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O Livro de Eli

O Livro de EliSexta-feira da paixão, filmes religiosos sempre surgem na televisão, cada ano menos, é verdade, mas um ou outro ainda está lá. No Brasil, esse ano ainda temos uma coincidência interessante, já que hoje é também dia do nascimento de Chico Xavier, médium espírita que completaria cem anos se estivesse vivo, e tem sua cinebiografia lançada em diversos cinemas. Resolvi, então, falar de um filme que ainda não havia escrito e está fazendo um razoável sucesso nos cinemas: O Livro de Eli.

A grande diferença desse filme pós-apocalíptico é que em vez de brigar por água, terra, ar, ou qualquer outra coisa material, a grande luta é pelo que parece ser o último exemplar da Bíblia no mundo. O poder da fé e da palavra de Deus parecem claros. Aliás, o filme força a barra, sugerindo que, por ter o tal livro, Eli tem o corpo fechado, é quase imortal. Gary Oldman, o vilão Carnegie, chega a dizer para seus capangas que "ele é apenas um homem". Que novidade, hein? Essa necessidade é porque como todo filme pós-apocalíptico há um quê de "o escolhido". Novo messias? Só que o mocinho vivido por Denzel Washington, não parece tão interessado em salvar a humanidade, vide que passa por bandidos matando um casal no meio da estrada e só repete "você não tem nada com isso, siga seu caminho".

O Livro de EliO fato é que, apesar da Bíblia, da atmosfera Mad Max e das cenas de luta, o roteiro do filme é muito fraco. Se perde no meio da construção confusa que nos leva do nada a lugar nenhum e no final parece tornar tudo aquilo que foi dito em vão. Não explico melhor isso para não virar um tremendo spoiler. O livro de Eli se sustenta por pequenas referências interessantes e pelas cenas de luta com efeitos especiais incríveis. Nunca vi tanta cabeça voando. A primeira cena em que Eli pega em uma espada surpreende pela agilidade e rapidez.

Enquanto Denzel Washington constrói um Eli meio jedi, um monge que passa o dia estudando a Bíblia e meditando, mas que ao pegar sua "espada" vira o maior dos guerreiros, Gary Oldman consegue ser uma imitação barata dele mesmo. Em O Quinto Elemento ele era Jean-Baptiste Emanuel Zorg, o vilão que buscava desesperadamente pelo quinto elemento. Em Livro de Eli ele faz Carnegie, que também tem sua busca implacável pela Bíblia, só que em uma caricatura piorada. Destaque também para Jennifer Beals, a eterna protagonista de Flashdance, como a escrava cega.

Denzel WashingtonMila KunisGary Oldman

Se tem algo de bom no filme, é mesmo as cenas de luta, efeitos especiais e os movimentos de câmera instigantes como quando ela entra na casa do velho casal solitário no meio da luta. Ou, em muitas das fusões desconcertantes durante as batalhas. A direção de arte é bem construída, e muitas vezes nos faz imaginar esse mundo destruído, pelo pouco que é explicado por uma enorme guerra que destruiu a camada de ozônio (um buraco no céu) e queimou quase tudo.

O que ele nos vende é que o livro é uma arma, capaz de controlar os desesperados e aflitos. O que não deixa de ser verdade. O que as igrejas fazem senão controlar as mentes humanas através da fé? Carnegie diz, "já funcionou uma vez, vai funcionar de novo". Esse argumento que pode gerar horas de filosofia é interessante, a forma como ele foi construído é que fica forçada. O filme apela demais em todos os momentos. A própria epifania do protagonista é forçada. Levando a um final que nos dá a sensação de vazio. Afinal, não aprendemos nada? Eu espero que não seja assim. E que aproveitando a Semana Santa, possamos refletir um pouco sobre nossas atitudes.

Boa Páscoa para todos.

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