Uma fábula sobre o tempo
David Fincher é um diretor atípico em Hollywood, grande sucesso com publicidade e vídeo clipes, tem uma modesta galeria de oito filmes dirigidos, porém dois deles (ambos com Brad Pitt) são o suficiente para colocá-lo na lista de grandes diretores americanos: Clube da Luta e Seven. Talvez, por isso, em seu mais novo projeto, totalmente diferente dos anteriores, ele tenha se agarrado ao seu amuleto da sorte para dirigir um drama humano tão delicado e poético como O Curioso Caso de Benjamim Button. Com roteiro de Eric Roth (o mesmo de Forrest Gump), vamos acompanhando a história de um menino que nasceu em circunstâncias incomuns.
Em uma fábula temporal, Benjamim vai percorrendo o ciclo da vida de trás para frente: nasce velho e morre jovem. Porém, essa inversão se dá apenas no âmbito físico, pois sua vivência interna, aprendizados, intelecto seguem o curso normal. Com isso, gera-se uma grande comparação do quão morremos e nascemos parecidos, uma constatação bem definida na frase da personagem de Cate Blanchett "No fim, todos voltamos às fraldas". E é nisso que se baseia a beleza e poesia do filme, na constatação das mudanças que o tempo provoca, nas pessoas que vão e vem, na certeza de que nada dura para sempre e que a morte alcança a todos. A capacidade de interpretação de Brad Pitt é mais uma vez comprovada ao encontrar o tom perfeito fazendo com que possamos ver através de um corpo de sessenta anos a mentalidade de um garoto de doze, ou em um corpo de vinte a mentalidade de um homem maduro de cinquenta e poucos.
A maquiagem e efeitos especiais são um caso a parte nesse filme. A transformação de Benjamim é algo assustador. Ver aquele bebê recém-nascido com um aspecto de um velho com mais de oitenta anos é um baque. Mas, a partir do momento em que Pitt assume o corpo do pequeno velho Benjamim a transformação é ainda mais impressionante. Diminuído por computador, o garoto Pitt velho convence por sua naturalidade, fazendo-nos suspender a noção de real e acreditar que aquilo realmente é possível. Tão impressionante quanto tornar o ator velho foi torná-lo jovem. Na última parte do filme, Pitt está com a mesma aparência de seu primeiro sucesso nas telas: Telma e Louise.
A direção e a fotografia acompanham o ritmo e a poesia da história. Fincher busca a atmosfera perfeita para cada passagem, assim como movimentos leves de câmera que nos fazem chegar e visualizar o mundo de Benjamim de uma maneira única. A estrutura do roteiro ajuda nas cenas picotadas e nos saltos no tempo, já que estamos acompanhando a leitura do diário de Benjamim Button pela filha de sua grande paixão que está no hospital a beira da morte. Isso me deu um certo Déjà vu em relação a Edward Mãos de Tesoura, apesar de a maioria das críticas apontarem para uma semelhança a Forrest Gump, que em minha visão só tem em comum o roteirista e o fato de Benjamim sair pelo mundo fazendo coisas diferentes (bem menos que Forest). De qualquer maneira, é um belo filme, recomendável para todos que gostam de boas histórias.
Em uma fábula temporal, Benjamim vai percorrendo o ciclo da vida de trás para frente: nasce velho e morre jovem. Porém, essa inversão se dá apenas no âmbito físico, pois sua vivência interna, aprendizados, intelecto seguem o curso normal. Com isso, gera-se uma grande comparação do quão morremos e nascemos parecidos, uma constatação bem definida na frase da personagem de Cate Blanchett "No fim, todos voltamos às fraldas". E é nisso que se baseia a beleza e poesia do filme, na constatação das mudanças que o tempo provoca, nas pessoas que vão e vem, na certeza de que nada dura para sempre e que a morte alcança a todos. A capacidade de interpretação de Brad Pitt é mais uma vez comprovada ao encontrar o tom perfeito fazendo com que possamos ver através de um corpo de sessenta anos a mentalidade de um garoto de doze, ou em um corpo de vinte a mentalidade de um homem maduro de cinquenta e poucos.
A maquiagem e efeitos especiais são um caso a parte nesse filme. A transformação de Benjamim é algo assustador. Ver aquele bebê recém-nascido com um aspecto de um velho com mais de oitenta anos é um baque. Mas, a partir do momento em que Pitt assume o corpo do pequeno velho Benjamim a transformação é ainda mais impressionante. Diminuído por computador, o garoto Pitt velho convence por sua naturalidade, fazendo-nos suspender a noção de real e acreditar que aquilo realmente é possível. Tão impressionante quanto tornar o ator velho foi torná-lo jovem. Na última parte do filme, Pitt está com a mesma aparência de seu primeiro sucesso nas telas: Telma e Louise.
A direção e a fotografia acompanham o ritmo e a poesia da história. Fincher busca a atmosfera perfeita para cada passagem, assim como movimentos leves de câmera que nos fazem chegar e visualizar o mundo de Benjamim de uma maneira única. A estrutura do roteiro ajuda nas cenas picotadas e nos saltos no tempo, já que estamos acompanhando a leitura do diário de Benjamim Button pela filha de sua grande paixão que está no hospital a beira da morte. Isso me deu um certo Déjà vu em relação a Edward Mãos de Tesoura, apesar de a maioria das críticas apontarem para uma semelhança a Forrest Gump, que em minha visão só tem em comum o roteirista e o fato de Benjamim sair pelo mundo fazendo coisas diferentes (bem menos que Forest). De qualquer maneira, é um belo filme, recomendável para todos que gostam de boas histórias.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Uma fábula sobre o tempo
2009-01-21T15:09:00-03:00
Amanda Aouad
Brad Pitt|Cate Blanchett|critica|David Fincher|drama|
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