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Mad Max: Estrada da Fúria
Mad Max: Estrada da Fúria
Desde que foi anunciado um novo filme de Mad Max, os fãs ficaram nervosos. Afinal, não é de hoje que remake de ícones do cinema estragam nossas lembranças. As duas boas notícias aqui é que o diretor continua o mesmo e a história não. Criando uma experiência que amplia o universo conhecido em vez de tentar, inutilmente, reeditá-lo.
Max Rockatansky tem um novo rosto, antes imortalizado por Mel Gibson, agora, interpretado por Tom Hardy. Mas, o espírito do personagem continua o mesmo. Um andarilho solitário, monossilábico e bastante ágil, que vaga em um mundo pós-apocalíptico e acaba se envolvendo na confusão da vez. O seu caminho se cruza com o da imperatriz Furiosa, vivida por Charlize Theron, que está fugindo com as mulheres usadas como reprodutoras pelo ditador Immortan Joe que domina os subsídios da Cidadela controlando água, balas e combustível. Mas, a histórica não parece o principal nessa experiência fílmica.
Claro que há o clima desse mundo pós-apocalíptico, a coisificação das pessoas, o fanatismo construído que nos lembra muito o islã, as fortes cenas de mulheres como “vacas leiteiras”, homens como “bolsa de sangue”, ou uma multidão faminta disputando alguns segundos de queda d'água enquanto Immortan Joe grita para que eles não fiquem viciados em água.
Mas, George Miller não dedica tempo para explicar nada disso, nem há pausa reflexivas, ou discursos demagógicos ou honestos sobre liberdade, justiça ou qualquer outra questão. Ainda que mulheres gritem que não são coisas e seus filhos são serão guerreiros. Tudo isso é passado com imagens ágeis em uma narrativa onde a ação dita o ritmo.
É impressionante como tudo é bem orquestrado e embasado. Miller já conhece o universo proposto, nada está ali por acaso. E isso é que faz com que correrias mais frenéticas que a série Velozes e Furiosos, assim como explosões em sequências mais constantes que na série Transformers, tenham conteúdo. Nos sentimos presos àquela ação continua, que em nenhum momento se torna cansativa. Pois é imprevisível e extremamente criativa.
A trilha sonora também faz o seu papel, tendo inclusive um elemento interdiegético extremamente divertido, ainda que surreal. Mas, situações e elementos surreais não parecem mesmo ser o problema aqui. Acompanhando a caravana de Immortan Joe, está um carro que tem como função tocar a marcha de perseguição com enormes tambores e um guitarrista à frente. Miller brinca com isso, construindo sons intradiegéticos como quando o guitarrista tem que parar por algum momento e a guitarra da trilha para, ou quando ele dá uma nota dissonante no momento em que o instrumento quase escapa.
Diante de muitas corridas de carros, perseguições em meio a tempestades de areia e lutas, destacam-se ainda algumas cenas impactantes como a já citada da água disputada pela população sedenta. Ou a cena da epifania do devoto soldado. A estrutura é sempre essa, uma imagem simples e forte que diz muito.
No final, Mad Max: Estrada da Fúria é isso. Muitos filmes dentro de um só, narrado em um ritmo alucinante onde as imagens falam realmente mais do que mil palavras. E onde ficamos com a questão em tela “Aonde devemos ir, nós que peregrinamos buscando o melhor de nós?”
Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015 / EUA)
Direção: George Miller
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy, Nick Lathouris
Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult
Duração: 120 min.
Max Rockatansky tem um novo rosto, antes imortalizado por Mel Gibson, agora, interpretado por Tom Hardy. Mas, o espírito do personagem continua o mesmo. Um andarilho solitário, monossilábico e bastante ágil, que vaga em um mundo pós-apocalíptico e acaba se envolvendo na confusão da vez. O seu caminho se cruza com o da imperatriz Furiosa, vivida por Charlize Theron, que está fugindo com as mulheres usadas como reprodutoras pelo ditador Immortan Joe que domina os subsídios da Cidadela controlando água, balas e combustível. Mas, a histórica não parece o principal nessa experiência fílmica.
Claro que há o clima desse mundo pós-apocalíptico, a coisificação das pessoas, o fanatismo construído que nos lembra muito o islã, as fortes cenas de mulheres como “vacas leiteiras”, homens como “bolsa de sangue”, ou uma multidão faminta disputando alguns segundos de queda d'água enquanto Immortan Joe grita para que eles não fiquem viciados em água.
Mas, George Miller não dedica tempo para explicar nada disso, nem há pausa reflexivas, ou discursos demagógicos ou honestos sobre liberdade, justiça ou qualquer outra questão. Ainda que mulheres gritem que não são coisas e seus filhos são serão guerreiros. Tudo isso é passado com imagens ágeis em uma narrativa onde a ação dita o ritmo.
É impressionante como tudo é bem orquestrado e embasado. Miller já conhece o universo proposto, nada está ali por acaso. E isso é que faz com que correrias mais frenéticas que a série Velozes e Furiosos, assim como explosões em sequências mais constantes que na série Transformers, tenham conteúdo. Nos sentimos presos àquela ação continua, que em nenhum momento se torna cansativa. Pois é imprevisível e extremamente criativa.
A trilha sonora também faz o seu papel, tendo inclusive um elemento interdiegético extremamente divertido, ainda que surreal. Mas, situações e elementos surreais não parecem mesmo ser o problema aqui. Acompanhando a caravana de Immortan Joe, está um carro que tem como função tocar a marcha de perseguição com enormes tambores e um guitarrista à frente. Miller brinca com isso, construindo sons intradiegéticos como quando o guitarrista tem que parar por algum momento e a guitarra da trilha para, ou quando ele dá uma nota dissonante no momento em que o instrumento quase escapa.
Diante de muitas corridas de carros, perseguições em meio a tempestades de areia e lutas, destacam-se ainda algumas cenas impactantes como a já citada da água disputada pela população sedenta. Ou a cena da epifania do devoto soldado. A estrutura é sempre essa, uma imagem simples e forte que diz muito.
No final, Mad Max: Estrada da Fúria é isso. Muitos filmes dentro de um só, narrado em um ritmo alucinante onde as imagens falam realmente mais do que mil palavras. E onde ficamos com a questão em tela “Aonde devemos ir, nós que peregrinamos buscando o melhor de nós?”
Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015 / EUA)
Direção: George Miller
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy, Nick Lathouris
Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult
Duração: 120 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Mad Max: Estrada da Fúria
2015-05-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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