gosta de meninos e meninas. Ou quando o homem trans do grupo desabafa sobre sua genitália e o fato dela não definir o seu gênero.
A complexidade da identidade de gênero e as possibilidades de se expressar em sua sexualidade abrem leques não apenas para discussões e performances musicais. São também uma oportunidade para refletir sobre a complexidade dos seres humanos e que rótulos são apenas formas de encaixe que também geram preconceito.
Para onde voam as feiticeiras é mais do que um documentário. É um manifesto repleto de nuances e possibilidades técnicas, estéticas e temáticas. Voam soltas não se sabe exatamente para onde, mas também não fazem questão de delimitar. A abertura à possibilidades é o que faz dessa obra algo especial.
Filme Visto no 9º Olhar de Cinema de Curitiba.
Para onde voam as feiticeiras (2020, Brasil)
Direção: Eliane Caffé, Carla Caffé, Beto Amaral
Com: Ave Terrena Alves, Fernanda Ferreira Ailish, Gabriel Lodi, Mariano Mattos Martins, Preta Ferreira, Thata Lopes, Wan Gomez
Duração: 89 min.

Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Para onde voam as feiticeiras
2020-10-12T14:29:00-03:00
Amanda Aouad
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