Home
Christian Berger
cinema europeu
critica
drama
Hitler
Michael Haneke
nazismo
Oscar 2010
A Fita Branca
A Fita Branca
"O medo é a trilha para o lado negro. O medo leva à raiva. E a raiva leva ao ódio. O ódio leva ao sofrimento." Quando mestre Yoda disse isso para Anakin Skywalker ele estava prevendo o futuro de um dos maiores vilões da ficção científica. Alguns dizem que a Saga de George Lucas é uma analogia ao nazismo. Fantasia ou realidade, o âmago do que aconteceu ao povo alemão para que aceitasse um líder como Hitler e disseminasse a idéia de raça pura e anti-semitismo com tanta força ainda é um mistério. Experiências até tentaram compreender, como o retratado no filme A Onda. Agora, saber mesmo é mais complicado.
E é assim que a gente fica após assistir A Fita Branca. Há muitas perguntas e poucas respostas. O narrador já havia dito no início que não tinha certeza de que tudo que irá narrar é verdade. Aliás, há tempos não via um filme onde a voz over fosse tão bem utilizada e necessária ao roteiro. É através dela que fazemos as associações que Michael Haneke quer passar: a origem do nazismo, ou como o narrador diz "quem sabe, eles poderiam esclarecer algumas coisas que ocorreram neste país." A verdade é que faz parte da filmografia do diretor expor a crueldade humana até o seu limite. E o mais tenso é demonstrar essa crueldade em crianças.
Ao escolher filmar em preto e branco, Michael Haneke e Christian Berger conseguiram acentuar ainda mais o tom obscuro da trama. Os contrastes são grandes, negro é denso, branco é brilhante. As cenas ficam mais intensas e fortes, apesar de sentir falta de cores quando o pastor pergunta por exemplo ao filho porque ele ficou ruborizado ao falar de determinado assunto. Em contra-partida, o objeto do título "a fita branca" fica bem visível no contraste. O significado dela é metafórico. O pastor da vila amarrava uma fita branca nos filhos para deixá-los longe dos pecados, um símbolo de pureza. Era uma espécie de rito de passagem tirar a fita, significava que a criança tinha amadurecido e já sabia discernir as coisas.
As interpretações são assustadoramente fortes, principalmente do suspeito grupo de crianças. Na dor, no disfarce, no medo, na dissimulação, na confissão. Cada personagem é tensamente construído como todo o resto, na sutilidade e nos detalhes. Um olhar, um pequeno gesto, uma frase não terminada. A Fita Branca é daqueles filmes que nos tiram do conforto e nos obrigam a refletir.
E é assim que a gente fica após assistir A Fita Branca. Há muitas perguntas e poucas respostas. O narrador já havia dito no início que não tinha certeza de que tudo que irá narrar é verdade. Aliás, há tempos não via um filme onde a voz over fosse tão bem utilizada e necessária ao roteiro. É através dela que fazemos as associações que Michael Haneke quer passar: a origem do nazismo, ou como o narrador diz "quem sabe, eles poderiam esclarecer algumas coisas que ocorreram neste país." A verdade é que faz parte da filmografia do diretor expor a crueldade humana até o seu limite. E o mais tenso é demonstrar essa crueldade em crianças.
Ao escolher filmar em preto e branco, Michael Haneke e Christian Berger conseguiram acentuar ainda mais o tom obscuro da trama. Os contrastes são grandes, negro é denso, branco é brilhante. As cenas ficam mais intensas e fortes, apesar de sentir falta de cores quando o pastor pergunta por exemplo ao filho porque ele ficou ruborizado ao falar de determinado assunto. Em contra-partida, o objeto do título "a fita branca" fica bem visível no contraste. O significado dela é metafórico. O pastor da vila amarrava uma fita branca nos filhos para deixá-los longe dos pecados, um símbolo de pureza. Era uma espécie de rito de passagem tirar a fita, significava que a criança tinha amadurecido e já sabia discernir as coisas.
As interpretações são assustadoramente fortes, principalmente do suspeito grupo de crianças. Na dor, no disfarce, no medo, na dissimulação, na confissão. Cada personagem é tensamente construído como todo o resto, na sutilidade e nos detalhes. Um olhar, um pequeno gesto, uma frase não terminada. A Fita Branca é daqueles filmes que nos tiram do conforto e nos obrigam a refletir.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Fita Branca
2010-03-17T08:19:00-03:00
Amanda Aouad
Christian Berger|cinema europeu|critica|drama|Hitler|Michael Haneke|nazismo|Oscar 2010|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
mais populares do blog
-
Pier Paolo Pasolini , um mestre da provocação e da subversão, apresenta em Teorema (1968) uma obra que desafia não apenas a moralidade burg...
-
Em um cenário gótico banhado em melancolia, O Corvo (1994) emerge como uma obra singular no universo cinematográfico. Dirigido por Alex Pro...
-
Einstein e a Bomba é um documentário que vem causando alvoroço desde seu lançamento pela Netflix em parceria com a BBC . Nesta obra, diri...
-
Matador de Aluguel (1989), dirigido por Rowdy Herrington , é um filme de ação dos anos 80 . Uma explosão de adrenalina, pancadaria e tensão...
-
Quando a produção de As Marvels foi anunciada, tive alguns receios. Não por desconfiar da capacidade das protagonistas femininas, mas sim p...